Resumo Linguagem das Coisas
Por: SABLEVICIUS • 29/2/2020 • Resenha • 1.716 Palavras (7 Páginas) • 198 Visualizações
Cada qual é responsável pelo novo, independe disto o apelo, seja ele orgânico ou publicitário. Quando se está determinado, o resultado não é outro senão a compra, pois somos movidos e completamente dominados pela vontade de consumir e/ou pelo desejo.
Atualmente, algumas lojas são planejadas para que o cliente seja estimulado a comprar. Projetadas por grandes arquitetos ou profissionais do visual merchandising, que através de seus projetos fazem com que o consumidor seja parte de uma experiência sensorial no momento em que adentra o local, fazendo com que inevitavelmente venham a sentir a real necessidade de compra, mesmo sem que ela realmente exista. São exemplos: Dior, Prada, Gucci, Hermés etc.
Já, outras, têm a forma mais básica de consumo, onde as transações são reduzidas ao essencial. Não há sedução ou auto promoção por parte do ambiente, o “adquirir algo”, não está associado a necessidade, mas sim ao desejo de posse.
É um jogo de marketing que desperta na pessoa a vontade de ter, sem realmente precisar. Esse tipo de consumo faz com que entendamos mais sobre nós mesmos e sobre o papel do design no mundo atual.
O desejo de aquisição é tão forte, que começamos a arrumar desculpas e justificar nossos impulsos pela aquisição.
Além da aquisição desnecessária, alguns objetos podem acabar, por frustrar nossa saciedade, pois não são o que esperávamos ou não atendem bem nossas necessidades.
O desenvolvimento do design deve ser completo, tanto no que se refere a aparência, como a utilização e manuseio do objeto.
Atenção, a tendência “do novo” é ficar ultrapassado, comum e velho. Algumas vezes o que nos parece incrivelmente perfeito, após sua aquisição, revela alguns pontos que não nos agrada tanto assim.
No caso do autor do livro que é impulsionado pela gigante Apple a trocar seu laptop, relembra sua primeira aquisição da marca, e a sensação de que ficaria com aquele produto para a eternidade.
Neste caso, a Apple usa o design como atrativo para transformar seus produtos em alternativas almejadas e mesmo vendendo menos máquinas que seu concorrente, vende mais caro. Seduz seu público a ponto de que troquem o produto anterior em um curto espaço de tempo. Eis o sonho dos pioneiros do marketing americano que em 1930 estavam determinados a convencer o mundo que a saída da grande depressão seria o consumo.
Segundo Earnest Elmo Calkins, a engenharia de consumo precisa fazer que consumamos os produtos que utilizamos. É o que a Apple faz!
Porém o impulso da compra, a sedução criada pelo design e todo o conjunto que envolve essa atmosfera consumista não significa satisfação pelo produto final. No caso do autor, a decepção se deu por conta do fio branco que destoa do restante do imponente Macbook preto, e este fato não faz com que o equipamento tenha seu funcionamento prejudicado, mas mostrou a incoerência da Apple em não combinar os cabos com o laptop, colocando em duvida a integridade de todo o conceito.
Isto nos mostra que o simples uso pode destruir quase tudo o que nos persuadimos a adorar.
A idéia de que as coisas que possuímos refletem a passagem do tempo não é um conceito novo. As marcas da vivência já acrescentaram autoridade aos objetos, estes eram tratados com respeito, caso das câmeras Nikon que quanto mais usadas, melhores. Objetos que refletiam através da presença física: inteligência e valor, qualidades estas que não se degradam com o passar dos anos.
Atualmente, nossa relação com os bens que possuímos é vazia. A atração é criada através de um olhar, e não sobrevive ao contato físico.
Em contrapartida empresas manipularam os consumidores sobre a percepção de consciência de classe, que os leva a entender de outra maneira a linguagem dos objetos: que estes são duradouros e passados de geração a geração. Pois bem, isto ocorreu até meados de 1980, a partir dai muitas categorias de produtos foram transformadas e até mesmo eliminadas. Vivemos em uma era em que o processo evolutivo se acelerou tão rapidamente que perdeu o controle. O ciclo dos objetos é medido em meses e não mais em décadas como outrora. Não há tempo para que exista uma relação entre dono e objeto. Estes, por sinal são a maneira com que medimos a passagem de nossas vidas, nos definem, sinalizam quem somos e o que não somos.
Quem molda e traduz a linguagem desses objetos é o design. Além de trabalhar a funcionalidade, os designers tem a missão de contar uma história , uma mensagem. Eles manipulam a linguagem dos objetos.
Porém para entender a linguagem do design precisamos entender a sua evolução, que teve inicio no fim do século XVIII. Onde os designer deixam de ser reformadores sociais e idealistas, como Willian Morris na Inglaterra do século XIX, e passam a ser visto como carismáticos vendedores assim como Raymond Loewy em meados do século XX nos Estados Unidos.
Com ideias e ideais distintos Morris tentou recriar a tradição do objeto feito a mão, ele queria eliminar a decoração sem vida dos objetos do dia a dia. Os padrões desenhados por Morris são usados até hoje. Já Loewy prometia otimizar as curvas de vendas alterando a cor da embalagem da Lucky Strike. Também desenhou a garrafa de coca cola, a nave espacial da Nasa. Porém quando chegou em Nova York era um recém formado engenheiro sem um tostão no bolso, ofereceu uma visão mais hábil e suave do design. Transformou objetos simples como apontadores em objetos de desejo. O designer apareceu na capa da revista TIME e trabalhou para pessoas famosas, como o magnata Howard Hughes e o presidente americano John F. Kennedy.
1933: apontador de lápis, por Raymond Loewy
1955: a garrafa da Coca-Cola. “Sua forma é agressivamente feminina, uma qualidade que na mercadoria, assim como na vida, às vezes transcende o funcionalismo”, disse Loewy.
1875 - Acanthus walpapper por Willian Morris
1876: sneakshead por Willian Morris.
Entre as duas versões de designs apresentadas por Morris e Loewy está a ideia de que o design é um serviço público.
Seguindo os passos de Loewy, Philippe Starck resume a melhor versão contemporânea do design como celebridade. Ele foi capaz de transformar o visual do Café Cortes em Paris , tornando o ambiente lotado e o principal atrativo do local não era a carta de vinhos e sim a cadeira de três pés, no primeiro interior criado por Starck .
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