Os Feminismos no Instagram
Por: Clara de Oliveira Coêlho • 22/2/2024 • Artigo • 7.701 Palavras (31 Páginas) • 68 Visualizações
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Artículo Feminismos no Instagram: uma análise sobre compartilhamento de teoria feminista na rede social. CLARA DE OLIVEIRA COÊLHO[1] [pic 3] 0000-0003-3554-3825 Universidade de São Paulo, Brasil | [pic 4] revistes.uab.cat/periferia [pic 5] Para citar este artículo: COELHO, Clara de o. (2021). Feminismos no Instagram: uma análise sobre compartilhamento de teoria feminista na rede social. Perifèria, revista de recerca i formació en antropologia, x(y), pp-pp, https://doi.org/10.5565/rev/periferia.xxx |
Resumo
Proponho analisar perfis autointitulados ou descritos como feministas na rede social Instagram. Minha questão central é analisar como se dá a produção de teoria e de conhecimento feminista e a construção de identidades feministas. Aqui trarei análises iniciais sobre os perfis autointitulados feministas nesse aplicativo, procurando depreender se o Instagram privilegia e propulsiona determinados tipos de perfis e discursos feministas. Assim, busco analisar as disparidades de alcance, e conteúdo, entre os perfis selecionados. Este trabalho pretende contribuir para o avanço na compreensão das dinâmicas de ativismo na Internet, enquanto produtor de conhecimento e agente na disputa de discursos e de representações.
Palavras-chave: Instagram; teorias feministas; gênero; marcadores sociais da diferença; etnografia digital.
Abstract: Feminisms on Instagram: an analysis on sharing feminist theory on the social network
In this research, I propose to analyse Instagram accounts that identify as feminists on the social network. My central question is to analyse how the production of feminist theory and knowledge takes place and the construction of feminist identities in this social network. Here I will bring initial analysis of the self-titled feminist profiles in this app, trying to deduce if Instagram privileges and propels certain types of feminist profiles and discourses. Thus, I seek to analyse the disparities in scope, and also in content, between the feminist profiles found in this social network This work aims to contribute to the advancement in the understanding of the dynamics of activism on the Internet, as a producer of knowledge and agent in the dispute of discourses and representations.
Keywords: Instagram; feminist theories; gender; social markers of difference; digital ethnography.
Introdução ao campo feminista do Instagram
Desde o advento da Internet, e principalmente a partir de sua popularização a partir dos anos 2000, o ciberespaço[2] é um espaço de intervenção e lutas feministas. Nos anos 1990, surge a ideia do ciberfeminismo, que pode ser definido como um conjunto de estratégias estético-político-comunicacionais pensadas para serem compartilhadas nesse ambiente, “as primeiras atuações feministas na Internet valeram-se muito de ações de repetição como estratégias recursivas que pretendiam esgotar identidades simbólicas”[3], inspiradas pela potência do “Manifesto Ciborgue” (HARAWAY, 2009). À medida em que as redes sociais se multiplicaram, foram surgindo também mobilizações feministas nestes espaços, como nos mostram as autoras Boyd e Ellison (2008), Banon (2013), de Miguel (2002), Ferreira (2015) e Martinez (2019). Em seus artigos, as autoras procuram expor como se deram as práticas feministas na Internet por meio dos avanços tecnológicos.
Dessa forma, conforme novas redes sociais surgem, novas práticas feministas, novos sujeitos feministas vão surgindo, reciclando as teorias clássicas, e novos debates aparecem à luz da experiência de ser mulher na contemporaneidade. O Instagram, como lócus de debate e produção de subjetividades feministas, ainda não foi devidamente explorado, e é esse ponto que investigo em meu mestrado, a partir de uma abordagem de antropologia da mídia.
O uso de smartphones e redes sociais no Brasil é crescente[4] e tem transformado sensivelmente como nos relacionamos com o cotidiano. O ambiente que nos cerca, a cidade, os afetos e relacionamentos, as compras, as notícias podem ser mediadas por esse dispositivo. Podemos entender os smartphones, conforme descrito por Nicole Baumgarten (2020), como aparelhos celulares que permitem o acesso à Internet e a sites de relacionamento social. O sistema operacional que compõe esses dispositivos é formado por um conjunto de programas que organizam e gerenciam recursos, informações, criando a interface pela qual os usuários serão apresentados ao dispositivo. Esta interface é a ponte entre a complexa linguagem da programação e o usuário, através de ícones e gráficos, o que chamamos no Brasil de “aplicativos” (BAUMGARTEN, 2020). Dentro do universo dos aplicativos para smartphones existe um grande espectro de funções, e o Instagram se insere neste universo como um aplicativo de mídias sociais e comunicação.
De acordo com o Instagram, 500 milhões de pessoas usaram a rede todos os dias em 2020[5]. Embora essa plataforma, que surgiu no final de 2010, tenha uma variedade de recursos, a interface do aplicativo permite que indivíduos carreguem mídias visuais – tanto fotos quanto vídeos –, privilegiando estas em detrimento do texto verbal[6]. Os usuários do Instagram podem, então, editar essas mídias com filtros e organizá-los com informações de localização e hashtags (#)[7], além de poderem navegar pelas fotos e vídeos de outros usuários procurando hashtags, localizações ou palavras-chave. Eles também podem navegar por uma agregação de conteúdo de tendência (função explorar) e interagir com as fotos e vídeos de outros usuários clicando nos botões que lhes permitem "curtir" uma postagem ou adicionar um comentário de texto a uma postagem. Quando um usuário "segue" outro usuário, isso significa que ele está adicionando fotos e vídeos desse usuário ao seu feed[8].
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