UMA ESCRITURA EM PROCESSO: Joaquim Aguiar
Por: cristiane9 • 17/3/2017 • Dissertação • 36.016 Palavras (145 Páginas) • 390 Visualizações
Cristiane Miryam Drumond de Brito
UMA ESCRITURA EM PROCESSO
Joaquim Aguiar
PUC - SP
1999
Cristiane Miryam Drumond de Brito
UMA ESCRITURA EM PROCESSO:
Joaquim Aguiar
Mestrado: Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Comunicação e Semiótica, sob orientação da Profª. Dra. Cecília de Almeida Salles.
PUC - SP
1999
Banca Examinadora
Agradecimentos
Ao Joaquim Aguiar, que, além de nos confiar seus documentos de processo, também se dispôs a que nos encontrássemos diversas vezes, enriquecendo com seus depoimentos, esta pesquisa. A participação de Joaquim nesse trabalho foi ativa e, sem dúvida, a sua contribuição foi de grande valia.
À Cecília de Almeida Salles, que, além de excelente orientadora, tem uma larga capacidade de compreender nossas dificuldades e de nos serenar em momentos difíceis. Ela exerce com equilíbrio a orientação acadêmica e a amizade.
À minha querida mãe, que durante esse processo fez um tanto de tudo. Escutou-me lendo, tirou xerox, organizou diversos ambientes para meus estudos, me suportou muita vezes nervosa, etc., etc. e tantos outros etc.
Ao Departamento de Comunicação e Semiótica da PUC - SP, pelo apoio financeiro através da bolsa de estudos do CNPq.
RESUMO
Esta pesquisa tem como objeto, documentos de processo de Joaquim Pedro Carvalho de Aguiar. Com 42 anos, Joaquim é formado em História pela UFMG e foi diagnosticado como psicótico. Ele escreve diariamente e estas escritas são aqui analisadas como um processo. Para compreendê-las enquanto um processo, utilizamos como referencial a Crítica Genética com arcabouço teórico da Semiótica Peirceana.
Esse estudo associa a Crítica Genética e a Terapia Ocupacional, pois ambas têm o fazer humano como objeto. A Crítica Genética busca conhecer esse fazer em atividades criativas e a Terapia Ocupacional no tratamento de patologias para amenizar o sofrimento do homem. Essa associação nos permitiu compreender melhor o propósito da escrita para Joaquim e a partir desse conhecimento, propor novas possibilidades no tratamento de psicóticos pela Terapia Ocupacional.
Parafraseando Arthur Bispo e relembrando Joaquim, bordo aqui alguns nomes de pessoas, instituições e lugares que me ‘salvaram’ neste trabalho:
JOAQUIM AGUIAR, CECÍLIA SALLES, WILLEMART, LÉA, RUTE, PATRÍCIA, CLAÚDIO, LUIS CAIO, MARQUINHO, ODAILTON, NELY, ROSE, SUELY, JUNINHA, ESTHER, MÁRCIO DE MOURA, ANTÔNIO BRITO, ANTÔNIO CAPISTRANO, ROSILDA, LILIAM, GLAÚCIA, CENTRO DE CONVIVÊNCIA ARTHUR BISPO, TEREZINHA, LUCI, MARLENE E COLEGAS DO CENTRO DE ESTUDOS DE CRÍTICA GENÉTICA, PUC - SP, MÍRIAM, EVALDO, EDVALDO, SÃO PAULO, BELO HORIZONTE, MEDEIROS, BONETTI, YVAN, MARCELO AROEIRA, SÉRGIO, BENJAMIM E TANIA, JACKS E SORAIA, GUTO E TEREZA, ALAIN E CERES, UDV, MOGI DAS CRUZES, ROSELY, LUIS...
Sumário
Introdução
1. O histórico de uma experiência 1
Capítulo I
1. Sobre alguns tratamentos da loucura através do trabalho 6
2. Abordagens da Terapia Ocupacional 14
Capítulo II
1. Crítica Genética e Terapia Ocupacional 28
2. Crítica Genética e Semiótica Peirceana 36
Capítulo III
1. A Escrita e a Psicose 47
2. Descrição dos documentos de Joaquim Pedro Carvalho de Aguiar 60
3. Análise dos documentos de Joaquim Pedro Carvalho de Aguiar 66
3.1. A Ironia 76
3.2. Poetas, cantores, teóricos e mitos 85
4. Perspectivas da escrita para Joaquim Aguiar 115
Considerações Finais
1. Perspectivas desta pesquisa para Terapia Ocupacional 134
Anexos 146
Bibliografia 151
Lista de ilustrações 157
Introdução
- O histórico de uma experiência
Quando cursava o 5º período do Curso de Terapia Ocupacional, iniciei minha busca prática na profissão. Comecei então a estagiar numa clínica particular, realizando atendimento clínico com atividades em grupo. Os participantes do grupo possuíam diversos diagnósticos: psicóticos, neuróticos, perversos e drogaditos. Escolhiam, geralmente, desenhar, e a interpretação era feita a partir da fala do sujeito. Uns faziam associações livres, outros tentavam um jogo de sedução e alguns tinham uma relação bem diferente com a atividade, algo estranho: eram os psicóticos. Houve uma sessão em que o desenho causou tanto desconforto ao sujeito, que ele queimou o papel e disse que era como se tivesse queimado a si próprio, e isso gerou nele mais desconforto ainda.
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