Trabalho Literatura
Artigo: Trabalho Literatura. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: alineandrade1 • 19/3/2015 • 1.661 Palavras (7 Páginas) • 444 Visualizações
As Vanguardas Européias do século XX e as influências da Semana da Arte Moderna.
Introdução
As vanguardas artísticas européias representam importante marco na história da arte. Sua principal característica foi a de buscar novas formas expressivas ou até romper com que se vinha fazendo até então nas artes. Sua grande aspiração ao novo, ao moderno, ao diferente fez dessas vanguardas uma parte grandiosa da história da arte, além de inspiradora para os outros países e determinante para mudar a forma de pensar e agir da sociedade a partir de então. A influência das vanguardas européias chega ao Brasil no início do século XX e tem seu ápice na Semana de Arte Moderna de 1922. Vários artistas e intelectuais brasileiros, inebriados pelas tendências vanguardistas e os novos modos de se pensar a arte, começaram o desafio de transpor tais movimentos para as artes visuais do Brasil, e o fizeram de uma forma um pouco diferente. Começava uma busca por uma nova identidade brasileira. Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral foram os artistas mais expressivos desta fase e suas formas de representar o Brasil se consagraram e atravessaram gerações. Nos dias atuais podemos encontrar muito dos conceitos e das características de suas representações em livros infantis, sobretudo, naqueles que fazem associação com o tema “brasilidade”. Ao perceber essa semelhança de entre os livros e as pinturas, é possível traçar um paralelo entre temas, formas, cores e proporções, explicitando a importância das vanguardas para o Brasil, bem como, mostrando como uma forma de arte pode influenciar diretamente o olhar das pessoas sobre um povo.
Contexto histórico
O início do século XX foi marcado por uma reforma na sociedade como um todo. A Primeira Guerra Mundial destruiu a Europa e fez com que este continente, considerado o berço da civilização tivesse que repensar seu modo de viver. O velho continente, destroçado, não suportava mais o estilo de vida anterior. A escassez começou a participar da vida de todos e se fazia necessária uma reconstrução dos países que haviam vindo abaixo após os conflitos. Mais do que isso, a sociedade européia, que antes mesmo da Guerra já alimentava um espírito de renovação, agora percebia quão importante era essa mudança. Nesse sentido a Revolução industrial, já bem forte na Europa, tornou-se ainda mais significativa e relevante. Com as novas máquinas era mais fácil e rápido produzir em quantidade os produtos para suprir à grande população que perdeu tudo na Guerra, ainda sim a destruição foi tão grande que houve grande demora para que todos pudessem se recompor. A Belle Epoque, que caiu junto com a Guerra já não fazia mais sentido dentro daquele cenário caótico, e as formas de arte que se apresentavam associavam a ela, da mesma maneira perderam o significado. O momento era de introspecção, de olhar para si, de recolher os próprios cacos.
Outro marco importante, desta vez no campo tecnológico, é o advento da fotografia. Esta invenção causou um grande alvoroço, uma vez que sua forma de representar se aproximava muito mais do instante real e por sua vez da realidade que a pintura, forma mais comum de se fazê-lo até então.
Os pintores se sentiram ameaçados e pressionados a responder a pergunta: “o que difere a fotografia da pintura?”. Nesse momento foi que os valores do subjetivismo, que já vinha ganhando força desde o iluminismo, quando fora criado, passou a transbordar no cenário das artes. Além de assumir o espaço bidimensional da tela, não mais se obrigando a retratar cenas realistas, posto que esta necessidade começasse a ser suprida pela fotografia, o olhar do artista passou a ser valorizado. A forma de entender o mundo de cada artista se traduzia em cores, formas, traços e temas que não precisavam ter nenhum compromisso com o real. A arte assumiu uma nova condição, onde o artista ganha o papel central. E com este papel, diante de todas circunstâncias e acontecimentos da Europa, ele começa a desenvolver um novo olhar sobre sociedade como um todo, os modos e as condições de vida.
As vanguardas européias surgiram e se fortaleceram nesse ambiente, um tanto quanto caótico, talvez por isso, sua característica mais forte e comum a todas seja a crítica e a negação veemente de tudo que se refira ao passado, consequentemente fazendo uma exaltação exacerbada de tudo que se apresentava como o novo.
O Brasil por sua vez, ainda vive fortemente sua condição de país colonizado. Completamente dependente dos países europeus, dos quais o modo de viver era exaltado e copiado pela elite do país. O governo do país, que ainda vivia o regime café-com-leite, era comandado pelo então presidente Pereira Passos, que tinha a Europa, sobretudo a França como inspiradora, chegando a transformar a cidade do Rio de Janeiro, na época capital da cidade, em uma réplica de Paris.
Considerando que toda transformação social se dá de forma lenta e gradual, e se até mesmo a sociedade européia ainda não havia assimilado tantas novidades que aconteciam em seu próprio território, aqui no Brasil ainda se vivia fortemente o art noveau, e as elites sonhavam com um estilo de vida que a essa altura já estava em decadência na no Velho Continente.
No Brasil, o governo do presidente Epitácio Pessoa começava a ser combatido pela própria elite cafeeira, posto que esse se recusasse a continuar apoiando os grandes fazendeiros, preferindo alimentar a indústria que começava a se formar no país. O número de revoltas que surgiram nessa época foi enorme e culminaria na revolução de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder.
E foi com essas grandes aspirações “afrancesadas” e que os grandes “coronéis do café”, mandavam seus filhos à Europa, esperando que retornassem mais “civilizados” com o requinte e a sofisticação que eram associados a tudo que vinha dos colonizadores. Mas suas expectativas em relação a essas viagens seriam frustradas pelas novidades européias.
A Semana de Arte Moderna
Realizada entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, a Semana foi o resultado, literário e visual, desta busca dos artistas brasileiros por uma arte atualizada e nacional, cujas inspirações provem claramente de suas experiências com os movimentos vanguardistas europeus.
Nas palavras de Oswald de Andrade, dias antes da abertura da semana:
“E diante de ambos (Anita Malfatti e Di Cavalcanti), o público habituado ao academismo vazio do Senhor Oscar Pereira e aos acasos lambuzados do Senhor Bassi, pasmou à espera, talvez, de que lhes dissessem os caminhos novos que
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