O CINEMA, OS COSTUMES E A INDÚSTRIA CULTURAL COMO POTENCIA INFLUENCIADORA E CONSUMISTA.
Por: Hebert Natanael • 16/7/2020 • Artigo • 1.175 Palavras (5 Páginas) • 265 Visualizações
O CINEMA, OS COSTUMES E A INDÚSTRIA CULTURAL COMO POTENCIA INFLUENCIADORA E CONSUMISTA.
Hebert Natanael Soares Santos*
Um dos bens culturais contemporâneos mais importantes é o cinema, acredita-se que por razão dele a TV tenha surgido e por ele o radio se tornara tão relevante, uma vez que ambos foram inventados em um curto espaço de tempo. Embora não seja claro onde realmente começou a história do cinema, a primeira exibição de um filme de curta duração aconteceu no Salão Grand Café, em Paris, a 28 de dezembro de 1895 nesse dia os Irmãos Lumière fizeram uma apresentação pública dos produtos de seu invento ao qual chamaram Cinematógrafo e fora um sucesso estrondoso, tanto que reverberou mundo a fora a ponto de se tornar a indústria multibilionária da atualidade.
Mas até chegarmos aos dias de hoje, o cinema como todo produto do engenho humano foi utilizado também de forma vil e imoral e isso será analisado dentro da perspectiva sociológica e historiográfica nas linhas a seguir.
Segundo a corrente de pensamento Frankfurtiana dos “Estudos de recepção”, a ideia de que os produtos da Indústria Cultural têm a capacidade de manipular a audiência (para não chamarmos de massas) faz com que uma das consequências mais danosas do processo industrial da cultura é contribuir para a perda da autonomia do indivíduo, já que retira e muito das vezes limita sua criticidade frente as informações que recebe.
O cinema em suas primeiras décadas de popularização teve a finalidade de convencer e comprar a opinião publica com mentiras na Alemanha Nazista dos anos 30 e de contra ataque pela América bélica da primeira e segunda guerra, posteriormente a estes períodos fortaleceu a dicotomia global resultante do embate Soviético e Americano na guerra fira, com produções cinematográficas que buscavam enaltecer um lado em detrimento ao outro em ambas a nações.
Mas na atualidade o cinema continua a ser utilizado como veiculo de transmissão de filosofias e ideologias por mais que isso possa não parecer visível dado o volume de produções feitas ao longo de um ano, mas para se ter uma noção deste volume, somente em 2018 os estúdios de Hollywood produziram mais de 50 filmes, dentre estes filmes de Super-heróis, Romances tirados de best-sellers, Ação, Drama, Guerra e Documentários.
Pegando como exemplo duas linhas, a dos Filmes de Super-herois e de Romance, vemos a constante presença de símbolos e mensagens subliminares e também diretas para o publico que aqui chamaremos de consumidores dada a inevitável constatação de há toda uma indústria com propósitos capitalistas por de trás, embora como dito anteriormente vê-se a presença da condução do consumidor/expectador a absorver as ideias propostas nas produções.
Embora o debate a cerca da sexualidade e a luta pelo reconhecimento dos direitos LGBT possa nos parecer algo comum neste século o cinema nos apresentou isso quase cem anos antes de - O Segredo de Brokeback Mountain ser produzido e lançado em 2005, lá na mesma Alemanha que usaria o cinema como arma do ideário nazista foi produzido e lançado em 1919 o primeiro filme que se tem noticia, de personagens gays “Anders als die Andern” ( em português “ diferente dos outros”. Qual o proposito disso a exatos cem anos? Expor que a homossexualidade é algo natural como fez a personagem de Paul Korner com seus pais ao os levar em um medico que explicara isso em “Anders als die Andern”?
Ou simplesmente utilizar uma tendência e dilema da sociedade global como forma de atrair publico as salas de cinema e vender DVD’s, Blu-ray’s e Streaming? Fato é que mesmo diante de todos esses questionamentos, o cinema como um bem característico da indústria cultural, possui uma relevância absurda e, sobretudo uma capacidade de influenciar de mesmo tamanho.
Já os filmes de Super-heróis têm desde sempre o objetivo de mostrar a constante luta entre o bem e o mau, esse dualismo que sempre foi mantido desde o primeiro Superman foi quebrado em 2018 quando os estúdios Marvel lançaram o filme Vingadores Guerra Infinita, em que o vilão conseguiu não só derrotar todos os heróis da terra como também os desmoralizou e por fim eliminou 50% da vida na terra aleatoriamente. Seria a proposta de o filme mostrar que nos dias de hoje o mau tem vencido o bem? Mostrar que até mesmo os heróis falham? Ou melhor, que os EUA cenário do épico é invulnerável graças ao espirito patriota de seu povo, já que em todo filme de super-herói vê-se a bandeira americana tremular intacta mesmo num ambiente apocalíptico?
Analisando tudo o que fora apresentado até agora, e com base no que Adorno e Horkheimer publicaram na obra Dialética do Esclarecimento em 1947, dedicando um capítulo ao tema da Indústria Cultural, os autores focalizaram suas análises no rádio e no cinema, principalmente. Onde segundo eles esse veículo havia demonstrado sua extraordinária eficácia durante o período nazista, pois como dito antes sobre a propaganda hitlerista, orquestrada por Goebbels ( Ministro da Comunicação nazista), se apoiou em grande medida em locuções radiofônicas e produções cinematográficas produzidas com apuro técnico e com claro interesse de manipulação. Para Adorno, o cinema é juntamente a TV “o medium drástico da indústria cultural” (ADORNO, 1993, p.178) já que este estimula consumo, comportamento e explora tendências como apresentado anteriormente e evidenciado na opinião dos autores.
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