A Transferência de Habilidade dos esportes de equilíbrio para o Slackline
Por: Matheus Honorato • 13/12/2017 • Monografia • 2.446 Palavras (10 Páginas) • 404 Visualizações
Transferência de Habilidade dos esportes de equilíbrio para o Slackline.
Nosso trabalho visa identificar se o praticante de esportes que tenham como principal característica o equilíbrio e tendo um ano de prática ou mais, apresenta maior facilidade para o aprendizado do Slackline em relação ao indivíduo que nunca teve vivência com práticas em esportes de equilíbrio. O presente trabalho busca comprovar que existe a transferência de habilidades, a partir do que já vem sendo dito em literatura, mas será que essas experiências anteriores influenciam de fato no aprendizado em relação ás pessoas que nunca tiveram esse tipo de vivência em esportes de equilíbrio?
Hipóteses: Através do nosso trabalho iremos comprovar que uma experiência anterior com esportes de equilíbrio facilita a aprendizagem do Slackline, ou, através do nosso trabalho iremos comprovar que uma experiência anterior com esportes de equilíbrio não interfere na aprendizagem do Slackline.
Justificativa: Propomos mostrar com nosso trabalho que a transferência de habilidade, já discutida em artigos científicos, pode ser mostrada do ponto de vista de um esporte em ascensão que é o Slackline, com informações já difundidas mundial e tradicionalmente ao longo do tempo, relacionadas ao equilíbrio, capacidade muito importante no aspecto motor; E que pode existir uma relação entre os fundamentos dos esportes em geral, e se organizados de forma coesa, podem facilitar o aprendizado da grande maioria dos esportes, utilizando-se de conhecimentos adquiridos anteriormente.
Objetivo: O objetivo deste estudo é mostrar que indivíduos que tenham uma experiência anterior em algum esporte que tenha como principal característica o equilíbrio têm uma maior facilidade para o aprendizado do esporte Slackline em relação às pessoas que não tenham este tipo de experiência anterior.
Metodologia: Na metodologia pretendemos montar o Slackline em um ambiente aberto, de preferência em algum parque de São Paulo. Em seguida, criaremos dois grupos, um que não tenha nenhum contato frequente com esportes que tenham como exigência o equilíbrio e outro grupo que tenha contato frequente com atividades que tenham essa exigência. Entendemos como contato frequente pessoas que praticam atividades que estejam presente o equilíbrio ao menos duas vezes por semana, e nenhum contato frequente pessoas que não tenham sequer uma vez por semana essa experiência. A partir disso, solicitaremos aos grupos que tentem andar no Slackline ou apenas se equilibrarem sem nenhum auxílio, para isso daremos um tempo de 20 minutos para obterem essa vivência. Iremos registrar o desenvolvimento dos grupos com uma câmera digital e verificar qual foi á evolução atingida pelos dois grupos nesse período, a partir dos critérios que iremos estabelecer de acordo com o grau de dificuldade atingido por cada indivíduo dos dois grupos. Por fim, iremos analisar esses dados e compará-los tentando comprovar através deles que ocorreu uma transferência de habilidade positiva nos indivíduos que já praticavam esportes de equilíbrio, caso essa transferência seja identificada.
Transferência de Aprendizagem
No livro “Aprendizagem Motora - Conceitos e Aplicações”, o autor Richard A. Magill explica o conceito de transferência de aprendizagem, que se refere à influência de experiências anteriores na aprendizagem, no desempenho de uma nova habilidade ou num novo contexto. Os tipos de transferências relacionados a uma experiência anterior pode facilitar, impedir ou não ter efeito algum sobre as transferências de aprendizagem. O conceito de aprendizagem faz parte da grade curricular em ambientes educacionais e no desenvolvimento de protocolos de treinamentos de reabilitação. Temos citadas na literatura quatro tipos de transferências, que serão explicados ao longo dos parágrafos que seguem.
Segundo Magill (2000,p. 167), “a transferência positiva ocorre quando a experiência com uma habilidade ajuda ou facilita o desempenho da habilidade em um novo contexto ou na aprendizagem de uma nova habilidade”;
Pesquisadores por muito tempo tentaram propor hipóteses para explicar o porque a transferência positiva acontece, e Maggil (2000) explica as duas hipóteses mais aceitas. Magill (2000, p.172) diz que “quanto mais semelhantes forem os componentes de duas situações de habilidades ou de desempenho, maior será a quantidade de transferência positiva entre elas”.
A primeira hipótese propõe que a transferência de aprendizagem ocorre porque os componentes das habilidades ou do contexto em que as habilidades são desempenhadas são semelhantes. A outra propõe que a transferência ocorre basicamente por causa das semelhanças entre quantidade e os tipos de processo de aprendizagem exigidos. A abordagem mais tradicional que explica a ocorrência da transferência positiva afirma que ela ocorre devido às semelhanças entre os componentes de situações de habilidades ou de desempenho. Em explicações mais aprofundadas, há dois componentes muito importantes da transferência positiva: o que o individuo precisa para ser bem-sucedido no desempenho da tarefa de transferências e a semelhança entre essa atividade e a atividade solicitada durante o treinamento.
Magill (2000, p.174) cita ainda Damos e Wickens (1980), que fornecem evidências de transferências resultantes da atuação de atividades semelhantes em situações de treinamento e teste. Embora ainda haja muito que ser pesquisado sobre as causas da transferência de aprendizagem, podemos esperar que a quantidade de transferência positiva aumente em função das semelhanças.
Por outro lado, Magill (2000, p.175) define que a transferência negativa “ocorre quando um estímulo antigo solicita nova mas semelhante” ou seja, ela ocorre quando a experiência anterior como uma habilidade interfere ou impede o desempenho de uma nova habilidade ou em um novo contexto. Maggil (1998) cita a pesquisa de Annet e Sparrow, 1985; Schmidt, 1987, para dizer que embora os efeitos da transferência negativa sejam raros na aprendizagem de habilidades motoras, os profissionais precisam de certo conhecimento do que pode contribuir para a transferência negativa.
Magill (2000, p.176) cita também um experimento feito por Summers (1975) que ilustra os efeitos da transferência negativa. Os efeitos da transferência negativa podem ser produzidos, por exemplo, por movimento novo a um estimulo familiar. Quando a prática da habilidade é excessiva, criam-se características perceptivas, onde o sistema motor responde a um estimulo familiar.
O que acontece com a transferência negativa é como se fosse uma confusão cognitiva, é quando o sistema nervoso está habituado a responder estímulos com uma maior frequência e de repente ele recebe um estimulo parecido, porem a demanda motora é diferente. Por exemplo, você tem um celular há um ano, e nesse ano você utiliza para mandar mensagens de SMS com uma grande frequência, se você pegar outro modelo de celular para mandar mensagens de SMS, terá uma confusão cognitiva ao digitar em um novo teclado. Segundo Maggil (2000, p.176), “os efeitos de transferência negativa podem ser superados com a prática, e a quantidade de prática necessária para superar essa dificuldade, depende da pessoa e da própria tarefa”.
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