A Privacidade Eletrônica e Algoritmos

[pic 1]                                João Vitor Couto P Cordeiro

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SOCIEDADE, MULTICULTURALISMO E DIREITOS

CULTURA DIGITAL

A tecnologia é um fator absurdamente presente na sociedade atual, tanto pelas infinitas oportunidades por ela fornecidas em questões pessoais quanto pela facilidade de seu uso.

Tendo em vista que mais da metade das pessoas do mundo possuem acesso à internet hoje em dia (aproximadamente 4 bilhões de pessoas), podemos estabelecer contatos e conexões que antes eram impossíveis ou muito difíceis de serem feitos, como conversar com algum familiar que mora em outra cidade, estado ou mesmo em outro país. Em paralelo a isso, a internet nos proporciona a possibilidade de interagir com entidades importantes no cotidiano social, como bancos, escolas e empresas de forma a resolver nossos “problemas” com um computador que cabe na palma da nossa mão. Como se já não bastasse, essa rede imensa que une o mundo todo contém ferramentas onde podemos fazer qualquer pesquisa de nosso interesse recebendo diversos resultados, fazendo com que ela possa ser usada amplamente como fonte de conhecimento, quase que como uma “biblioteca infinita” gratuita.

Aos olhos nus a internet parece ser a invenção mais revolucionária da história, e não nego que seja, mas nem sempre a revolução que parece ser um milagre é tão boa e com propósitos éticos que envolvem as pessoas nela inseridas. Por trás dessa “cortina” de possibilidades que nos passa uma enorme sensação de liberdade, existe uma sombra muito perigosa. A maior rede de conexões existente foi criada por humanos, logo, é controlada por humanos, e tendo em vista que humanos possuem interesses, isso a torna um artifício de extremo poder para os que a dominam. Para usufruir completamente dos produtos oferecidos nos canais da internet, precisamos realizar cadastros fornecendo informações pessoais, aceitar termos que 99% das vezes nem sequer paramos para ler e muitas vezes instalar cookies que coletam informações da nossa máquina. Tendo tantos dados em mãos, os donos das maiores páginas da internet podem facilmente criar padrões para proporcionar a melhor experiência baseados no perfil do usuário e em tudo que ele reage dentro da rede, fazendo com que, sem perceber, o utilizador fique preso dentro de uma “bolha” criada pelos algoritmos, apenas recebendo postagens e, principalmente, publicidades que estejam de acordo com o que o mesmo costuma consumir.

        De primeiro momento isso tudo não parece nada negativo, muito pelo contrário, parece ser um plano bem estruturado para nos satisfazer da melhor maneira sem nem precisar perguntar como, mas existem fatores que transformam essa experiência em algo um tanto quanto assustador. Tendo em vista que a maioria das pessoas não sabem da existência desses algoritmos e mecanismos, isso limita imensamente as interações que a internet teoricamente proporciona, já que ficam expostas sempre ao mesmo conteúdo repetidamente, sem ter a oportunidade de observar novas visões, diferentes ideias e pontos de vistas, reproduzindo perfeitamente o mito da caverna de Platão. Os resultados de pesquisas passam a ser totalmente parciais, a publicidade se torna perfeitamente direcionada ao consumidor, só aparecem postagens que estão de acordo com o perfil do usuário nas redes sociais, etc. e tudo isso tem como principal foco questões financeiras e políticas.

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