Artes Visuais na Educacao Infantil
Por: Cibele Noronha • 25/3/2021 • Trabalho acadêmico • 13.527 Palavras (55 Páginas) • 285 Visualizações
INTRODUÇÃO
Sabemos que, há bem pouco tempo, a Educação Infantil não fazia parte do Ensino Básico, porém a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9.394/96 permitiu que esta etapa fosse reconhecida com a sua função e importância na formação das crianças. E diante desta mudança a disciplina de Artes apareceu com maior ênfase, já que tem uma tarefa importante nesta etapa educacional, pois engloba os fatores do conhecimento, da sensibilidade e da cultura.
Na fase da educação infantil a criança está em formação, e o desenvolvimento dos sentidos antecede o das atividades superiores intelectuais. Portanto, ao ensinar Artes na Educação Infantil o foco dever ser no processo de criar, onde o aluno pode elaborar seus próprios sentidos em relação ao mundo que o cerca. A arte, para a criança, pode favorecer um equilíbrio importante entre o intelecto e as emoções.
O trabalho com as Artes em sala de aula, vem favorecer o desenvolvimento de diferentes leituras do mundo para os educandos. A escola oferece esse espaço, onde é possível intermediar essa cultura, já que funciona como um ponto de interseção e convergência para a reprodução cultural, a crítica e a construção da cidadania, onde o objetivo principal não é o produto final do trabalho criativo, mas sim o processo de crescimento, ou seja, o pensamento, sentimento, percepções que vivenciadas.
Toda criança é curiosa e está sempre apta a explorar. Assim sendo, na escola, os alunos precisam vivenciar situações que estimulem e despertem ainda mais essa curiosidade, para que possam revelar as suas características, externar as suas dificuldades, os seus sentimentos, os seus talentos e expressões próprias.
Para Gullar (2006), o mundo que o artista cria parte das suas experiências, daquilo que ele consegue enxergar no mundo, na sua cultura. Desta forma, a arte parte sempre de dentro do indivíduo, com sentimentos, interesses, valores e conhecimentos. Portanto, o ensino de artes é essencial para o desenvolvimento educacional e social de crianças.
E neste trabalho buscamos salientar que a arte tem um papel importante no processo de educação da criança por incorporar sentidos, valores, expressão, movimento, linguagem e conhecimento de mundo, em seu aprendizado. A arte se manifesta em várias linguagens, ou seja, pela dança, música, pinturas, esculturas, teatro, entre outras. E em todas, a arte sempre expressa ideias e sentimentos.
Esta pesquisa traz uma reflexão sobre o ensino de Artes na Educação Infantil, através de uma pesquisa bibliográfica. Pois a Arte e suas linguagens são importantes para o desenvolvimento e a formação da criança. Já que é através do imaginário e do fazer artístico que a criança demonstra suas emoções e sentimentos.
O Capitulo I traz um breve panorama histórico do ensino de Artes no Brasil. E posteriormente no capítulo II uma reflexão da Arte e o seu significado para as crianças.
O professor apresenta à criança o mundo das artes, mediando suas ações segundo suas leituras de mundo, a apropriação da realidade e suas expressões pessoais registradas, sejam em pinturas, música, teatro, desenho e suas infinitas possibilidades de criatividade. A vivência artística influenciará no modo como a criança aprende,como ela se comunica e como faz a história no seu contexto.
CAPÍTULO I
UM BREVE PANORAMA HISTORICO DO ENSINO DE ARTES NO BRASIL
Para um melhor entendimento sobre o ensino de Artes e suas linguagens, é interessante conhecermos mais sobre o panorama histórico do mesmo aqui no Brasil.
Com o objetivo de formar uma Escola de Arte, em 1816, D. João VI trouxe a Missão Francesa, que efetivamente começou a trabalhar apenas 10 anos depois, porém devido do alto custo, poucos tinham a oportunidade de estudar Arte.
Já na década de 1870, período de grandes transformações culturais, o ensino de Arte foi voltado para a formação de desenhistas. E, posteriormente entre 1890 e 1920 foi predominante, aqui no Brasil, a cópia de quadros e o desenho geométrico.
Em 1920, a Arte passa a ser incluída no currículo escolar como atividade integrativa, apoiando o aprendizado de outras disciplinas, porém, os exercícios de cópia são mantidos.
Mas em 1922, com a Semana de Arte Moderna, a Arte-Educação no Brasil teve um grande avanço, com os conceitos de livre expressão e influências de Mário de Andrade e Anita Malfatti, ambos concordavam que a Arte tinha como finalidade principal permitir que a criança expressasse seus sentimentos e também traziam a concepção de que a Arte não é ensinada, mas, expressada.
O artista plástico Augusto Rodrigues, em 1948 resolveu criar a Escolinha de Arte valorizando a capacidade criadora, após saber que uma mostra de arte infantil foi excluída por ter interferência adulta e alguns clichês.
E a partir dos anos 50 o currículo escolar em Artes era composto pelas seguintes matérias: Desenho, Música, Canto Orfeônico e Trabalhos Manuais, mantendo o caráter e a metodologia do ensino artístico anterior.
Na Pedagogia Tradicional e Tecnicista, o foco do ensino era a transmissão de conteúdos para reprodução, sem preocupação com a realidade social ou com as diferenças individuais dos alunos. E neste período, nas aulas de Artes, os professores focavam uma construção pautada nos aspectos técnicos e no uso de diversos materiais, ou seja, traziam poucos conhecimentos das linguagens artísticas.
Neste período, ensino de arte no Brasil foi baseado na concepção de arte como técnica. Conclui-se que a orientação de ensino de arte como técnica parte basicamente de dois princípios:
- a efetivação do processo de aprendizagem da arte através do ensino de técnicas artísticas, para uma formação meramente propedêutica, que visa, como por exemplo, à preparação para a vida no trabalho;
- e na utilização da arte como ferramenta didático-pedagógica para o ensino das disciplinas mais importantes do currículo escolar, tais, como Matemática e Língua Portuguesa;
Assim sendo, o ensino de arte na educação escolar não trazia um fundamento em si mesmo, apenas servia como meio para se alcançar objetivos que não relacionados com o ensino de arte de fato.
Em 1914, começa a surgir a Tendência Modernista, através da influência da pedagogia experimental. Nesse ideário, a concepção de ensino de arte como o desenvolvimento da expressão e da criatividade tem as suas bases conceituais e metodológicas ligadas ao Movimento Escolinhas de Arte (MEA). O MEA foi o primeiro importante movimento que possibilitou o processo de transformação filosófica e metodológica de nossa Arte/Educação (AZEVEDO, 2000). Outro dado importante, é o MEA, por mais de 20 anos, o mesmo foi responsável pela formação inicial e continuada dos arte/educadores de diferentes regiões brasileiras, conforme os estudos de Varela (1986).
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