Resenha: Cultura. Um Conceito Antropológico
Casos: Resenha: Cultura. Um Conceito Antropológico. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: kellygarcez • 28/5/2013 • 1.443 Palavras (6 Páginas) • 2.196 Visualizações
O livro “Cultura. Um conceito antropológico”, lançado em 1986, foi escrito por Roque de Barros Laraia que iniciou sua carreira, como antropólogo, no Museu Nacional da UFRJ. Em 1969 transferiu-se para a UnB, onde dirigiu o Instituto de Ciências Humanas, logo após foi promovido a professor titular em 1982. Doutor pela USP, Membro de associações científicas do país e do exterior, presidiu a Associação Brasileira de Antropologia (1990-92) e foi eleito presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) em 2000. Integrou a primeira comissão coordenadora do Pronex e os comitês de assessores do CNPQ e da Capes. É também organizador da coletânea Organização Social (1969) e tem vários artigos publicados em revistas especializadas.
Nesse livro, a partir da análise de diversas sociedades culturais, ele mostra aquilo que elas possuem de comum, define os principais conceitos de cultura, aponta como natureza colaborou para criação da cultura e faz uma linha histórica de desenvolvimento. Em seguida, aborda como o homem lida com a cultura e como ambos são influenciados respectivamente.
Laraia introduz a idéia de que a natureza de todos os homens é idêntica e a cultura praticada por eles é o que separam, os tornam estranhos uns aos outros. Enquanto na cultura européia temos a prática de nudismo nas praias, no oriente médio as mulheres vão à praia com seus corpos completamente cobertos; a carne da vaca é proibida aos hindus enquanto a de porco é vetada aos mulçumanos; para os ciganos da Califórnia, a obesidade é referência de virilidade entre os homens, etc. Dessa forma o autor nos leva a perceber o tamanho da riqueza cultural em que o homem está inserido, sua capacidade de criar diferentes e, ousadamente, infinitos modos de viver, sendo portando um ser, em sua individualidade, quase que como uma digital: diferente e único.
Seria o determinismo biológico ou geográfico que possibilitariam essa diferença cultural? Para o autor ambos não conseguem explicar definitivamente essa questão. A biologia humana e a geografia não são fatores determinantes, mas de influência. Um exemplo biológico é a amamentação que pode ser transferida ao homem através da mamadeira. Quanto aos fatores geográficos, esses encontram limitações na influência. É colocado que se o determinismo fosse real, os seres humanos encontrariam as mesmas respostas para, por exemplo, a sobrevivência em ambientes agressivos. Enquanto o esquimó constrói iglus e são caçadores, os lapões vivem em tendas de peles de rena e são excelentes criadores desse animal. Ressaltando que no sentido antropológico, todos os seres humanos buscam de formas diferentes saciar necessidades iguais.
Contudo, uma vez que ao analisamos o ser humano como um animal geneticamente programado, como qualquer outro, perceberemos que o fator cultural é um resultado da continua evolução. Deixando de lado o homem e passando a observar outros animais, percebemos atos que ora nos parecem peculiar, o que poderia ser considerado como indício desse desenvolvimento cultural. Portanto, discordo afirmando que o biológico seria um fator quase que determinante.
Devido à cultura os homens se diferenciam dos outros animais. A antropologia moderna constrói através da diversidade de fragmentos teóricos, o conceito de cultura, que seria de acordo com Edward Tylor (1832- 19170: “todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis costumes ou qualquer outra capacidade de hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Jacques Turgot (1727-1781) fez a seguinte citação que foi tomada como conceito cultural: “o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como uma herança sempre crescente”. Em 1871, Tylor classificou “cultura como sendo todo o comportamento aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética, como diríamos hoje” (LARAIA, Cultura. Um conceito antropológico, pág 28). Em 1917, Kroeber inventou o termo Superorgânico (in American Anthropologist, vol XIX, nº 2, 1917), no qual mostra como o homem cria possibilidades para potencializar seu aparato biológico e dessa forma, se separando da natureza. Podemos resumir a contribuição de Kroeber nos seguintes pontos:
• A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e justifica suas realizações;
• O homem age de acordo com os seus padrões culturais. Os seus instintos foram parcialmente anulados pelo longo processo evolutivo por que passou;
• A cultura é o meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos. Em vez de modificar para isto o seu aparato biológico, o homem modifica o seu equipamento superorgânico;
• Em decorrência da afirmação anterior, o home foi capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e transformar toda a terra em seu hábitat;
• Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que a agir através de atitudes geneticamente determinadas;
• Como já era do conhecimento da humanidade, desde o Iluminismo, é este processo de aprendizagem (socialização ou endoculturação) que determina o seu comportamento e a sua capacidade artística ou profissional.
• A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. Este processo limita a ação criativa do indivíduo;
• Os gênios são indivíduos altamente inteligentes que têm a oportunidade de utilizar o conhecimento existente ao
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