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Trabalho Sobre Os Argonautas

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Por:   •  24/5/2014  •  1.577 Palavras (7 Páginas)  •  1.159 Visualizações

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Resenha Argonautas do Pacífico Ocidental

A obra de Malinowski relata sua experiência entre os nativos das ilhas Trobriand e nos relata o Kula, uma prática entre as tribos que dita sobre a vida das aldeias no geral, e de cada pessoa e seus hábitos. A obra ajuda a quebrar modelos que se faziam presentes em etnografias até então, e surge com outras maneiras de estudar “o outro”.

Malinowski entende as sociedades como um organismo único, onde cada instituição social tem sua funcionalidade. Ele interroga a condição do pensamento antropológico, inova na forma de colher dados no campo, originando novos elementos e fatores de grande importância para a etnologia.

Em “Os Argonautas do Pacífico Ocidental” ele faz uso de todos os seus recursos metodológicos para analisar o Kula. O Kula pode ser considerado um sistema de trocas que transcende o aspecto econômico e implica numa variedade de objetivos, contando com a questão do simbolismo, envolve várias áreas da vida social, não só a econômica, não depende de uma só variável para acontecer.

Aprofundando a informação sobre o Kula, Malinowski percebe que os nativos separam as pequenas das grandes expedições. A pequena é chamada de Kula wala e a grande, de Uvalaku. A grande expedição kula é competitiva e possui uma proporção muito maior. O uvalaku difere-se do kula normal por todos os expedicionários participarem das cerimônias; todas as canoas devem ser novas ou reformadas e pintadas; e a característica mais importante é a ideia de receber e não a de dar presente é levada ao extremo. Malinowski apresenta uma série de detalhes, entre a magia da viagem por mar, seus tabus, as crenças e os encantamentos em torno da expedição Kula.

Seu trabalho ajudou a diminuir a visão passada e errada de sua época, que o nativo não possuía leis e se comportava como um selvagem. O autor almeja mostrar que o Kula é um mecanismo que possui seus significados para aquela cultura assim como a cultura ocidental possui tantos outros também, e que devemos ter olhar cuidadoso aos nossos grupos, categorizações e opiniões ao transferir nosso olhar para o outro.

Fichamento do Livro:

MALINOWSKI, Bronislaw. Argonautas do Pacífico Ocidental. (Introdução). São Paulo: Abril Cultural, 1976 [1922].

Introdução – Tema, método e objetivo desta pesquisa.

Malinowski inicia seu trabalho antropológico fazendo algumas considerações sobre a sociedade que vai estudar. As populações costeiras das ilhas do sul do Pacífico são constituídas de hábeis navegadores e comerciantes, os papua-melanésios, habitantes da costa e das ilhas periféricas da Nova Guiné, da qual Malinowski irá estudar, não são exceção a esta regra. São todos navegadores, artesãos e comerciantes.

A par da atividade comercial, existe outro sistema, bastante complexo e extenso que abrange, em suas ramificações, não só as ilhas próximas ao extremo leste da Nova Guiné, mas também as Lusíadas, a ilha de Woodlark, o arquipélago de Trobriand e outros. Esse sistema de comércio, o Kula, é o que Malinowski propõe a descrever, trata-se de um fenômeno econômico de considerável importância teórica. Ele assume uma importância fundamental na vida tribal e sua importância é plenamente reconhecida pelos nativos que vivem no seu círculo.

Antes de Malinowski descrever propriamente o Kula, ele apresenta uma descrição dos métodos utilizados na coleta do material etnográfico. Para ele, “um trabalho etnográfico só terá valor científico se nos permitir distinguir claramente, de um lado, os resultados da observação direta e das declarações e interpretações nativas e, de outro, as inferências do autor, baseadas em seu próprio bom-senso e intuição psicológica” (p. 18). Diz ainda que é frequentemente imensa a distância entre a apresentação final dos resultados da pesquisa e o material bruto das informações coletadas pelo pesquisador através de suas próprias observações, das asserções dos nativos, do caleidoscópio da vida tribal.

No começo do trabalho de campo nas Ilhas Trobriand, Malinowski conta que não foi possível entrar em conversas mais explícitas ou detalhadas com os nativos, a solução encontrada era coletar dados concretos, e, assim, passou a fazer um recenseamento da aldeia: anotou genealogias, alguns desenhos, relação dos termos de parentesco. Porém, isso tudo não era suficiente para entender a verdadeira mentalidade e comportamento dos nativos, como idéias sobre religião, magia, suas crenças e etc. A saída para desvendar o verdadeiro espírito dos nativos, seria através da aplicação sistemática e paciente de algumas regras de bom-senso assim como de princípios científicos. Os princípios metodológicos podem ser agrupados em três unidades: em primeiro lugar, o pesquisador deve possuir objetivos genuinamente científicos e conhecer os valores e critérios da etnografia moderna. Em segundo lugar, deve o pesquisador assegurar boas condições de trabalho, o que significa, basicamente, viver mesmo entre os nativos, sem depender de outros brancos. Finalmente, deve ele aplicar certos métodos especiais de coleta, manipulação e registro de evidência.

Malinowski ressalta que para fazer uma boa etnografia, conhecer bem a teoria científica e estar a par de suas últimas descobertas não significa estar sobrecarregado de idéias preconcebidas. A pessoa quando parte para uma expedição deve ter a capacidade de levantar o maior número de problemas e não ter a incapacidade de mudar seus pontos de vistas.

Portanto, o objetivo fundamental da pesquisa etnográfica de campo é estabelecer o contorno firme e claro da constituição tribal e delinear as leis e os padrões de todos os fenômenos culturais, isolando-os de fatos irrelevantes. É necessário, descobrir o esquema básico da vida tribal. Este objetivo exige que se apresente, antes de mais nada, um levantamento geral de todos os fenômenos, e não um mero inventário das coisas singulares e sensacionais. Deve, ao mesmo tempo, perscrutar a cultura nativa na totalidade de seus aspectos. A lei, a ordem e a coerência que prevalecem em cada um desses aspectos

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