Análise antropológica do filme Pantera Negra
Por: thsradb • 24/3/2019 • Resenha • 637 Palavras (3 Páginas) • 290 Visualizações
O filme Pantera Negra ambienta uma nação da África conhecida por Wakanda, região isolada das
outras que esconde muita riqueza e progresso tecnológico. O filme não fica só no cliché de discutir
diferenças nas riquezas e disputas de poder entre os países, ele vai além, discute comportamentos
historicamente moldados e ideias vinculadas a determinadas personagens, particularmente as
mulheres. Na trama, alguns ordenamentos dessa sociedade apresentam divergências se
comparados a qual estamos habituados. A começar pelo exército oficial, constituído apenas por
mulheres. Estabelecendo nesse ponto uma óptica nova, posto que estamos acostumados a ver
tarefas de proteção, de travamento de guerras e práticas que exijam força física vinculadas a figura
masculina, principalmente se pensarmos na indústria cultural, acostumada a destinar protagonismo
aos homens. Nesse sentido, três personagens chamam atenção justamente por confrontarem ideias
pré-estabelecidas sob a figura feminina: Shuri, principal responsável pelo progresso tecnológico de
Wakanda; Nakia, espiã que realiza trabalhos fora dessa nação e apresenta forte posicionamento
político e Okoye, chefe da guarda real detentora de grande força e disciplina diante do exército. Tais
personagens vão construindo no decorrer da história uma crítica à vinculação que a sociedade faz
sob a figura da mulher, esta sempre representada com docilidade, imersa em decisões passionais e
guiada por seus extintos emocionais.
Shuri é irmã do rei, mas não ganha nossa atenção por isso. A primeira surpresa é ver uma mulher
à frente de projetos de engenharia tecnológica, área estereotipada como masculina. Além disso, ela
demonstra através de seus comentários ácidos e perspicazes uma inteligência crítica, astuta, que o
filme utiliza para criticar o processo de colonização e desigualdade presente no mundo. Nakia é exnamorada do rei, porém, novamente não chama a atenção por esse motivo. Ela se apresenta uma
mulher engajada, de alto senso crítico e conhecimento político. É através dela que são questionadas
tradições e a forma rígida com que a estrutura social é moldada, de uma maneira burocrática que
obriga todos a aceitarem as figuras de poder, ainda que não sejam dignas de respeito. Ela destila
sua crítica a centralização de riquezas em um só país, quando poderia ser feita uma distribuição de
tecnologia e promoção de progresso humano mais igualitário ao mundo. Ademais, tira a vinculação
da figura feminina a importância dada ao casamento e às relações afetivas, pois mesmo amando o
rei, abre mão deste para dar importância a sua visão política, distinta da dele, e sua carreira como
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