Um Balanço Critico Das Relações Sociais E Serviço Social No Brasil

A descoberta da Roda: a tese da reprodução das relações sociais e a

hegemonia de ruptura

A recente maturidade alcançada pelo Serviço Social tem laços fortes com a

reconceituação ainda em movimento, conforme já apontado anteriormente. E sua

demarcação pode ser representada com a hegemonia da perspectiva de ruptura com o

conservadorismo e conseqüentemente com o Serviço Social tradicional, no momento em

que a profissão inicia a interlocução com a teoria social de Marx.

Como produto dessa transição – ainda em processo – é consensual o papel

central ocupado pela obra Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma

interpretação histórico-metodológica, de autoria de Marilda Iamamoto e Raul de Carvalho,

com primeira publicação em 1982, três anos após o III CBAS (Congresso da Virada) e sob

o cenário da distensão militar e sob o que se convencionou chamar de processo de

redemocratização no Brasil.

A obra demarca de forma taxativa a intenção de se romper concretamente com as

propostas teórico-metodológicas que não possibilitavam a compreensão crítica da

dinâmica das relações sociais e econômicas na ordem capitalista. E por meio da tradição

marxista, desenvolve a análise da profissão a partir do conceito de reprodução social,

problematizando o formato da produção e reprodução das relações sociais, que

perpassam não somente pela reprodução da vida material, mas também pela reprodução

dos aspectos subjetivos que permeiam a sociabilidade humana.

É com a descoberta dessa roda, ou seja, sob essa concepção que o Serviço

Social passa a se locomover a partir da década de 1980, compreendendo e defendendo

que “a reprodução das relações sociais é a reprodução da totalidade do processo social, a

reprodução de determinado modo de vida que envolve o cotidiano da vida em sociedade:

o modo de viver e de trabalhar, de forma socialmente determinada, dos indivíduos em

sociedade” (CARVALHO & IAMAMOTO, p. 73, 2005).

Assim, o Serviço Social apoiado na concepção materialista da história, dá início a

um novo estágio, rechaçando a “identidade atribuída” (MARTINELLI, 2006) e buscando a

construção de uma nova identidade profissional, por meio “de uma totalidade concreta em

movimento, em processo de estruturação permanente. Entendida dessa maneira,