Resenha do filme "A garota dinamarquesa"
Por: flaviacampos94 • 24/7/2016 • Resenha • 1.197 Palavras (5 Páginas) • 3.537 Visualizações
FACULDADE DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL ARAÇATUBA
CAROLINE LARISSA VILARIM
FLÁVIA DE CAMPOS CRUZ
GUILHERME LOPES DE OLIVEIRA
JAQUELINE FALCETTI GRIGOLETO
MARIANA ROSA DE BRITO
DISCUSSÃO SOBRE O FILME "A GAROTA DINAMARQUESA"
ARAÇATUBA –SP
2016
CAROLINE LARISSA VILARIM
FLÁVIA DE CAMPOS CRUZ
GUILHERME LOPES DE OLIVEIRA
JAQUELINE FALCETTI GRIGOLETO
MARIANA ROSA DE BRITO
DISCUSSÃO SOBRE O FILME "A GAROTA DINAMARQUESA"
Trabalho apresentado na disciplina Psicologia e Sexualidade sob a orientação do Professor André Tokuda no curso de Psicologia na Faculdade da Fundação Educacional Araçatuba, FAC-FEA.
ARAÇATUBA – SP
2016
O filme "A garota dinamarquesa" é baseado numa história real que ocorreu por volta de 1930, com o pintor dinamarquês Einar Wegener que desejava assumir uma identidade feminina. Relata a história de uma mulher que nasceu em um corpo biologicamente masculino e é considerada pioneira na realização de cirurgia de transição de gênero.
O filme começa em 1926, em Copenhage, onde Einar vive com sua esposa Gerda, com quem tem uma relação heterossexual. Ambos são artistas plásticos, e por este motivo compartilham da mesma paixão. Têm uma relação de companheirismo, amizade, ajudam um ao outro em seus ofícios.
Um dia, a modelo de Gerda se atrasa para uma sessão e a pintora pede um favor ao marido: que ele vista as meias de seda e os sapatos femininos para que ela possa começar a pintar e acaba colocando um vestido de festa sobre as roupas masculinas que usava.
O filme mostra questões preconceituosas, como ele cita no filme ter sido agredido pelo pai por conta de um beijo na boca com um amigo na adolescência, fica claro que o desejo foi reprimido. O toque macio da seda e das rendas é o ponto de partida da crise de identidade de Einar.
No início, Gerda acha engraçado o fato de o marido sentir prazer em vestir-se de mulher. A brincadeira se torna mais séria a partir da primeira festa em que ele vai travestido. Depois disso, Einar começa a vestir-se cada vez com mais frequência como Lili e acaba por assumir que sua personagem representava de fato sua verdadeira identidade: “Eu penso como Lili, sonho seus sonhos. Ela sempre esteve lá”, diz a Gerda.
Em decorrência de sua situação, Lili passa por muitos conflitos psicológicos, o que a faz buscar ajuda médica. Os médicos dão o diagnóstico de esquizofrenia e sugerem os mais absurdos tratamentos, até mesmo de eletrochoque. Até que um dia ela conhece um médico que lhe informa sobre a possibilidade de cirurgia de mudança de sexo biológico, algo que a motiva para transformar seu corpo condizente com sua identidade de gênero.
A partir desta busca, Lili é sujeitada a passar por algumas cirurgias de transgenitalização, visto que foi a primeira pessoa a passar por este procedimento de quem se tem notícia. Porém, devido a complicações da cirurgia acabou falecendo.
Considerando que no fim do século XIX e início do século XX, data esta em que se passa a trama, o objeto de estudos empíricos da chamada sexologia tinha como foco o comportamento sexual, cujo marco é as pesquisas sobre o comportamento sexual masculino e feminino. Esta abordagem sobre o comportamento sexual representou uma ruptura com os estudos de sexologia clínica focalizados sobre os "desvios sexuais" com aqueles fundados sobre a moral religiosa, a medicina ou a criminologia. Nesta época, a sexualidade ainda era reduzida a dimensão puramente comportamental, reforçando as categorias naturalizadas das explicações biomédicas. (LOYOLA, 2003)
Pode-se notar que Lili é uma transexual, ou seja, uma pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo biológico ao nascimento e apresenta uma sensação de desconforto ou impropriedade em relação ao seu corpo, manifestando o desejo de ser aceito como sendo do gênero oposto.
O sexo macho e fêmea é algo definido desde o nascimento, porém o gênero, masculino e feminino, é algo construído social e culturalmente, e que molda o indivíduo. Ao analisar a postura do pai de Einar nota-se que ele reprime o filho a expressar sua verdadeira identidade feminina, contribuindo para a reprodução das performances de gênero hegemônicas.
Nota-se que a demanda em relação à cirurgia se constitui basicamente pelo desejo de readequação do corpo sexuado ao gênero. Porém, se inicialmente esta demanda se insere num desejo de adaptação à norma heterossexual (fortemente influenciada pelos profissionais médicos), o acompanhamento cotidiano da diversidade das trajetórias sexuais e subjetivas nos permitiram perceber que não necessariamente “todas” as transexuais desejam a extirpação do pênis e a construção do canal vaginal para a realização do sexo genital “convencional”, isto é, entre pênis e vagina. Várias já estabelecem uma relação sexual e afetiva satisfatória, sendo a cirurgia apenas um entre outros atributos para a busca da sintonia com a identidade de gênero. Neste sentido, para algumas pessoas “a cirurgia é imprescindível”, outras “podem esperar” e ainda outras “podem desistir” da cirurgia sem “deixarem de ser transexuais”. Assim, é importante estabelecermos um tempo para o esclarecimento sobre esta demanda de realização da cirurgia e as suas consequências. (ARAN. M.; ZAIDHAFT, S.; MURTA, D, 2008)
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