Artrose do Joelho Osteoartrite Artrose
Por: Victor Becher • 18/6/2019 • Artigo • 2.251 Palavras (10 Páginas) • 276 Visualizações
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Artrose do joelho
Osteoartrite/artrose:
- Doença articular degenerativa progressiva que acomete qualquer articulação, principalmente articulações sinoviais diartrodiais (joelho).
- É uma alteração difusa da articulação que envolve a cartilagem e o osso subcondial.
- Osteoartrose = artrite = osteoartrite.
- Termo popular: “desgaste”.
- Costuma aparecer em pessoas mais velhas, mais pode ocorrer em jovens por traumas e doenças auto-imunes.
Estrutura da cartilagem:
- Matriz extra-celular (70-80% água).
- 50% colágeno (tipo II 90%).
- 50% proteoglicanos (ácido hialurônico, sulfato de condroitina tipo 6).
- Aneural (cartilagem não dói; apesar do atrito entre as substancias cartilaginosas, não há dor com movimentos; a dor inicia quando há comprometimento do osso subcondral ou envolvimento e inflamação da capsula sinovial), alinfática e avascular.
- Nutrição por difusão: nutrientes estão no líquido sinovial (produzido pela lâmina sinovial).
- Baixa quantidade de condrócitos (< 10% peso seco) e avascularidade limita a capacidade de reparação.
Patogênese:
- Degradação maior que a síntese.
- Afilamento🡪 erosões🡪 exposição óssea.
- RX: Condropatia com áreas de exposição óssea subcondral em área de carga.
Características básicas:
- Degeneração da cartilagem.
- Redução do espaço articular (cartilagem não é vista no RX; o estreitamento desse espaço mostra a redução da cartilagem).
- Cistos subcondiais: mecanismo de formação não esclarecido; fissuras na cartilagem gera acumulo de líquido sinovial no osso subcondral. Mais frequente no quadril.
- Osteófitos marginais (bico de papagaio).
- Esclerose subcondral: aumento da pressão localizada gera reação óssea com produção de mais osso (osso deseja aumentar sua densidade; surge uma osteoporose regional em áreas adjacentes devido a essa osteossíntese).
- Deformidade: não é tão comum em osteoartrose primária; mais comum em doenças inflamatórias auto-imunes.
Fatores predisponentes:
- Idade.
- Obesidade.
- Genéticos.
- Ocupacionais.
- Sexo masculino.
- HAS, aterosclerose, nutricionais.
- Osteoporose.
- Lesão de ligamento cruzado anterior e lesão meniscal.
Classificação ICRS (internacional cartilage repair Society)
- 0: sem lesão.
- 1: lesões superficiais; fissuras.
- 2: lesões de menos de 50% da espessura da cartilagem.
- 3: comprometimento de toda a espessura da cartilagem, podendo haver exposição óssea.
- 4: exposição além do osso subcondral.
Classificação etiológica:
- Primária: idiopática.
- Secundária:
- Desvio do eixo mecânico (varo e valgo).
- Fraturas articulares.
- Lesões meniscais (ligamentares?). Menisco é um amortecedor do joelho e principal estrutura que protege a cartilagem.
- Doenças neuropáticas (Charcot).
- Ocupacional (serviço pesado, jogador de futebol).
- Doenças inflamatórias ou imunológicas: AR, LES, Sindrome Reiter, artrite psoriática).
História clínica:
- Patologias associadas.
- Atividade, idade, obesidade.
- Tipo de dor: insidiosa, “movimento-dependente”, relação com pressão barométrica.
- Crepitações, bloqueios mecânicos.
- Rigidez articular (melhora com atividade).
- Surgimento de deformidades tardias.
- Tratamentos prévios.
- Sintomas:
- Paciente queixa-se de dor para levantar, demora para andar normalmente (melhora com movimento), joelho incha, redução do arco de movimento.
- Em estágios avançados, há necessidade de auxilio para marcha (andador, escorar em outra pessoa)
- Comprometimento do nível de atividade.
Exame físico:
- Análise da marcha (antálgica; claudicação (paciente manca para reduzir apoio de um lado.).
- Alinhamento estático e dinâmico do membro (genovaro, genovalgo)
- Estabilidade ligamentar (afrouxamento secundário).
- Mobilidade articular reduzida.
- Palpação de osteófito, derrame articular e crepitações.
- Atrofia muscular é rara.
- Nódulos de Heberden (IFD): nódulos nos dedos da mão.
- Articulações prediletas: IFD, vértebras lobares, joelhos, quadris, coluna cervical, cotovelos.
Exame radiológico:
- RX do joelho AP com carga.
- Schuss ouRosemberg: AP com flexão 45 graus: coloca mais em contato áreas de carga, percebendo-se melhor a redução do espaço articular. É mais sensível.
Classificação Ahlback:
- Grau I: redução do espaço articular.
- II: obliteração do espaço.
- III: atrito tibial, < 5 mm, posterior preservada.
- IV:
- V:
Classificação de Kellgren-Lawrence:
- Normal a grave.
- Foca na formação de osteófitos, estreitamento do espaço articular e esclerose óssea.
Achados laboratoriais:
- Idiopática:
- VHS normal.
- Hemograma normal.
- Liquido sinovial:
- Contagem celular normal,
- Glicose normal
- Proteínas < 5,5
- Artrite reumatoide: turvo, células > 3000, polimorfonucleares, proteínas > 8 g/dl.
Tratamento:
- Não cirúrgico ou conservador:
- Não farmacológico: mudança de atividade física, estilo de vida e ambiente domiciliar.
- Repouso, mudança de atividade física.
- Bengala ou andadores.
- Calçado adequado: redução do impacto, cunhas no solado.
- Órteses (“braces”🡪 não funcionam muito bem).
- Redução do peso.
- Fisioterapia: calor, massagem, evitar contraturas, educação postural, fortalecimento do controle muscular.
- Farmacológico:
- AINEs: inibidores da COX-2.
- Suplementos condroprotetores: glucosamina, sulfato de condroitina.
- Injeção intra-articular: corticoides (triancinolona, dexametasona, hidrocortisona).
- Viscossuplementação: ácido hialurônico.
- Cirúrgico.
- Artroscopia:
- Lavagem e desbridamento.
- Visa postergar procedimentos mais extensos.
- Alívio em 50-70%, paliativa.
- Melhores resultados:
- Sintomas mecânicos de curta duração (< 6 meses).
- Estágios precoces (Ahlback I e II), varo < 5º.
- Bom alinhamento axial.
- Osteotomias:
- Indicação: Paciente jovem ativo, com artrose monocompartimental e desvio de eixo.
- Visam transferir a carga para o compartimento menos afetado.
- Permite manter o nível de atividade.
- Posterga artroplastias.
- Planejamento:
- Técnica Miniacci:
- Traçar onde quer que passe o eixo mecânico (linha reta do centro da cabeça do fêmur ao centro do tornozelo). Calcula o ângulo da correção.
- Artrodeses:
- Pacientes jovens.
- Fusão entre fêmur e tíbia.
- Demanda funcional elevada.
- Geralmente após traumas de alta energia com grave destruição articular.
- Cuidado com doenças sistêmicas.
- Ex: artrite reumatoide: contra-indicadas.
- Raras.
- Limita muito ao paciente. Portanto, evitar. Preferir osteotomia.
- Artroplastia:
- Substituir superfície articular por metal e plástico.
- Indicações.
- Falha do TTO conservador.
- Dor incapacitante.
- Limitação funcional grave.
- > 50-60 anos, pouco ativos.
- Atividades permitidas: bibicleta, natação, caminhada.
- Tipos:
- Parciais ou monocompartimentais: medial/lateral/femoropatelar.
- Totais: artrose avançada, ultima opção.
- Complicações:
- Precoces:
- Infecção.
- Deiscência.
- TVP.
- Fratura periprotética.
- Tardias:
- Soltura do implante.
- Delaminação do UHMWPE.
- Osteólise.
- Infecção.
- Fratura periprot´tica.
- Patela “clunch”.
Lesão do ligamento cruzado anterior
Função do LCA:
- Restringe o deslocamento anterior da tíbia em relação ao fêmur em até 90%.
- Estabilizador secundário varo-valgo.
- Limita a rotação interna da tíbia em relação ao fêmur.
Mecanismo de lesão:
- Hiperextensão do joelho.
- Movimentos de torção.
- Esportes de luta: rotação e valgo.
Achados clínicos:
- 2ª-3ª década.
- 2H:1M.
- Lesões meniscais associadas.
- 75% hemartrose.
- 34% estalo audível.
- 80% lesão sem contato.
- Principal queixa: falseio e instabilidade.
- Teste de Lachmann: translação anterior da tíbia aumentada. Feito com joelho em flexão de 20-30º.
- Teste da gaveta anterior: joelho a 90º de flexão. Examinador senta no pé do paciente e tenta anteriorizar a tíbia. comparar com lado contralateral.
- Teste de Pivot-shift/Jerk test: deslocamento anterior da tíbia e rotação lateral. Teste que mais evidencia instabilidade rotacional.
Imagens:
- RX: avulsões, fratura de Segond, derrame articular, desvios de eixo.
- Artrografia (em desuso): meniscos.
- RNM: acurácia de 95%. Mais usado.
- Sinal quase patognomônico: edema ósseo no rebordo costo-lateral da tíbia e no côndilo do fêmur.
O que acontece após a lesão?
- Ativos: 65 a 87% tem instabilidade na pratica esportiva.
- 69-87% terão dor.
- <30% capazes de continuar esporte.
- Alta prevalência de osteoartrose a longo prazo, mesmo operando (20-74%).
Tratamento:
- Conservador:
- Paciente de baixa demanda funcional (< 50h de esporte por ano)
- Pouca sintomatologia.
- Deslocamento anterior < 5mm (KT 1000 mede em mm o deslocamento anterior da tíbia).
- Fortalecimento, ADM, propriocepção.
- Cirúrgico:
- Indicada para Pivot (futebol e basquete), saltos.
- Evita risco de lesões meniscais.
- Reconstrução ligamentar (diferente de reparo).
- Enxerto de outro local do corpo é transferido à posição do LCA e fixado com parafusos.
- Fonte doadora de enxerto: ligamento patelar, tendões do semitendinoso e grácil (esses tendões se regeneram em 80% dos pacientes).
- Pós-operatório:
- Sem imobilização, carga conforme tolerado.
- 2 semanas: cadeia fechada, bicicleta.
- 6 semanas: treinos de agilidade, corrida.
- 10 semanas: intensificar fortalecimento e treinos de agilidade.
- 8 meses: ADM completa.
- LCA dupla-banda:
- 2 bandas anatômicas e fisiológicas.
- Anteromedial (restringe deslocamento anterior) e posterolateral (restringe rotação interna da tíbia).
- Na teoria, é boa, mas, na pratica, não se mostrou tão eficaz.
Conclusões:
- Lesão LCA é muito frequente.
- Facilita lesões condrais e meniscais e o desenvolvimento de artrose no futuro.
- Reconstrução via artroscópica:
- Instabilidade, ativos, esportes de risco para rompimento ligamentar.
- Técnica tem sofrido modificações.
- Enxertos mais comuns:
- Flexores: semitendinoso e grácil.
- 1/3 central do ligamento patelar.
- Retorno ao esporte em 8 meses.
- Reabilitação e prevenção = essenciais.
Lesões do ligamento cruzado posterior
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