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Expressionismo

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Por:   •  25/5/2014  •  Tese  •  9.760 Palavras (40 Páginas)  •  706 Visualizações

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O expressionismo foi um movimento artístico e cultural de vanguarda surgido na Alemanha no início do século XX, transversal aos campos artísticos da arquitetura, artes plásticas, literatura, música, cinema, teatro, dança e fotografia. Manifestou-se inicialmente através da pintura, coincidindo com o aparecimento do fauvismo francês, o que tornaria ambos os movimentos artísticos os primeiros representantes das chamadas "vanguardas históricas". Mais do que meramente um estilo com características em comum, o Expressionismo é sinónimo de um amplo movimento heterogéneo, de uma atitude e de uma nova forma de entender a arte, que aglutinou diversos artistas de várias tendências, formações e níveis intelectuais. O movimento surge como uma reacção ao positivismo associado aos movimentos impressionista e naturalista, propondo uma arte pessoal e intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista – a "expressão" – em oposição à mera observação da realidade – a "impressão".

O expressionismo compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjectiva a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade. Entendido desta forma, o expressionismo não tem uma época ou um espaço geográfico definidos, e pode mesmo classificar-se como expressionista a obra de autores tão diversos como o holandês Piet Zwiers, Matthias Grünewald, Pieter Brueghel, o Velho, El Greco ou Francisco de Goya. Alguns historiadores, de forma a estabelecer uma distinção entre termos, preferem o uso de "expressionismo" – em minúsculas – como termo genérico, e "Expressionismo" – com inicial maiúscula – para o movimento alemão.1

Através de uma paleta cromática vincada e agressiva e do recurso às temáticas da solidão e da miséria, o expressionismo é um reflexo da angústia e ansiedade que dominavam os círculos artísticos e intelectuais da Alemanha durante os anos anteriores à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que se prolongaria até ao fim do período entre-guerras (1918-1939). Angústia que suscitou um desejo veemente de transformar a vida, de alargar as dimensões da imaginação e de renovar a linguagem artística. O expressionismo defendia a liberdade individual, o primado da subjectividade, o irracionalismo, o arrebatamento e os temas proibidos – o excitante, diabólico, sexual, fantástico ou perverso. Pretendeu ser o reflexo de uma visão subjectiva e emocional da realidade, materializada através da expressividade dos meios plásticos, que adquiriram uma dimensão metafísica, abrindo os sentidos ao mundo interior. Muitas vezes visto como genuína expressão da alma alemã, o seu carácter existencialista, o seu anseio metafísico e a sua visão trágica do ser humano são características inerentes a uma concepção existencial aberta ao mundo espiritual e às questões da vida e da morte. Fruto das peculiares circunstâncias históricas em que surge, o expressionismo veio revelar o lado pessimista da vida e a angústia existencialista do indivíduo, que na sociedade moderna, industrializada, se vê alienado e isolado.

O expressionismo não foi um movimento homogéneo, coexistindo vários polos artísticos com uma grande diversidade estilística, como a corrente modernista (Munch), fauvista (Rouault), cubista e futurista (Die Brücke), surrealista (Klee), ou a abstracta (Kandinsky). Embora o seu maior polo de difusão se encontrasse na Alemanha, o expressionismo manifestou-se também por meio de artistas provenientes de outras partes da Europa como Modigliani, Chagall, Soutine ou Permeke, e no continente americano como, por exemplo, os mexicanos Orozco, Rivera, Siqueiros e o brasileiro Portinari. Na Alemanha existiram dois grupos dominantes: Die Brücke (fundado em 1905), e Der Blaue Reiter (fundado em 1911), embora tenha havido artistas independentes e não afiliados com nenhum dos grupos. Depois da Primeira Guerra Mundial surge a Nova Objetividade que, embora tenha sido uma reação ao individualismo expressionista e procurasse a função social na arte, a sua distorção das formas e o seu intenso colorido fazem do grupo um herdeiro directo da primeira geração expressionista.

A transição do século XIX para XX assistiu a inúmeras transformações políticas, sociais e culturais. A burguesia vive um período áureo de grande ostentação económica e influência política, a Belle Époque, que se manifestaria nas artes através do modernismo, movimento artístico que responde ao luxo e ostentação copiosos procurados pela nova classe dirigente. No entanto o receio perante a ocorrência de um novo episódio revolucionário, face às constantes revoluções ocorridas ao longo de todo o século XIX desde a Revolução Francesa (o último em 1871, durante a Comuna de Paris), levou a classe política a decretar uma série de concessões sociais, como a reforma laboral, a segurança social e o ensino básico obrigatório. A queda da taxa de analfabetismo e o aumento da literacia traduziu-se no crescimento assinalável dos meios de comunicação social, e numa difusão dos fenómenos culturais a uma escala e velocidade sem precedentes que estaria na origem da cultura de massas.2

O progresso tecnológico no campo das artes, sobretudo depois da aparição da fotografia e do cinema, faz com que toda a comunidade artística se interrogue sobre o seu papel na sociedade. A imitação da realidade deixou de fazer sentido, uma vez que as novas técnicas tornaram o processo mais fácil, rápido e reprodutível. As novas teorias científicas como a teoria da relatividade de Einstein, a psicanálise de Freud ou a subjectividade do tempo de Bergson, abriram a porta a noções subjectivas da realidade, fornecendo elementos para que o mundo artístico se questionasse sobre as próprias fronteiras da objectividade. A procura de novas linguagens artísticas e novas formas de expressão traduziu-se na formação de vários movimentos de vanguarda que exploravam uma nova relação do artista com o público. Os vanguardistas pretendem integrar a arte com a própria sociedade e fazer da sua obra uma expressão do inconsciente coletivo da sociedade que representava. Por sua vez, a interacção com o espectador leva a que este se envolva na percepção e compreensão da obra, assim como na sua difusão e mercantilização, factor que estará na origem do crescimento exponencial das galerias de arte e dos museus.3

O expressionismo integra aquilo que se convencionou designar por "vanguardas históricas"; o imenso grupo de movimentos artísticos surgidos desde o início do século XX anterior à I Guerra Mundial até o fim da II Guerra Mundial em 1945. Esta designação inclui ainda, entre outros, o fauvismo, o cubismo,

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