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Índios Xucurus de Ororubá

Por:   •  22/2/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.382 Palavras (6 Páginas)  •  409 Visualizações

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Índios Xucurus de Ororubá

Introdução

A região do nordeste brasileiro abriga diversas comunidades indígenas. Caracterizados pelo fenômeno das emergências étnicas, os grupos indígenas na região vem aumentando em número ao longo do século XX. De acordo com dados da FUNASA na área cultural nordeste do Brasil existia em 1996, 286.137 índios distribuídos em pelo menos duas dezenas de etnias localizados em unidades da federação brasileira que incluiam desde Minas Gerais ao Ceará ou seja uma área geográfica superior à divisão geográfica usual da região nordeste. Os povos indígenas no Nordeste que durante muito tempo foram oficialmente chamados de “remanescentes” e conhecidos pelo senso comum como “caboclos”, através de confrontos, acordos, alianças estratégicas, simulações e reelaborações culturais, desenvolveram diferentes estratégias de resistência frente às diversas formas de violências, às invasões de seus territórios, ao desrespeito de seus direitos, à negação de suas identidades e às imposições culturais colonial. Questionando assim tradicionais explicações históricas, que defendem o destino trágico com o desaparecimento ou extermínio desses povos nos primeiros anos da colonização portuguesa, com sua mobilização os indígenas no Nordeste superam uma visão sobre eles como vítimas da colonização e afirmam seus lugares como participantes e sujeitos que (re) escrevem a História da Região e do Brasil.

1- Índios Xucurus de Ororubá

Autodenominam-se Xucurus do Ororubá para distinguir-se do povo Xucuru-Cariri de Alagoas. Atualmente habitam um conjunto de montanhas, conhecido como Serra do Ororubá, no estado de Pernambuco, estão distribuídos em mais de 20 aldeias, falam o português, no entanto conhecem cerca de 800 palavras de um léxico que remete a uma língua indígena antiga. O grupo está distribuído em algumas aldeias como: São José, Afeto, Gitó, Brejinho, Canabrava, Courodanta, Bentevi, Lagoa, Santana, Caípe, Caetano, Caldeirão, Pé de Serra, Oiti, Pendurado, Boa Vista, Cimbres e Guarda.

Cada aldeia é constituída por um grupo de famílias, habitando cada uma na sua casa. Toda a aldeia possui um representante, que leva os problemas da sua comunidade para o cacique, que é o representante dos Xucuru como um todo. O atual cacique é Marcos Luidson de Araújo.

A Serra de Ororubá é uma região com a presença de um grande açude e rios propícios para a agricultura e fertilidade de parte das terras dos Xucurus. Eles também moram em alguns bairros da cidade de Pesqueira. Durante décadas habitaram os bairros denominados “Xucurus” e “Caixa d’água”, localizados na área fronteiriça entre a Serra do Ororubá e a cidade. Hoje, encontram-se espalhados também por outros bairros. Estima-se que exista cerca de 12.139 índios (Funasa, 2010). Uma população atual de cerca de 3.500 índios, vivem na serra do Ororubá, numa área de 26.980 hectares, no município de Pesqueira.

A crença na natureza sagrada é outra característica importante desse povo. É nos terreiros distribuídos nesse território que os rituais religiosos são realizados. O toré se destaca nesse contexto como a principal manifestação do sistema cosmológico xukuru.

A maior parte da população vive hoje da agricultura de subsistência, horticultura, fruticultura e do artesanato de bordados de renascença feitos pelas mulheres da tribo. Os principais produtos são milho, feijão, fava e mandioca, porém o que garante a sobrevivência dos índios é a fava, por ser de custo mais baixo que o feijão, sendo colhida durante todo o verão, além da criação de gado leiteiro e cabras. Os alimentos produzidos são vendidos na feira da cidade de Pesqueira, que reserva o sábado para a venda dos produtos comercializados pelos Xukuru e a quarta-feira para produtos comercializados de forma conjunta com não-índios.

Os registros sobre esses índios datam do século XVI, documentos relativos ao período colonial atestam invasões por parte dos portugueses e registram que a antiga Vila de Cimbres, atualmente uma aldeia Xukuru, foi palco de conflitos entre os Xucurus e os colonizadores. Muitas aldeias foram extintas e as terras logo registradas em nome de fazendeiros. Após a promulgação da Constituição de 1988, que reconheceu aos índios o direito ao usufruto da terra tradicionalmente ocupada por estes povos, os Xucurus reorganizaram-se em torno da reconquista da terra. Liderados pelo Cacique Chicão e apoiados por outros povos indígenas do Nordeste e organismos como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão da CNBB, passaram a reocupar áreas de fazendas em terras de ocupação tradicional indígena.

De 1989 a 1998, Francisco de Assis Araújo, também conhecido por "Chicão" foi cacique geral da tribo Xukuru. Durante esse período lutou, junto com sua tribo, contra a ocupação de suas terras por posseiros e grandes latifundiários da região de Pesqueira.

No dia 20 de maio de 1998, o cacique Chicão foi assassinado a tiros em frente a residência de sua irmã na cidade de Pesqueira, por um homem não identificado, porém provavelmente mandado por fazendeiros descontentes com a luta para a demarcação de terras para os Xukurus.

Hoje o cacique Chicão é considerado herói para o povo Xucuru. Na festa anual de Nossa Senhora das Montanhas (Mãe Tamain), os índios carregam o andor dentro da igreja gritanto: "Viva Tamain, Pai Tupã e o Cacique Chicão".

Os conflitos entre os Xucurus e os fazendeiros e políticos locais se intensificaram por motivo do início do processo demarcatório de suas terras em 1989. No fim da década de 1990, em tentativa de inibir o andamento do processo demarcatório de suas terras, um importante líder Xucuru, dois índios e um procurador foram assassinados. Devemos ressaltar

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