Resumo do documentário "O Estopim"
Por: Lucas Coutinho • 23/11/2017 • Resenha • 511 Palavras (3 Páginas) • 731 Visualizações
Universidade Federal Fluminense
Aluno: Lucas Carvalho Coutinho
Professor: Jacqueline Muniz
Disciplina: Modelos e Instituições de Segurança Pública I
“O Estopim”
Rodrigo Mac Niven
O caso de Amarildo de Souza, o pedreiro que foi torturado até a morte pela Polícia Militar na Rocinha em 2013, gerou ondas de revolta ao redor do Brasil e do mundo. Sua morte se tornou um símbolo da repressão policial em um país onde milhares são mortos pela polícia a cada ano. “O Estopim”, dirigido e roteirizado por Rodrigo Mac Niven, é um documentário extremamente pertinente por não deixar cair no esquecimento um crime oficialmente não resolvido. Pertinente, também, foi a decisão de utilizar as imagens das câmeras de segurança da Rocinha e os áudios internos da polícia, todos extraídos dos arquivos do inquérito aberto contra os policiais da UPP. Neles, é possível ter um último vislumbre de Amarildo vivo, algemado, sendo conduzido até um carro da polícia.
Com um trabalho jornalístico exemplar, Mac Niven mostra casos de repressão fora e dentro das favelas. O filme escancara e denuncia a farsa montada pelos policiais e a tentativa de culpar a vítima, ao rotulá-la como traficante.
No filme, os entrevistados na Rocinha salientam que as dificuldades da vida no morro ajudam os moradores a perceberem sua força na soma, na comunidade, um aprendizado que é fruto de experiências difíceis vividas por parentes e antepassados: os favelados são aqueles que, devido à sua situação precária de moradia, estão mais vulneráveis a perderem seu abrigo
O Estopim questiona as tentativas da mídia e de políticos de rotular Amarildo como um traficante de drogas depois de seu desaparecimento, um tipo de “criminalização da vítima” que ajuda a justificar a violência policial.
Nessa película, podemos observar uma conjuntura analisada por Bitter em seu texto “Florence Nightingale Procurando Willie Sutton: Uma Teoria Da Polícia”; segundo o autor, o exercício do mandato policial tem limites, seja em termos de sua aplicação ou em termos de alcance das soluções que pode impor. Isto empresta um caráter pragmático e finito à solução policial. Quando a polícia ultrapassa esse perde – se credibilidade, seu papel no controle social enfraquece de forma que suas soluções são recebidas com desconfiança antecipadas ou suspeita prévia. A redução do consentimento social, remove da polícia a capacidade de produzir efeitos preventivos quanto ao exercício do mandato policial.
Desta forma, o filme demonstra que o Estado e a Organização policial do estado do Rio de janeiro se perdeu em manter o controle da segurança pública da cidade e do mandato policial. E isso demonstra por que a polícia é tão mal avaliada pela população. Segundo o Índice de Confiança na Justiça Brasileira, da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a polícia é a terceira instituição menos confiável. Entre os brasileiros, 70,1% não confiam na polícia. No imaginário da população, polícia ainda é comumente temida e vista como fonte de injustiças, isto leva a uma conjuntura bastante grave, especialmente porque a polícia é fundamental para qualquer democracia. O descrédito dos cidadãos é uma evidência de que o modelo de segurança pública brasileiro precisa de reformas urgentes.
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