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Etnicidade e o Conceito de Cultura

Por:   •  24/6/2016  •  Resenha  •  576 Palavras (3 Páginas)  •  2.430 Visualizações

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Etnicidade e o conceito de cultura

Fredrik Barth

Barth busca diferenciar sua análise daquela que compreende que um grupo é delimitado por possuir uma cultura em comum. Para o autor a noção de cultura se constrói a partir da experiência social do indivíduo, enfatiza que esse indivíduo possui uma potencialidade/capacidade de perceber a realidade através de uma perspectiva que lhe é própria. Então, por mais importante que seja o processo de socialização nenhum indivíduo passa/ percebe esse processo de forma idêntica a outro, assim vai criando uma visão particular da realidade. Através da sua relação com o outro, o indivíduo, vai construindo continuamente algo que jamais estará pronto, pois nessa perspectiva a cultura tem aspectos ambivalentes, não é um conjunto de códigos preestabelecidos que se impõe as pessoas, mas um conjunto de significados que os indivíduos vão construindo e trocando/compartilhando a partir das suas interações. Na medida em que os indivíduos vão compartilhando esse conjunto de significados vão, ao mesmo tempo, modificando os mesmos. Essas modificações pequenas, em primeira vista, ao longo do processo histórico vão gerando grandes transformações. Na impossibilidade de compreender por completos os indivíduos com os quais estabelecemos relações sociais vamos negociando significados.

Barth compreende que os grupos não se diferem pelo fato de terem culturas contrastantes nem por terem uma cultura em comum. Não é porque há, objetivamente, elementos culturais em comum que os indivíduos criam um sentimento de pertencimento. Para o autor, cabe ao antropólogo compreender como os indivíduos constroem as diferenças/fronteiras, os grupos étnicos se formam na medida em que os indivíduos definem as diferenças/contrastes com outros indivíduos. Barth busca compreender como os grupos se valem de determinados elementos culturais para construir as diferenças, como grupos assumem determinada identidade a medida que se valem de um determinado diacrítico para demarcar as diferenças.

Barth na década de 50, no Paquistão, realiza uma análise sobre a etnia dos pathans e percebe que enquanto etnia, os pathan, ocupam um espaço relativamente grande e mantêm contato com etnias em diferentes partes do que seria a fronteira pathan e a relação que eles mantêm com essas etnias difere em casa um desses encontros. Por vezes os pathans buscavam ser assimilados por uma outra etnia, em outra fronteira buscavam o conflito e por último em outra fronteira não procuravam se diferenciar enquanto pathan. Em nenhum dos casos é possível encontrar um elemento determinante para a mudança de comportamento, então Barth considera essencial analisar o processo histórico que levou a construção das diferenças em cada um dos casos para compreender como em cada momento os que se definem pathan foram construindo (com base em seus interesses)uma fronteira ou não com os grupos em que entraram em contato. A construção do pertencimento se da a partir do momento em que os indivíduos, devido aos seu interesses, arregimentam atributos culturais para se diferenciar de outros grupos, o que não indica uma descontinuidade cultural. As fronteiras podem, inclusive a priore, serem construídas por um determinado elemento cultural que posteriormente (por exemplo: anos) pode ser compartilhado ainda que a fronteira

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