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Os Subalternos

Por:   •  20/9/2019  •  Artigo  •  1.223 Palavras (5 Páginas)  •  110 Visualizações

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De acordo Robert Young, a antropologia primitiva classificou a cultura através das raças, o colonialismo aproximou-nos geograficamente, mas aumentou as distâncias culturais, separando-nos por cor, gênero e comportamento. Diferenciou os mais civilizados dos menos civilizados, apenas por terem costumes diferenciados dos europeus. Até nos dias atuais essa consciência ainda é interminantemente disseminada, em todo mundo os povos sofrem com as marcas da colonização que desvaloriza seus hábitos locais e menospreza suas culturas, tornando-os apenas estatísticas de um regime cruel, que degrada vidas.

O etnocentrismo extinguiu muitas culturas, no Brasil, por exemplo, a língua dos indígenas não é reconhecida e boa parte dessa população foi exterminada para servir aos colonos que desejavam apenas produzir e explorar a terra. É perceptível a maioria branca nas escolas particulares e universidades de todo Brasil, a maior parte dos negros e indígenas compõem a margem da sociedade, vitimas de preconceitos diários. E então analisamos em contextos globais, em países que há muito preconceito de raça e economia como Alemanha, se o visitamos, seremos sempre classificados como pertencentes ao terceiro mundo.

O texto “Dossiê saberes subalternos” de Larissa Pelúcio traz a visão de feministas de diversos lugares do mundo mostrando o quanto é importante o lugar em que se expressa os anseios e as angustias às quais são submetidas. Quando se diz respeito aos subalternos poucos são aqueles que os ouvem, mas a partir do momento que dão voz a esses indivíduos é possível compreender as dificuldades que eles enfrentam resultado direto de uma longa dominação colonial que corrompeu suas identidades e os transformou em novas figuras, fantoches dos colonos e dos países de primeiro mundo.

A dominação cultural classificou-os como isentos de civilidade e conhecimento, silenciou seus apelos por reconhecimento como seres humanos, dotados de muitos atributos. A autora de “Dossiê saberes subalternos” relata um pouco da posição do Oriente nesse cenário etnocêntrico europeu “O conceito de “orientalismo” que Said desenvolve se refere à maneira como conhecimento articulado a partir do olhar hegemônico da cultura europeia foi capaz de homogenizar e exotizar toda uma vasta região, entendida como periférica: O Oriente. Mistificando-a, e infantilizando sua gente.”(p.400), conclui-se que colocaram o continente oriental em um patamar bem menor que a Europa, reforçando a imagem de que seus habitantes não tinham nada a oferecer.

Ainda segundo o texto, as análises sobre o que é a subalternidade consistem em perceber os fundamentos históricos, desde o processo da colonização e os seus reflexos, o legado de superioridade que os povos dominantes deixaram, ocultando a cultura de outras populações consideradas subalternas. O poder ficou limitado à minoria européia em contraposição aos latinos, orientais, africanos e entre outros. A autora cita o livro de Spivak que trata sobre a fala do subalterno, em seu texto a autora retrata o quanto os subalternos foram privados de sua fala, não lhe permitiram reivindicar suas necessidades, muito menos demonstrar suas qualidades, o que engloba seus valores e crenças, lhes calaram sem nenhum tipo de remorso e diminuíram em todos os sentidos seu potencial, e para ela as mulheres seriam as maiores vítimas desse fenômeno que silenciou a todos socialmente desfavorecidos.

É observado que diante de tais questões essas mulheres que se encontram, principalmente, nas regiões marginalizadas do globo têm buscado cada vez mais se posicionar por seus direitos. “Nesse momento de crítica, feministas com diferentes formações buscavam por novas estratégias epistemológicas. Algumas estabeleceram um diálogo crítico com o pós-modernismo e o pós-estruturalismo tomando parte de suas propostas desconstrucionistas para desvelar as redes de poder que ocultam a aparente objetividade do conhecimento científico.” (p.404)

O meio em que sobrevivem essas mulheres as obriga a permanecer no estágio de opressão, pois são ensinadas que sua condição não pode ser alterada, foi o que o colonialismo fez com os povos. No grupo de subalternos há camadas e a menor delas pertencem as mulheres, os brancos ricos europeus falam pelos homens  pobres mestiços, negros e esses por sua vez falam pelas mulheres pobres, ou seja, o espaço só lhe é dado se essas mesmas mulheres através do conhecimento reconhecem o seu valor na sociedade, com muita luta, pois são subjugadas constantemente. No livro  “Tendências e impasses: O feminismo como crítica da cultura” organizado por Heloisa Buarque de Holanda é relatado “Parece óbvio que para alguns de nós que esta mulher não emancipada, no espaço descolonizado, estando duplamente deslocada nele, é o veículo apropriado para uma crítica pura e simples análise de classes.Separada do centro do feminismo, essa figura, a figura  da mulher da classe subalterna, é singular e solitária”(p.191).Entre essas mulheres não pode existir neutralidade, mas um posicionamento férreo pela busca de seus direitos.

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