A ARTE DO DESENHO
Por: superavena • 20/6/2018 • Ensaio • 2.888 Palavras (12 Páginas) • 409 Visualizações
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ARTE DO DESENHO
O textos abaixo são foi retirados do livro: ‘’O Desenho Artístico (autônomo e preparatório)’’ de J.B. de Paula Fonseca Jr., professor da Escola de Belas Artes.
O ano da publicação é 1964.
- Várias são as considerações sobre o desenho. Para Piero della Francesca, o ‘’Desenho é o perfil e o contorno contido nas coisas``. René Primet vê, sobretudo, massas: ‘’ O desenho é, pelo meio do traço, a reprodução sobre uma superfície das formas dos objetos. É também o estudo das massas escuras e iluminadas resultantes da incidência da luz sobre esses objetos’’
- Aos que preferem a linha, citaríamos Prinet quando nos lembra que’’ na verdade não existe qualquer linha na natureza’’. Servimo-nos dela e dela abusamos convencionalmente
- Simples, mas ampla, a definição de H. Speed: ‘’Por desenho se deve entender a expressão da forma sobre uma superfície plana’’.
- Eclética, mixta, larga, a de Millard: ‘’ Desenho é a interpretação da natureza pelo uso de símbolos, traços, linhas, pontos’’.
- Diz Gulinat a respeito do desenho preparatório, não valendo por si, nem como ‘’fim’’: ‘’ Se compreende que o desenho no sentido didático da palavra é o ponto de partida das artes plásticas de um modo geral e que está em relação direta com a execução do quadro. ’’
- Na pintura pode ele permanecer como dominador. Daí a divisão dos pintores em coloristas e desenhadores, digamos assim, simploriamente. Prevalece na pintura, ela própria, ou o desenho, roubando-lhe o primado.
- Defende Proud’hon que’’ a gente desenha pintando’’. Todo pintor é ao mesmo tempo desenhista. O desenho e a forma estão inclusos na própria pintura que é o principal. Doutro modo, o desenho continua o principal e, a pintura, o acessório ou mero complemento como que suntuário, dispensável...um desenho apenas colorido..e mal, às vezes.
- Os impressionistas, para bem exemplificar, usavam um mínimo de desenho. Abusavam das manchas, das pinceladas justapostas, dando forma, colorido, luz.
- Afora o ‘’modus operandi’’ impressionista, o desenho é para a pintura o que as fundações são para o edifício.
- Michelangelo dizia: ’’... O desenho constitui a fonte e a substancia da pintura, da escultura, da arquitetura e de todos os outros gêneros de arte e a raiz de toda a ciência. ’’
- Não esqueçamos que muitos artistas executam desenhos preparatórios que valem como obras de arte. Assim também o fizeram vários no passado. Há esboços, croquis, esquisses, desenhos preparatórios que nos ficaram dos grandes mestres que são verdadeiras obras de arte completas.
- Cumpre falarmos do’’ inacabado’’. Há quem só aceite o ‘’completamente terminado’’, com todos os detalhes e com minúcias prejudiciais, quando não, inúteis, ou meros acessórios dispensáveis. Não raro o desenho ‘’acabado’’, detalhado em excesso, torna-se frio, mudo, desinteressante, ou prolixo e enfadonho. Se bem, como diz Speed, o ‘’acabado’’ nada tem a ver com a quantidade de detalhes. Pode haver certa ‘’perfeição’’ sem expressão ou sem atingir a meta emocional pretendida. O inacabado pode surtir mais efeito do que o acabado.
- O desenho é uma grafia pessoal, o simples traço pode revelar, por si só, a personalidade do artista e, a um só tempo, a individualidade da coisa representada.
- Continua Le Blanc ‘’ Em arquitetura, o desenho é o próprio pensamento do arquiteto; é a imagem presente de um edifício futuro. Antes de elevado sobre o terreno, a construção se desenha e se edifica no espírito do arquiteto: ele o copia, depois esse modelo meditado, idealizado, e sua cópia tornam-se o modelo que deverão repetir a pedra, o mármore ou o granito. O desenho é, pois o espírito gerador da arquitetura; ele é a essência. ’’
- ‘’Na escultura, o desenho é tudo, porque a estatuária pode prescindir da cor, e, esse elemento é tão estranho à sua arte que lhe é perigoso, a não ser que lhe preste uma função acessória.
- ‘’A superioridade do desenho sobre a cor está escrita nas leis da natureza; ela quis, efetivamente, que as coisas nos fossem conhecidas por aqueles que as desenham e não por aqueles que as colorem. Grande número de seres inanimados ou animados tem a mesma cor, enquanto que não há dois que tenham a mesma forma. Se dirijo meus olhares para e pelas profundezas do deserto, e se vejo avançar um tom fulvo, posso imaginar que seja um leão ou outro animal que vem em minha direção; mas desde que percebo uma juba, é um leão.
- ‘’ As formas que o desenho é chamado a reproduzir são todas engendradas pela linha reta e pela curva. Pitágoras, um dos maiores espíritos da humanidade, olhava a linha reta como representação do infinito, por que ela é sempre semelhante a ela mesma, e este pensamento tomou uma forma admirável na expressão de Galileu quando disse: ‘’ A linha reta é a circunferência de um círculo infinito. ’’. A curva, ao contrário, era vista por Pitágoras como representação do finito, porque ela tende a voltar ao seu início.
-‘’ Mas o aspecto mais marcante da linha reta é que ela é um símbolo da unidade, por que só há uma linha reta, enquanto que as linhas curvas são inumeráveis, o que faz considerar a linha curva como uma imagem da variedade. Entretanto, há cores e linhas; elas têm sua unidade, que se resume no preto e no branco. Enfraquecendo-se ao máximo, elas vão todas se apagar no branco, que é a unidade de luz sem cor; adquirindo sua mais alta intensidade, elas vão se perder no preto, que é a unidade de cor sem luz. Entre esses dois pólos, se desenrola o drama maravilhoso das harmonias que nos encantam. ’’
- Qualquer que seja o desenho ele terá dois modos antitéticos de realização ou terá um procedimento mixto. Será de mancha, de linha, ou mixto. Seja ele preparatório ou puro, valendo por si como obra de arte definitiva.
Preparatório, diz-se quando é uma etapa e não um fim.
- (1) O desenho de linha é a representação de figuras por meio de linhas, por justaposição ou embaraçamento ritmado.
-(2) esquematizado, - é um esquema estilizado, limitado às linhas essenciais e construtivas; nele o representado adquire uma expressividade sucinta, mas fortemente inteligível. Exemplo: ‘’Toureau’’ de Picasso, quando de seus estudos para Guernica
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