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O Xangô de Baker Street

Por:   •  21/5/2018  •  Resenha  •  581 Palavras (3 Páginas)  •  193 Visualizações

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O Xangô de Baker Street

A trama é desenvolvida no ano de 1886, ano da primeira turnê de Sarah Bernhardt no Brasil, na corte de D. Pedro II. A corte era marcada por fortes contradições, pois de um lado impunha os hábitos de civilização com seus costumes europeus à elite brasileira e do outro lado convivia com um grande número de escravos, num país quase negro, com seus costumes africanos.  

O início da história se dá quando o imperador D. Pedro II vai ao encontro da atriz Sarah Bernhardt, após sua apresentação no teatro do Rio de Janeiro. O imperador comenta sobre o furto do último violino Stradivarius fabricado, que ele mesmo presenteou a sua amante, a baronesa de Avaré. A espirituosa atriz o aconselha a chamar o detetive inglês Sherlock Holmes, que era conhecido por utilizar o método científico e a lógica dedutiva na resolução de crimes aparentemente insolúveis. O imperador, então, convida o detetive Holmes para vir ao Brasil com o objetivo de desvendar o mistério do furto do valioso violino.  

Holmes é retratado de forma bastante caricata, parece menos perspicaz do que o relatado pela atriz. Após a sua chegada de navio, é recebido com um banquete de iguarias locais, oferecido por Dom Pedro II como sinal de hospitalidade, e se esbalda com pratos típicos que vão desde a feijoada ao vatapá. Percebe-se forte influência da culinária africana na gastronomia desde aquela época.

Após a recepção e o banquete, Holmes inicia a investigação, procurando conhecer o contexto do desaparecimento do violino e os personagens que tiveram contato com ele. Conhece o delegado Pimenta, encarregado do caso, e descobre que, juntamente com o furto do Stradivarius estão acontecendo crimes de assassinato contra mulheres e  que o assassino lhes corta as orelhas e deixa cordas de violino nos seus corpos, como se fosse uma assinatura.

Nas andanças de Holmes e do delegado Pimenta pode-se notar que o Império oscilava entre os bailes e concertos com as ruas do trabalho escravo. A Corte tentava fazer da escravidão uma coisa invisível, e esta era e seria, até o final do reinado de D. Pedro II, a grande contradição do seu Império.  Enquanto o detetive segue com a investigação vão ocorrendo mais assassinatos com o mesmo modo de agir, fazendo-o acreditar que o ladrão do violino e o assassino seriam a mesma pessoa.

A trama aborda várias características atrativas das nossas terras ensolaradas e até mesmo a malemolência do povo brasileiro, que mais atrapalha do que ajuda o detetive inglês. O detetive é colocado em situações discutíveis, que nos levam a questionar sua recomendada inteligência, como no episódio no terreiro no qual seu amigo incorpora uma pomba gira e dá dicas sobre a identidade do assassino.

Porém, a história chega ao fim e o criminoso segue sem ser descoberto. O meliante ainda assassina a baronesa de Avaré como a cereja do bolo dos seus crimes, e foge para Londres no mesmo navio que Holmes retorna para sua cidade natal, sem êxito na sua missão. Antes de fugir o criminoso deixa o violino na casa da baronesa, e é recuperado por Dom Pedro II. O imperador presenteia Holmes com o último Stradvarius, alegando que não pode ver o valioso objeto sem lhe doer o coração. Assim termina o filme, sem grandes revelações nem surpresas, com Holmes e o assassino rumando juntos a Londres.

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