O trabalho do antropólogo
Por: judiniz.ribeiro • 6/1/2017 • Resenha • 755 Palavras (4 Páginas) • 1.361 Visualizações
O Trabalho do Antropólogo: Olhar, Ouvir e Escrever
O olhar, ouvir e escrever compõem o métier do antropólogo e está na elaboração do conhecimento em disciplinas sociais. O Olhar talvez seja a primeira experiência do pesquisador de campo. A forma em que olhamos e que foi construída pela disciplinas durante o percurso acadêmico, e não somente o olhar temos também todos os aspectos cognitivos, revela um prisma pelo qual apreendemos os fenômenos sociais. Um exemplo, é de um antropólogo que vai pela primeira vez a uma maloca indígena, o seu olhar de certa forma está “treinado”, Olhar Etnográfico, e ele não será um mero curioso no ambiente. Por meio de sua instrumentalização conseguirá identificar com detalhes as características do local. Sua etnografia será distinta dos relatos dos viajantes e dos cronistas, poderia observar se houve ou não mudanças culturais, veria também que somente o Olhar não seria suficiente para conseguir compreender as relações sociais locais. É necessário também um conhecimento teórico sobre as relações de parentesco e para obtenção dos dados a respeito disso, é preciso exercer outra habilidade: Ouvir.
Se temos ciência da importância do Olhar, o Ouvir também está associado a isso nas disciplinas sociais. Poderíamos afirmar que um complementa o outro. A ida a uma tribo indígena nos oferece a possibilidade de observar os rituais tribais, o antropólogo poderá escutar e ver, mas para compreender seu sentido e significado teria que ser por meio de “entrevistas” e de um Ouvir mais apurado. Além das dificuldades linguísticas, talvez, a maior dificuldade seja entre os “idiomas culturais” dos nativos e antropólogo. Nesse panorama problemático a entrevista pode dificultar ainda mais a interação, por serem feitas perguntas pontuais, criando um ambiente pouco dinâmico entre entrevistador e informante. Uma opção seria tentar criar algo mais dialogal em que ambos possam participar (observação participante); falar e serem ouvidos igualmente. Se Ouvir e Olhar são condições cognitivas preliminares para a pesquisa de campo, Escrever seria a configuração final desse trabalho. Geertz coloca que existem duas etapas do trabalho antropológico: o “estando lá” e o “estando aqui”. A saber: Olhar e Ouvir como primeira etapa e o Escrever, diga-se de passagem no gabinete bem instalado nas universidades, a segunda etapa. Nessa primeira etapa temos anotações, esquemas, rabiscos etc. do campo, a segunda etapa corresponde um momento de textualizar esse “diário” de campo para os nossos pares ou para a comunidade acadêmica. Ainda segundo, Geertz, o que vamos fazer na textualização é uma interpretação daquela cultura, que está obviamente imbricada na primeira etapa, aonde obtivemos os dados e as impressões locais. O texto sofrerá então uma segunda refração, sendo a primeira correspondente ao “olhar treinado” e a segunda o ato de escrever que também já está carregado pela conversas dos corredores, enfim, pelo o ambiente acadêmico. No texto são apresentados alguns tipos de Escritas, o autor faz referência a já falada caderneta de campo; artigos e teses que seriam “escritas intermediárias”, tendo a monografia como escrita final, e monografia experimental ou pós moderna. Nessa última temos uma pluralidade de vozes, a chamada polifonia, em que o texto é escrito na primeira pessoa do plural: nós. E essas vozes seriam compostas por todos os atores que compõem o cenário etnográfico.
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