Exemplos de filmes sem progressão
Abstract: Exemplos de filmes sem progressão. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Neumanns • 27/7/2014 • Abstract • 1.330 Palavras (6 Páginas) • 185 Visualizações
Uma situação é a apresentação de uma relação tensa, a qual prenuncia
e impõe um campo de ação possível que terminará em uma resolução ou
um relaxamento. É o reino das possibilidades do drama. Pegue um filme
como Apollo 13 (Ron Howard, 1995), por exemplo. Três astronautas en-
frentam problemas em sua nave na órbita da Terra. A partir das situações
geradas por esse problema inicial (os problemas técnicos a serem resolvi-
dos, as dificuldades de relacionamento entre os astronautas, as disputas
pessoais e o embate entre suas personalidades), temos situações dramáti-
cas que são limitadas pela vontade dos personagens e pela verossimilhan-
ça interna da história.
Todo drama possui um ponto inicial de relaxamento (que não necessa-
riamente precisa estar na primeira cena do roteiro, podendo simplesmente
ser “deduzido” pelo público) e, após uma série de tensões e relaxamentos,
atinge outro estágio de relaxamento, que determina o final do filme. A re-
lação entre os personagens, a tensão entre suas motivações, obriga uns ou
outros a agir, a romper a “perfeita arquitetura” desse primeiro momento.
Então, dos conflitos surgidos a partir dessas motivações pessoais, chega-se
a um novo relaxamento.
Portanto, para fazer jus à denominação de situação dramática, o
princípio de transformação da história deve ser identificado com a ação
dos personagens. Ou seja, a situação de tensão deve levar algum persona-
gem a agir, pondo assim em movimento um processo de ações e reações –
um conflito. No modelo dramático, então, “ação” é uma decisão, uma
ação humana com intenção. Os homens agem e implicam-se nessa ação,
assumem as responsabilidades e conseqüências de seus atos. Sendo assim,
as situações são laboratórios da experiência humana.
A criação não tem regras. Ela pode começar por qualquer elemento:
uma imagem, um gesto, uma frase; qualquer coisa pode detonar sua bus-
ca de expressão. Mas você só vislumbrará uma história quando tiver uma
situação fundamental. Falamos de “situação”, no singular, referindo-nos
ao núcleo de forças que age sobre a relação entre os personagens, mas isso
é uma fórmula estética. Para que a história surja, esse núcleo deve ser des-
dobrado no tempo, numa série de situações. Falando numa linguagem
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SER OU NÃO SER DRAMÁTICO
um tanto matemática, se houver um princípio de transformação comum
a essa série (a “unidade de ação” aristotélica), a história terá uma unidade.
Concluímos que uma boa situação dramática não é simplesmente um
grupo de personagens colocados juntos. É óbvio que o personagem é peça-
chave nesse quebra-cabeça: ele é o que há de mais vivo numa narrativa, e
existem mesmo personagens que parecem viver para além da história. Mas
isso é efeito, justamente, da eficácia da narrativa. Você pode até conceber
personagens “soltos”, escrever “fichas”, inventar biografias que recuem dez
gerações (qualquer método criativo vale a pena), mas só terá um germe de
história quando os personagens começarem a se relacionar. E eles só se tor-
narão vivos até o limite de parecerem reais e independentes, na medida em
que essas relações os revelarem. Ou seja, tão importante quando a qualidade
dos personagens é a capacidade que as situações criadas pelo autor têm de
revelá-los.
b) Diálogo
O conflito dramático exige ação. E não queremos dizer correria ou
porrada. São decisões – poderíamos dizer “de-cisões”, cisões na vida –,
atos de vontade que terão de enfrentar outras vontades. O drama surgiu
no Renascimento porque é a forma que põe a liberdade humana no cen-
tro de tudo. Mas, como disse Kant (e repetem as mães responsáveis na
educação de seus filhos), a liberdade de um vai até onde começa a do ou-
tro18. Como ninguém se acerta muito com essas fronteiras, liberdade e
conflito acabam sendo duas faces da mesma moeda.
Num bom drama, os confrontos adquirem formas verbais. Ao contrá-
rio do que dizem por aí, as palavras machucam, e muito. O diálogo é a are-
na do drama. Como diz Szondi (Teoria do Drama Moderno), é o diálogo
que cria o tempo e o espaço da cena dramática19. Nada existe fora do duelo
dos livres faladores.
O diálogo nasce no momento em que é pronunciado. O esforço do
autor é fazer com que suas palavras saiam da boca dos personagens não
como
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