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Análise Fashion e Cultural

Por:   •  28/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.933 Palavras (8 Páginas)  •  140 Visualizações

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Centro Universitário Belas Artes

Trabalho final – cultura, moda e sentido

Aluna: Giovanna Pinheiro Setti

Turma: AN5DM

Professora: Silvana

Junho/2018

Aluna analisada: Letícia de Castro Naves

Minha amizade com a Letícia vem de antes de começarmos nosso curso de moda na faculdade Belas Artes, por isso tenho um panorama de visão bem amplo em relação ao estilo dela. São quase 5 anos acompanhando a e evolução do guarda roupa da Le e consigo ver um certo padrão e constância nas escolhas dela, mas que também foi ousando mais, apostando em shapes diferenciados e ouve inclusive certo amadurecimento no estilo dela com o passar do tempo. Outra coisa que gostaria de destacar antes de iniciar a minha análise mais detalhada sobre ela, é que também posso notar que algumas coisas não alteraram, elas se mantiveram e foram se adaptando as novas fases da vida da Letícia.

Para começar, antes de falar sobre as peças favoritas que ela me enviou, eu acho interessante iniciar a análise dela partindo do princípio, desde o começo de nossa amizade.

[pic 1] [pic 2]

Algo que sempre me chamou muito a atenção para a Le, é que ela realmente sempre teve um estilo muito delineado e formado, mesmo que este tenha tido mudanças com o passar do tempo - como todos nós ao longo de nossas vidas vamos mudando de gostos e vamos mudando de rotina, acabamos por gostando de novas coisas e não gostando mais de outras, e enfim temos nosso amadurecimento pessoal, profissional e isso com certeza reflete na forma como nos vestimos - ela sempre foi uma garota com uma identidade impressa nas suas roupas.

Sempre foi nítido para mim que ela é uma garota que quer seguir as “tendências” do momento, mas isso nunca a fez perder a sua identidade, a sua essência, como algumas vezes acontece com pessoas que não possuem um estilo próprio tão definido. Eu atribuo muito a essa singularidade, ao fato de como se dá o caimento das roupas no corpo dela. Apesar de não ser alta, ela tem o corpo bastante magro e longilíneo e mesmo antes da faculdade eu reparava como isso faz toda a diferença nas produções dela. A peça de roupa fora do corpo dela ou até mesmo em outro corpo acabam tendo uma tradução totalmente diferente.

Lembro-me que no primeiro ano, tivemos uma aula que o professor nos pediu para que levássemos um look que dissesse muito sobre nosso estilo pessoal e na classe nós trocaríamos esse look com outra colega e veríamos o resultado, recordo que eu dei minhas roupas para a Letícia, ela deu as dela para a Natalia e eu fiquei com as da Natalia. Nesse dia foi nítida essa noção de que o corpo e a personalidade da pessoa fazem toda a diferença, não basta só colocar a roupa, você precisa vestir ela e ela precisa dialogar com o seu estilo. Nós vestimos praticamente o mesmo número de roupas, mas mesmo assim no corpo da Leticia aquelas peças tem uma estética, um visual particular que só eu consigo ver nela.

Inclusive algo que ela sempre usava nos primeiros anos da faculdade e atualmente eu vejo, inclusive, uma mudança leve neste hábito dela que não desapareceu por completo, porém diminuiu a frequência (e eu acredito que isso se deve a um amadurecimento trazido pela introdução dela no mercado de trabalho, mas falarei mais disso mais para frente) do uso de saias, shorts e vestidos muito curtos, ou blusas e regatas decotadas.

Eu inclusive achava engraçado, nós sempre íamos para a faculdade juntas, eu esperava ela no metro, porque moramos perto uma da outra e o caminho é o mesmo, e me lembro que constantemente ela chegava no metro nervosa, ou até mesmo chorando, porque ela havia brigado com a mãe dela, porque a mãe dela dizia que suas roupas estavam muito curtas ou decotadas pra ela andar de metro a noite. As duas acabavam por ter discussões acaloradas, Letícia defendia veemente a utilização das roupas, achava que era um absurdo, ela se sentia bem e que iria usar e não se importava com o que falassem. Algumas vezes ela até cedia, afinal a mãe dela não dizia por mal e sim por preocupação, mas eu achava engraçado e ao mesmo tempo incrível essa determinação e autenticidade por aquilo que fazia ela se sentir ela. A Le nem deve saber, mas muitas vezes ela foi uma grande militante, defendendo isso das mulheres usarem roupas da maneira que elas quiserem sem serem julgadas por isso.

Porém eu nunca vi mal no comprimento ou nos decotes dela, aquilo pra mim era muito ela, e talvez realmente em outra pessoa, inclusive em mim, ficaria de certa forma exagerado, ou até mesmo um pouco vulgar para se andar por ai de metro, mas as saias curtas nunca mostraram demais, principalmente por causa de ela ter as pernas longas e o quadril estreito, e os decotes foram usados com tanta confiança e despojo que eram a última coisa que eu percebia na produção.

No livro, o casaco de Marx, o autor fala sobre a autobiografia de Philip Roth, ele mostra que nesta obra o autor conta a história de Nina Payne que teve seu marido falecido e apesar de se livrar de algumas peças dele ela guardou outras com maior valor sentimental, para repassar para seus filhos. Ele observa que quando a peça de roupa muda de portador, seus valores e lembranças se mantêm, porém a roupa ganha novas formas quando está em um novo corpo, novas histórias e cria-se ali uma peça nova. Acredito que isso se deve muito a personalidade da pessoa, a sua atitude dentro da roupa, seu corpo, sua maneira de usar a peça, tudo isso influência.

Avaliando a personalidade dela, consigo ver ainda mais claramente o porquê de essas peças e look que eu a vi usar diversas vezes terem tido esse impacto diferente apenas por estarem sendo vestidos por ela. A Letícia é uma menina alegre, cheia de vivacidade, ela é muito simpática e inocente, porém ela não deixa que ninguém pise nela, é queixo duro e não foge de uma briga, ela é confiante e eu vejo que tem um grande amor próprio que ao mesmo tempo é humilde. E tudo isso reflete diretamente no dialogo que ela estabelece nas roupas que usa. Sua felicidade e simpatia tornam as cores básicas e sóbrias vivas no corpo dela, sua inocência e segurança fazem com que os decotes e comprimentos pequenos não definam seu caráter e sim o seu estilo.

Desde que ela começou a trabalhar e logo em seguida a namorar, percebi algumas mudanças, mas que ao mesmo tempo se adaptaram a personalidade dela. Foi mais ou menos no meio do ano passado para cá que ela começou a apostar no comprimento midi ou no joelho mesmo para saias, e algumas peças com a modelagem mais desestruturada. No contexto das roupas que ela costumava usar, esse foi que fez com que ela amadurecesse o seu estilo sem perder a essência. Mesmo assim ela não largou os decotes e pequenas saias, ela na verdade trouxe novas combinações e possibilidades para elas.

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