Relatório sobre a apresentação do teatro

Relatório da Apresentação no Teatro

Ao chegar no teatro, já fiquei bastante impactada com os estudantes que ficavam na entrada representando pessoas em sofrimento mental. Agiam de maneira bem convincente, nos fazendo viver e ver de perto uma realidade que muitas vezes fazemos questão de ignorar.

A peça, tratava-se de um funcionário público, que por sua falta de importância com seu emprego e sua solitária existência, cria para si uma nova identidade.

Em seu delírio de grandeza, ele se faz um rei. Por estar loucamente apaixonado por a filha do diretor ele passa a perseguir suas cachorrinhas afim de descobrir mais sobre Sofia.

Escreve cartas e diz serem escritas e trocadas entre elas, passa horas em frente ao prédio onde mora Sofia, na intenção de vê-la passar. Enquanto isso, vai encarnando seu “papel” de rei, para que possa sentir-se a altura da filha do diretor: Apenas um rei seria digno de tão majestosa criatura! (Sofia)

Sua situação fica ainda mais séria quando sabe do casamento de Sofia com outro rapaz, pois já não ia mais ao trabalho, passava horas e até dias mergulhado em seus surtos e lamentos.

Cada vez mais convencido de que era o rei da Espanha ele é levado e internado em um manicômio. Os gritos, o apelo, as surras... Tudo isso é de chocar sempre que vejo, dessa vez não foi diferente, cheguei a chorar ao imaginar o quanto é lamentável para uma pessoa que já passa por um sofrimento mental ainda ter que passar por maus-tratos e agressões, em o quanto são desumanizados nesses lugares, são completamente retraídos de uma vida digna.

Na cena, enquanto era representada, haviam pessoas por trás, como se estivessem também no manicômio, quase que invisíveis aos olhos do espectador, assim como é na realidade muitas vezes: INVISÍVEIS, para a sociedade. Apenas um louco que precisa ser trancado e não tratado, porque deixa de ser quem é, para ser uma ameaça, perde sua subjetividade e o direito de ser tratado como ser humano. Saúde mental tem sido mais que uma disciplina em minha experiência enquanto psicóloga em formação. Saúde mental tem sido uma lição de vida, de amor ao próximo, uma visão de uma realidade que apesar de muito próxima de mim, eu não a enxergava com essa grandeza que ela representa.

É muito forte lhe dar com a saúde mental, as vezes dói a alma ver pessoas em situação de sofrimento, tanto mental quanto físico em ambientes onde elas deveriam estar sendo cuidadas, mas também é gratificante ver que essa situação tem mudado com Luta Antimanicomial, ver usuários lutando por seus direitos, expressando suas criatividades e recebendo a chance de se reintegrar na sociedade como cidadãos.

Após a apresentação, deu-se início ao debate que nos trouxe informações sobre as redes de Caruaru, falaram em seu crescimento nestes últimos 4 anos, do fechamento dos dois hospitais psiquiátricos da cidade (Dr. Veloso e Santa Sofia). Ressaltaram também a importância de mais trabalhos acadêmicos na área de saúde mental, e que apesar de Caruaru disponibilizar de muitos serviços os funcionários ficam jogando usuários de um lugar para o outro, por falta da capacidade que ainda tem de lhe dar com as situações, e da carência de psiquiatras que ainda existe.

Eu, gostei muito de tudo que vi em saúde mental até agora, e espero que essa luta continue, e que como