Resenha do Filme Paradise Now

Resenha do Filme Paradise Now

O filme Paradise Now (Paraíso Agora), 2005, escrito por Hany Abu-Assad , Bero Beyer e Pierre Hodgson, e dirigido por Hany Abu-Assad, relata a história de dois jovens (Khaled e Said), que estão prestes a realizar um ataque suicida em Tel-Aviv, e mostra como eles passam as últimas 48h antes do ataque.

Dois melhores amigos de infância, Khaled e Said, trabalham como mecânicos em Nablus (ou Naplusa), principal cidade palestina na Cisjordânia, e também fazem parte de uma célula terrorista na região. Um dia, são chamados pelo seu líder e informados de que eles foram escolhidos para realizar um ataque suicida com bombas pelo corpo na cidade de Tel- Aviv, e tinham sido escolhidos para ser uma equipe, pois, desde criança sempre quiseram “morrer juntos como mártires”. Eles têm o direito de passar a noite em suas casas desde que não contem para ninguém sobre o plano. Said nessa noite consegue se encontrar com Suha, que é filha de uma reverenciada figura palestina, e também estão apaixonados um pelo outro. Suha é contra este tipo de ataque e traz inúmeras reflexões importantes para o telespectador nesse momento, e também para o personagem de Said. Ela mostra não apenas o lado humano, do que se deixa para trás, mas também o lado político de que os ataques continuarão oprimindo o povo palestino.

No dia do ataque, quando Said e Khaled tentam passar pela cerca de Israel o plano dá errado e eles são separados, tendo que postergar o ataque para o dia seguinte. Nesta parte do filme os dois personagens se confrontam com inúmeras ideias e pensamentos, podemos ver os conflitos, angustias e convicções. No dia seguinte, ao chegarem a um ônibus com alguns soldados israelenses, Said está convicto de que esta é a única forma de resistir, a tela fica clara e depois escura, seguida do silêncio e o filme termina.

Outra parte relevante do filme, é quando os dois personagens tem direito a gravação de um filme explicando o porquê fazem isso e quando recebem a ultima refeição, dando um tom de mártir as duas figuras, mas ao mesmo tempo o diretor retrata fatos da vida cotidiana dos dois, e parece querer nos lembrar que são apenas pessoas. Dessa forma, o filme traz um pouco mais do aspecto humano sobre a questão do conflito entre Palestina e Israel, onde se misturam o nacionalismo, a religiosidade e a questão da vida humana.

O filme é extremamente relevante para os debates acerca do conflito em questão, ele abre espaço para uma nova forma de visualizar o problema e uma nova abordagem no debate, principalmente para o Ocidente que tem uma visão deturpada dos acontecimentos na região e da população que ali vive.