AULA DE HISTÓRIA POR MEIO DA CINEMATOGRAFIA
Por: Fernanda Torres • 29/7/2015 • Resenha • 607 Palavras (3 Páginas) • 355 Visualizações
O filme “No” (2012), dirigido por Pablo Larraín, com roteiro de Pedro Peirano, é um grande estudo de caso sobre a política e a mídia chilena no final dos anos 80 e como elas se correlacionam, trazendo uma lição de história, sem cair na mesmice dos documentários.
Baseado na obra “El plebiscito” de Antonio Skármeta, filósofo e escritor chileno que passou 16 anos em exílio político, a película cinematográfica conta como ocorreu a consulta popular de 1988, na qual o ditador Pinochet, em virtude de pressões internacionais, viu-se obrigado a permitir que o País votasse sobre a necessidade de realização de eleições livres, que poderiam resultar na permanência do general por mais oito anos no poder.
A adaptação dirigida por Larraín mostra como foram estruturadas as campanhas de governo (“Sí”) e oposição (“No”), as quais seriam veiculadas por 27 dias, durante 15 minutos cada uma, na televisão aberta, em horário de baixa audiência.
Neste cenário, observam-se o jogo político da sociedade chilena no final da década de 80 e a estrutura social do país manifestada nas relações entre as personagens de René Saavedra (Gael Garcia Bernal) e Lucho Guzmán (Alfredo Castro), este dono de uma agência de publicidade e aquele seu melhor funcionário, figurando em lados opostos da campanha do plebiscito.
Em razão do elevado índice de abstenção apurado nas primeiras pesquisas referentes ao plebiscito, a oposição representada pela campanha do “No” busca a ajuda do publicitário René, recém-chegado do exílio, para compor a equipe de produção dos vídeos a serem transmitidos diariamente.
Filmado em estilo característico dos anos 80, o longa-metragem mescla filmagens em “betacam” (formato 1/2 polegada), com imagens reais transmitidas na televisão chilena durante a campanha, o que auxilia o espectador a se inserir no contexto histórico, e a se afastar da ideia de documentário, imprimindo uma dinâmica realista e agradável à história.
A narrativa apresenta do ponto de vista publicitário, a composição das duas campanhas que levariam o Chile à permanência ou não de mais oito anos do ditador no poder. A dualidade política das campanhas é demonstrada através de René (Bernal), que concorda em defender o “No”, e seu chefe (Castro), defensor do “Sí”.
Apesar da intenção original dos líderes políticos do “No” de fundar sua campanha em uma abordagem focada na violência e censura imputadas pelo governo ditatorial, René consegue, por meio do marketing publicitário, chamar a atenção do povo chileno, afastando a ideia triste do passado vivido pela população, mostrando que a alegria estaria chegando ao Chile sem Pinochet, através de jingles e mensagens otimistas e cheias de esperança sobre o futuro, levando as pessoas a comparecerem às urnas.
O jogo de imagens e movimentos e trilha sonora com música tema marcante leva o telespectador ao real cenário do Chile da época e como a sociedade via as transformações internacionais e suas influências na opinião pública que levaram a vitória do “No”.
A perspectiva de uma grande ameaça aos oposicionistas surge a todo o momento, demonstrando a certeza de vitória que os defensores de Pinochet tinham, mas que, para felicidade de alguns grupos, não se concretizou.
Com boas atuações dos atores principais, o diretor insere algumas surpresas
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