TRABALHO, ARTE E EDUCAÇÃO. ESTADO DA ARTE DA PESQUISA E O TRABALHO DO PESQUISADOR
Casos: TRABALHO, ARTE E EDUCAÇÃO. ESTADO DA ARTE DA PESQUISA E O TRABALHO DO PESQUISADOR. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: eltonforrozeiro • 1/5/2014 • 3.634 Palavras (15 Páginas) • 638 Visualizações
TRABALHO, ARTE E EDUCAÇÃO. ESTADO DA ARTE DA
PESQUISA E O TRABALHO DO PESQUISADOR
Ronaldo Rosas Reis1
NOTAS
RESUMO
O texto expõe o estado da arte da pesquisa sobre as relações sociais de produção
artística e o ensino de arte no Brasil observando seus principais avanços em quatro anos.
Tem por objetivos relatar e divulgar o desenvolvimento teórico-metodológico da pesquisa
e refletir politicamente sobre o trabalho do pesquisador.
Palavras-chave: trabalho; arte-educação; política.
ABSTRACT
This paper presents the state of the art of research on the social relations of artistic
production and teaching of art in Brazil watching its main achievements in four years. It
aims to report and disclose the theoretical development and methodological research and
to reflect politically on the researcher’s work.
Keywords: work; art education; policy.
APRESENTAÇÃO
Faz parte da tradição da literatura da área de Arte-Educação voltar-se para
temas relacionados com as questões metodológico-cognitivas e/ou com o
universo das problemáticas centradas na didática e na prática pedagógica
fortemente apoiada na empiria (estudos de caso) e ainda com a formação do arteeducador.
A título de ilustração, das vinte e oito comunicações apresentadas no
então Grupo de Estudo Educação e Arte na 30ª Reunião Anual da ANPEd, em
2008, vinte e cinco delas seguiam essas linhas, duas traziam abordagens de
natureza filosófica e/ou estética, e apenas uma se apresentava como de extração
histórico-sociológica2.
Longe de constituir uma observação crítica a uma limitação epistemológica
da tradição mencionada, a constatação acima pretende situar nesse quadro a
temática e o corte epistemológico e metodológico da pesquisa “Trabalho, arte e
educação no Brasil. As relações sociais de produção artística e o ensino de arte”
que realizamos na Universidade Federal Fluminense com o auxílio do CNPq. Para
1 Doutor em Comunicação e Cultura (UFRJ, 1994). Professor da Faculdade de Educação da
Universidade Federal Fluminense. Pesquisador do CNPq.ronaldo.rosas@globo.com
2 Trata-se do trabalho da professora Rose Meri Trojan, da Universidade Federal do Paraná. Cabe
informar que naquela mesma Reunião Anual a Assembléia da ANPEd aprovaria a transformação
do referido GE em Grupo de Trabalho em Educação e Arte (GTEA-24).
2
além disso a observação indica os elementos de natureza ideológica nas esferas política e cultural, concomitantemente perseguidos no curso de pouco mais de três décadas de estudos sobre a produção de arte e do seu ensino no Brasil, incorporando ao todo cinco pesquisas concluídas e a atual em plena realização3.
A propósito desse tempo aparentemente exagerado, num trabalho recém publicado buscamos esclarecer sua relação com a trajetória acadêmica do tema de estudo reportando-se ao acúmulo das décadas de estudos mencionadas4. De outra forma, não seria por acaso que o tempo estendido/trajetória da pesquisa se insere, dentre outras preocupações, num contexto de disputa política atualíssima cuja relevância ganha cada vez mais um contorno ideológico-classista. Isto é, por um lado, face à necessidade urgente de os docentes-pesquisadores da área de arte-educação ampliar o espectro epistemológico e metodológico de suas investigações buscando superar a razão dualista (OLIVEIRA, 2003) que tem impregnado a práxis educacional5. Por outro lado, face à necessidade não menos urgente de os professores-pesquisadores resistirem à obsessão produtivista de parte significativa de seus pares que nas Instituições Federais de Ensino, muito especialmente nos Programas de Pós-Graduação, têm advogado favoravelmente à ideologia do mercado e, por intermédio das agências de fomento (CAPES, CNPq e FAPs), submetido a todos os docentes “critérios esdrúxulos, tais como, por exemplo, a pontuação para publicações no exterior em prestigiadas revistas científicas” (OLIVEIRA, 2009). Estudado de forma ampla e cuidadosa por João dos Reis e Valdemar Sguissardi (2009), o tema da intensificação/alienação do professor-pesquisador será aqui priorizado numa nota que busca expressar de forma complementar uma posição política face ao quadro atual das relações de produção de conhecimento na universidade.
3 A saber, pela ordem cronológica de realização: Ideologia e estética. Brasil construtos ideológicos. A arte brasileira nos anos 1950, realizada entre 1978 e 1981 (UFRJ/IFCS – CAPES); Ideologia versus estética. Silêncio e evidência na arte brasileira nos anos 1980, realizada entre 1990 e 1994 (UFRJ/ECO); Globalização, pós-modernismo e dilemas da educação estética no Brasil, realizada entre 2000 e 2001 (UFMG/FAE – CAPES); Pós-modernismo, globalização e a formação estético-cultural do trabalhador urbano no Rio de Janeiro. Trajetórias, posições e embates no campo simbólico, realizada entre 2003 e 2007 (UFF/FAE – CNPq); Trabalho, arte e educação no Brasil. As relações sociais de produção artística e o ensino de arte, realizada entre 2007 e 2010 (UFF/FAE – CNPq). No momento (2010-2013) desenvolvemos a segunda etapa desta última pesquisa relacionada.
4 Ver REIS (2010).
5 Idem.
3
O texto está organizado em três seções. Na seção 1, o Estado da Arte, encontram-se os dados gerais da pesquisa sobressaindo-se o contexto formador e uma síntese da memória descritiva e crítica dos passos dados no período
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