A Paisagem Cultural da Campanha Gaúcha

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Instituto de Ciências Humanas

Programa de Pós-Graduação em Memória Social e

Patrimônio Cultural

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Ensaio Conceitual para disciplina de

Patrimônio e Estratégias de Conservação

Paisagem Cultural da Campanha Gaúcha

Discente: Alcides Gomes Neto

Pelotas, 2022

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Paisagem Cultural da Campanha Gaúcha

        

A vitivinicultura, pouco a pouco, avança e ocupa espaços na paisagem da Campanha Gaúcha, com a instalação de novas vinícolas ou com a expansão das antigas. Vemos, junto aos campos cobertos por videiras, a transformação e modernização da cultura, do patrimônio e do território, deixando marcas na paisagem expandida.

A região da Campanha Gaúcha possui uma identificação histórico-cultural recente com a uva e o vinho, com contexto histórico e perfil de produção distintos da Serra Gaúcha, baseada em grandes propriedades e na produção pecuária e cultivo de cereais, expõe uma colonização de fronteira, pautada pelos limites móveis e ausência de uma “cultura de cooperação”, que geralmente se relaciona à colonização italiana da Serra (FLORES, 2011).

        O termo Paisagem Cultural, segundo Santos (2020), define “o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza”. O termo Paisagem é polissêmico, recebendo diversos significados e definições conforme as teorias e métodos de cada área. A ideia de paisagem acaba muitas vezes sendo confundida com noções de espaço, território, patrimônio, meio ambiente, jardim e natureza (DONADIEU, 2007).

        Conforme a Portaria no 127/2009 do IPHAN, a Paisagem Cultural Brasileira é “uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo de interação do homem com o meio ambiente, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram valores”.

        Dessa forma, busca-se neste ensaio debater o tema de Paisagem Cultural, baseando-se na obra Paisagem Cultural e Patrimônio (2007), do professor Dr. Rafael Winter Ribeiro.

        Ribeiro (2007) analisa as características e implicações, nos âmbitos nacionais e internacionais, das formas de compreensão da Paisagem Cultural, trazendo como este conceito tem sido trabalhado pela geografia - ciência que fez da paisagem um de seus conceitos modernos fundamentais. Também aborda como esta definição pode contribuir para atribuição de valor, identificação e preservação do patrimônio cultural nacional.

        O autor relata sobre a institucionalização do patrimônio no Brasil, nascida a partir do Decreto Lei no25 de 1937 - Lei brasileira de preservação do patrimônio histórico e cultural - onde além das paisagens agenciadas pelo homem, também foram incluídos os monumentos naturais. Ou seja, dando valor de patrimônio à paisagem, tanto por suas características naturais, quanto por suas características culturais.

        A obra traz diversos processos nacionais de pedido de tombamento relacionados ao patrimônio paisagístico, mostrando todas as complexidades e diretrizes dos períodos.

        Na Campanha Gaúcha, a partir da década de 1980, o cultivo de videiras nos campos mudou a paisagem da região por se tornar elemento inerente e representativo da cultura local. A vitivinicultura da região combina a natureza do pampa, feito de planícies e coxilhas, com a ação do homem do campo, que há gerações cultivam e zelam por sua terra e tradições.

        Em 2020, a região conquistou o selo de Indicação Geográfica - modalidade Indicação de Procedência - reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, que atesta e certifica a origem e qualidade dos vinhos. Essa certificação auxilia e potencializa o desenvolvimento regional, assim como o mercado consumidor e enoturístico.

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