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Entre Palavras e Coisas Infinitos Controles

Por:   •  6/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.433 Palavras (6 Páginas)  •  110 Visualizações

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Introdução

Este relatório tem como proposito sintetizar e comentar o artigo de Cristianne Maria Famer Rocha, que procura explorar a temática das sociedades disciplinares e de controle. O artigo se baseia, principalmente, em alguns dos pressupostos de M. Foucault1, tais como as relações de poder como uma maneira de controle social.

A autora divide seu texto em três seções principais: “O ajuste” em que discute as sistematizações das coisas como uma forma de relação de poder e a ideia de um pensamento como desenvolvimento progressivo, “O conflito” e, por fim, “O(s) controle(s)” em que utiliza de alguns conceitos de Michel Foucault como o saber, as relações de poder e vigilância. O desenvolver do texto se dá ao redor da descrição dos conflitos presentes na atual sociedade, que se caracteriza por uma hegemônica globalização sócio-econômico-cultural, como caracteriza a autora.

As categorizações e a ideia de progresso

Segundo o texto, ao classificar, ordenar, nomear, distinguir e categorizar as coisas cria-se uma relação de poder com estas, pois ao nomear as coisas damos significado a elas. É importante, então, compreender o poder como um jogo de relações não como propriedade situada em um objeto ou coisa. Para Foucault, portanto, o poder não é uma entidade unitária e estável, mas uma relação de poder entre dois elementos indispensáveis que disciplina e controla.

Essas classificações tentam aproximar as coisas do mesmo modo que as diferenciam. As distinguem mesmo havendo semelhança entre elas.  Nomeiam essas coisas sem se preocuparem muito com as qualidades e formas destas, pois uma coisa não é apenas uma coisa, mas algo com características próprias, qualidades e defeitos. Além disso, nos fizeram acreditar que essa instauração de ordem entre as coisas é “natural”, ou seja, ela é espontânea. Entretanto, isso deixa de ser verdade a partir do momento em que existe uma força física sobre ela.

Diversas áreas do conhecimento como a biologia, sociologia e filosofia buscaram, também, ordenar, classificar e nomear as coisas com o propósito de entender melhor o mundo em que vivemos. Essas áreas, entretanto, tornaram-se hegemônicas, isto é, exercem poder e influência sobre nós.  Além disso, varias tecnologias foram empregadas com o propósito de permitir uma organização sócio-econômico-social e estas tentam nos convencer de que se deve explicar o mundo com base no progresso e que, dessa forma, o pensamento é entendido como desenvolvimento progressivo. De modo que um sujeito desenvolve suas ideias com base na apropriação e reapropriação do fundamento origem. Aceitando, assim, de maneira passiva essas ideias.

Sendo assim, o que se vê no mundo contemporâneo é uma apatia frente à vontade de questionar. Esse ato de questionar é de suma importância, pois é a parti desse questionamento que ocorre a fundamentação dos pensamentos, das ideias. É por meio desse ato de questionar que a humanidade pode progredir em todos os sentidos e dimensões. No entanto, o que causa esse desinteresse é a falta de incentivo para tais praticas. Desse modo:

A questão não é saber qual conhecimento é verdadeiro, mas qual conhecimento é considerado verdadeiro. A preocupação é com as formas pelas quais certos conhecimentos são considerados como legítimos, em detrimento de outros, visto como ilegítimos. Nos modelos tradicionais, o conhecimento existente é tomado como dado, como inquestionável. Se existe algum questionamento, ele não vai além de critérios epistemológicos estreitos de verdade e falsidade.(SILVA, 2011, p. 46)

 Devemos, então, não tomar como absolutas verdades e mentiras, rever a ideia de que determinados autores são indiscutíveis e questionar, mas para isso faz-se necessário estimular esse ato de questionar e, por meio disso, podemos observar o modo como vivemos que controla e disciplina.

Entretanto, questionar, ou seja, ver de outra maneira, não significa necessariamente viver de outro modo. Para Rocha: “Ver de outro modo poderia significar, no máximo, talvez, perceber algumas armadilhas que nós mesmos nos armamos, quantificar o grau de disciplinamento que nos impomos evitar algumas violências, minar alguns controles, ensaiar outros arranjos.” (p.186)

Portanto, é imprescindível nos permitirmos identificar essas formas de controle.

O(s) Controle(s)

Como exposto pela autora, Foucault percebe o poder como um jogo de relações que não está localizada apenas no âmbito estatal, mas também se encontra em todos os espaços sociais. Mesmo assim, o que se percebe é a palavra poder relacionada ao cerne da autoridade como, por exemplo, a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a de um governo de dar ordens aos cidadãos.

No decorrer dos séculos, as formas de relação interpessoais foram se modificando, pois se antes os súditos eram punidos de forma violenta pelos reis, com o crescimento da população mundial outros modos de controla-los foram sendo pensados, pois muitos se revoltavam contra essa forma de poder. Essas maneiras têm como propósito ampliar os efeitos desse poder, diminuindo seu custo econômico.

Uma dessas maneiras discutidas ao longo do texto é a produção dos saberes, dos discursos. São esses saberes, que são tidos como verdades, que influenciam as condutas dos indivíduos. Por meio deles é que um ser impõe suas vontades exercendo, dessa maneira, poder sobre o outro.  Com isso, o poder exercido via força física vai sendo deixado de lado e outras formas, menos custosas e mais eficazes, passam a ser utilizadas. Segundo rocha, “um poder ligado aos saberes (...) onde a força física não se fará mais tão necessária, por não ser a única forma de imposição do desejo de alguém ou de sujeição do outro”. (p.188)

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