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MST E Trabalho No Campo

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Por:   •  14/9/2013  •  9.617 Palavras (39 Páginas)  •  630 Visualizações

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INTRODUÇÃO

“Nós, trabalhadores sem terra, queremos fazer um convite a todos para que entrem na luta pela conquista e defesa da terra e dos direitos que nos são negados... Nós trabalhadores somos vítimas de um sistema que está voltado para o interesse das grandes empresas e dos latifundiários.” (Carta de Goiânia, setembro de 1982)

Nesse trabalho veremos a luta dos trabalhadores rurais sem-terra, organizados no MST, para conquistar a terra, assentar-se definitivamente nela, e produzir. O objetivo principal é analisar o trabalho dos camponeses do MST, acampados e assentados, no Brasil atual, comprando com o trabalho dos camponeses tradicionais em sistema de produção familiar para subsistência e dos que trabalham nos agronegócios e latifúndios, sendo, portanto, empregados nas fazendas.

No capítulo I veremos a História do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), como surgiram e porquê, a partir do sul do Brasil e espalhando-se pelo país todo.

No capítulo II veremos a produção agrícola dos acampamentos e assentamentos do MST em oposição ao trabalho tradicional familiar e ao trabalho nos agronegócios, comparando essas formas de trabalho e alguns dados de produção, para tentar entender suas diferenças e quais produzem mais e/ou melhor, do ponto de vista econômico, social e ambiental.

No terceiro capítulo veremos como se dá o trabalho, efetivamente, nos acampamentos e assentamentos do MST, analisando o trabalho cooperativo bem como o trabalho das mulheres no movimento, procurando perceber se houve avanços ou não em relação ao trabalho camponês fora do movimento.

E no capítulo IV veremos o conflito entre capital X trabalho no contexto atual brasileiro, buscando explicações para isso, bem como tentando fazer um apanhado geral dos capítulos anteriores, amarrando-os entre si.

Na conclusão, por fim, veremos o que o grupo aprendeu realizando essa pesquisa, as leituras e o trabalho em si.

HISTÓRIA DO MST E A LUTA PELA TERRA

A história do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) tem início no Rio Grande do Sul, em 1978, quando os índios caigangues, com o apoio do CIMI (Conselho Indigenista Missionário) expulsou 1200 famílias que ocupavam terras na região (com apoio da FUNAI) desde os anos 60, quando o então governador Leonel Brizola desapropriou as terras da Fazenda Sarandi e deixou que centenas de famílias ocupassem as terras, ali morando e produzindo. Mas com o golpe militar de 64, as famílias que não tinham recebido terras foram deslocadas para o Mato Grosso, enquanto por volta de 500 famílias se recusou a deixar o estado do RS, tornando-se o que chamamos de sem-terra. Essas famílias ficaram acampadas no norte do estado, na região dos municípios de Nonoai, Planalto e Três Palmeiras, passando algumas a invadir uma região de reservas florestais. Esse tipo de atitude fez com que as famílias começassem a se organizar, reunir e discutir qual a saída para eles, juntando-se aos acampados da CPT (Comissão Pastoral da Terra, organizados pela Igreja Católica) e aos militantes da Reforma Agrária, buscando soluções coletivas e assim criando o MST no início dos anos 80.

Desde esse começo a luta do MST foi pela terra e pelo acesso à educação, uma educação de qualidade para a população abrigada sob a bandeira do movimento, esteja ela acampada ou assentada (assentadas são as pessoas que já conseguiram oficialmente a terra e passam a morar definitivamente nos assentamentos, enquanto os acampados ainda estão na luta para conseguir terra e construir um assentamento).

A história da luta do MST se divide em quatro momentos específicos, a saber:

1. Período de 1979 a 1984-85, marcado pela retomada da luta pela reforma agrária no Brasil, na gestação do movimento dos sem-terra; esse início se deu no Rio Grande do Sul, com a criação tanto do movimento quanto do Setor de Educação, no acampamento da Fazenda Annoni, quando algumas das famílias que não conseguiram ser assentadas ocuparam essa fazenda, foram despejadas pela Polícia Federal e seus líderes presos, e a partir daí decidiram acampar na Encruzilhada Natalino (um entroncamento de estradas entre Sarandi, Ronda Alta e Passo Fundo). Pela metade do ano de 1981 já eram 600 famílias, com cerca de 3 mil pessoas acampadas ali em barracos que se estendiam por quase 2 quilômetros à beira da estrada. Nesse acampamento e dessa luta nasceu o Boletim Sem Terra, primeiro órgão de comunicação do movimento e uma secretaria administrativa em Porto Alegre, para buscar solidariedade e apoio ao movimento pela reforma agrária.

A Brigada Militar cercava o local, representantes do governo e até o bispo de Passo Fundo foram enviados para tentar fazer as famílias desistirem de ficar acampadas e se retirarem daí, mas elas não aceitaram. Eles queriam terra para viver e produzir, sendo apoiadas pelos setores não conservadores das igrejas católicas e luterana, por sindicatos de trabalhadores de diversas categorias, por comunidades de diversas paróquias, prefeitos, agricultores e estudantes.

Em junho de 1981 o bispo D. Pedro Casaldáliga, do Mato Grosso, foi ao RS levar sua solidariedade aos acampados e rezou uma missa com mais de 6 mil pessoas; depois disso houve uma grande comemoração do Dia dos Trabalhadores Rurais, com mais de 10 mil pessoas, entre militantes e apoiadores do movimento sem terra. Ainda era época da ditadura militar, e isso trouxe grande repercussão e visibilidade tanto nacional quanto internacional ao movimento.

O governo Federal, sob o comando do General João Baptista Figueiredo, mandou o exército, a polícia federal e a polícia rodoviária estadual, comandados pelo Major Curió, cercar o acampamento em Encruzilhada. O objetivo dessa intervenção federal era desorganizar o movimento e desmanchar o acampamento, mas como os acampados não cederam, o acampamento virou um grande campo de concentração, sem que ninguém pudesse entrar nele. As entidades que apoiavam o movimento organizaram uma grande manifestação, levando centenas de pessoas até a Encruzilhada, e 137 padres do RS e Santa Catarina, além de advogados, deputados estaduais e federais foram até lá. Os interventores não conseguiram vencer os acampados, deixando o local em agosto, mas antes devastaram grande parte do acampamento. A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a Igreja Luterana arrecadaram nas paróquias fundos suficientes para comprar uma área de terra em Ronda Alta onde 210 famílias ficaram acampadas, resistindo. Depois de três anos de resistência o governo se deu por vencido e desapropriou diversas áreas para

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