Trabalho De Demissão

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

Bibiane Tarasconi

Bruna Tesche

Juliana Kleinert

Luísa Goldani

Maura Ferreira

Tito Ianda

DEMISSÃO

Gestão de Pessoas e os Processos de Downsizing

Porto Alegre

2011

1. INTRODUÇÃO

Sigmund Freud há muito já destacava a importância do trabalho para o homem e para a sociedade, ele dizia: “Não posso imaginar que uma vida sem trabalho seja capaz de trazer qualquer espécie de conforto. A imaginação criadora e o trabalho para mim andam de mãos dadas; não retiro prazer de nenhuma outra coisa”.

O trabalho, além de ser ferramenta de sustento financeiro, faz parte do indivíduo e o completa como ser humano e pensante. É no ambiente de trabalho que o homem se desenvolve intelectualmente, seja criando ou solucionando problemas. Além disso, participar de uma equipe de trabalho atende a uma das necessidades mais genuínas do homem: o fato de pertencer a um grupo e sentir-se necessário para o sucesso do mesmo. A vida social do indivíduo é composta em grande parte pelas relações de trabalho.

Tendo em vista a importância do trabalho na vida do homem, pode-se imaginar o que significa priva-lo desta atividade. A demissão é velha conhecida de empresas e grandes corporações, e o mundo corporativo está ciente de que o mercado de trabalho é dinâmico, exigente e intolerante. Caso a organização julgue que o desempenho do empregado esteja aquém das expectativas e este seja incapaz de alcançar os objetivos da empresa, ele será substituído tão rapidamente quanto foi contratado.

É importante estar ciente dos efeitos colaterais que a demissão promove na vida do trabalhador. Quando ocorre a demissão, enquanto a empresa ganha em termos econômicos e produtividade, inicia-se um processo desgastante para o antigo colaborador que deve sair à procura de um novo emprego, lidando com a pressão emocional e econômica. O funcionário recém demitido enfrenta uma série de adversidades na busca de uma nova vaga de trabalho e a principal delas está ligada a sua autoestima: é comum sentir-se desmotivado e perder a confiança em sua capacidade produtiva.

O presente trabalho tem como objetivo discutir o processo de demissão nas empresas. Qual o papel de gestão de pessoas neste procedimento? Qual a responsabilidade das empresas frente às demissões em massa? Para ilustrar as questões destacas acima, foi escolhido como exemplo o caso protagonizado pela General Motors na cidade de Flint em Michigan nos Estados Unidos. O ocorrido ganhou repercussão quando foi produzido em documentário pelo cineasta Michael Moore.

2. Causas Históricas

O capitalismo do século XX em conjunto com a globalização, que possibilitou maior fluxo e acesso a informações, mercadorias, consumidores, foi um dos grandes responsáveis pelas mudanças políticas, monetárias e fiscais que ocorreram no ocidente ao longo das décadas de 80 e 90. Na Europa, tais mudanças ficaram famosas por meio de Margareth Thatcher, da Inglaterra, que iniciou o ciclo de privatizações naquele país a fim de enxugar a máquina pública e incentivar o liberalismo econômico. Tais medidas seriam posteriormente adotadas por diversos países como, por exemplo, o Brasil.

Tratando-se do caso brasileiro, a abertura econômica e o início das privatizações ocorreram no governo de Fernando Collor de Melo, no final da década de 80, mas foi em novembro de 1989 que o ideário neoliberal, segundo Gennari (2001), se consolidou na América Latina por meio do Consenso de Washington que abordou questões como disciplina fiscal, liberação comercial, privatização, dentre outros.

Desse modo, até o final dos anos 80, o Brasil que possuía diversas medidas protecionistas como: industrialização baseada na substituição de importações, tarifas aduaneiras altas e elevado controle discricionário, segundo o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), teve de se adequar ao novo estilo adotado na condução da economia. Vale ressaltar que o parque industrial brasileiro embora diversificado, encontrava-se em estagnação, pois não era submetido à competitividade externa como se tem nos dias atuais.

Lembra-se que um dos pressupostos da Economia é o da livre concorrência que se torna saudável para o mercado, pois a competição incentiva a inovação por parte das organizações e propicia maiores opções aos consumidores que acabam recebendo produtos e serviços de maior qualidade, dentre outros benefícios. Assim, as empresas brasileiras, que em geral eram dotadas de caráter patriarcal, tiveram de se adaptar ao novo cenário ao qual foram submetidas. No entanto, esse processo não foi fácil, por diversos motivos como falta de capacidade técnica e mão de obra realmente qualificada a fim de fazer frente à competição estrangeira.

Diante da tentativa de se reinventar, diversas empresas entraram no modismo da Reengenharia que, de acordo com Caldas (2000), no país se tornou sinônimo para demissão em massa. Os “enxugamentos” de quadro também se tornaram conhecidos pelos trabalhadores brasileiros principalmente da área industrial. Essa foi uma das alternativas encontradas pelas empresas a fim de fazerem frente às empresas que ingressavam no país. Com a abertura da economia, organizações nacionais tiveram a diminuição de suas receitas, pois perderam mercado para as estrangeiras. Assim, qualquer mudança negativa na receita levaria as empresas a buscarem a diminuição de seus custos, sendo os gastos com os funcionários, por exemplo, um dos primeiros a entrarem na lista de “cortes”.

Caldas (2000) afirma que o que leva as empresas a agirem de tal forma é justamente a mentalidade de encarar os funcionários como estoques. Seguindo a lógica de que “custos futuros são mais simples de prever do que receitas futuras” (CALDAS, 2000, p.60), a demissão de colaboradores se torna uma da melhores opções em tempos de crise, competição acirrada, dentre outros, que obriguem a diminuição de custos.

3. Demissão e indivíduo

Mesmo vivendo em um mundo dinâmico, onde mudanças viraram rotineiras, e percebe-se cada vez mais o