Norbert Elias, em “O Processo Civilizador, Vol. I e
Por: Isabella Correia • 9/10/2019 • Resenha • 388 Palavras (2 Páginas) • 218 Visualizações
Norbert Elias, em “O Processo Civilizador, Vol. I e II”, demonstra as mudanças comportamentais que acompanharam as transformações sociais e econômicas que aconteceram na sociedade através de uma análise histórica em torno dos tratados e manuais de etiquetas - principalmente o de Erasmo - que existiram.
Ainda no primeiro volume, Elias explica como as estruturas psíquicas individuais são influenciadas pela época - isto é, pelo contexto de acontecimentos que estamos vivenciando - a qual estamos inseridos, além do círculo social que pertencemos. É possível observar que no Ocidente, mais especificamente na nobreza, há uma mudança concreta no comportamento - denominada como processo civilizador - com o propósito de se diferenciar da burguesia. Ou seja, a nobreza buscava manter sua hierarquia, ao se comportar de uma maneira diferente daqueles que tinham comportamentos que lhe causavam repulsa, com a finalidade de continuar no poder. Assim, as mudanças no padrão de repugnância e nos níveis de embaraço passam a agir de acordo com a necessidade de uma diferenciação das classes sociais presentes na sociedade.
Já no segundo volume, o autor reforça como a formação de um Estado moderno centralizado é responsável pela intensificação do autocontrole e pelas transformações nos padrões comportamentais. Fica exposto, então, que para existir uma diferenciação na sociedade, cabe a classe mais alta, isto é, quem está no topo dessa hierarquização, controlar seus impulsos e suas emoções – independente se o indivíduo está sozinho ou não - e adotar um comportamento que não cause nenhum embaraço, que seja socialmente desejável.
Com o fortalecimento da burguesia na sociedade, houve a necessidade de uma apuração no comportamento, ou seja, mais controle, para que haja uma distinção social. Consequentemente, as proibições em torno dos comportamentos, que receberam apoio de um controle social, passaram a reproduzir no indivíduo formas de autocontrole. Esse autocontrole presente no ser humano tornou-se um elemento constituinte do indivíduo. Por exemplo, em sociedades com monopólio mais estáveis de força, onde existe uma proteção a ataques contra a vida do indivíduo, ele deve controlar em si próprio qualquer impulso emocional violento contra outra pessoa.
Assim, esses comportamentos comedidos, mesmo que tenham sido algo imposto pela vida social e suas sanções, passam a ser algo natural na sociedade. Logo, fica claro que quanto mais alta é a posição de poder do indivíduo, maior é a necessidade de ele possuir autocontrole.
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