O Subalterno Nas Narrativas Literárias Do Sul Global
Por: Igor1423 • 1/4/2023 • Projeto de pesquisa • 2.181 Palavras (9 Páginas) • 77 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
CENTRO DE CIÊNCIAS, EDUCAÇÃO E LINGUAGENS – CCEL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS BACABAL – PPGLB
IGOR LUID DE SOUZA OLIVEIRA
O SUBALTERNO NAS NARRATIVAS LITERÁRIAS DO SUL GLOBAL: Testemunhos, margens e marginalizados nas obras de Paulo Lins e Evel Rocha.
BACABAL-MA
2023
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
JUSTIFICATIVA 4
PROBLEMA 5
OBJETIVOS 6
Objetivo Geral 6
Objetivos Específicos 6
METODOLOGIA 7
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8
CRONOGRAMA 10
REFERÊNCIAS 11
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é comparar as obras de Evel Rocha e Paulo Lins, especificamente os livros Marginais e Cidade de Deus com a finalidade de identificar semelhanças e dissonâncias entre os modos de representação dos sujeitos subalternos, as periferias e a violência. Ora, embora esses escritores atuem em espaços literários distintos, quais sejam, Brasil e Moçambique, hoje ocupam posições de destaque ao encarnar discursos, testemunhos e formas de denúncia social em seus trabalhos. Além disso, em virtude de elaborarem discursos a respeito de sujeitos subalternos, excluídos das esferas de poder e de saber na sociedade, colocando em questão os cânones litrários em seus contextos, apresentam perfis literários semelhantes, na medida em que reúnem e se fundamentam elementos de gêneros variados: reportagem, narrativa ficcional, pesquisa, biografia, etnografias, entre outros. O testemunho, a que nos referimos no título do projeto, designa, pois, essa posição situada em uma zona de fronteira entre uma certa aspiração de objetividade e um local singular e subjetivo de visão e elocução, metamorfoseados na palavra de um narrador (BOSI, 1995).
Metodologicamente a pesquisa se baseia principalmente nos estudos comparados (CARVALHAL, 2006), e pretende através da exploração dos cruzamentos entre biografias pessoais, modos de construção de narrativas ficcionais e experiências de vida discutir sobre as condições de fala protagonizadas por sujeitos outrora silenciados no Sul Global. As razões para escolha do objeto encontram-se associadas à minha trajetória de pesquisa na graduação, quando pude analisar a questão da memória e da identidade na obra de Evel Rocha. Nesse sentido, o romance Marginais é uma narrativa que pode facilmente ser intregada na tradição literária do período colonial de Cabo Verde, pois a subalternidade, individuos em situação social de risco, é um instrumento para a verificação de exlusão na narrativa, os quais por meio das manifestções de carater físico, a saber, suas praticas sexuais, também pelo desconhecimento de regras e desafios aos parâmentros sociais burgueses que organizam as cidades modernas, reclama o reconheicmento (OLIVEIRA, 2020). Mais recentemente, esse interesse desdobrou-se em uma reflexão sobre o tema da literatura marginal na obra de Ferréz, quando tivemos a oportunidade de refletir sobre o lugar dos esquecidos e negligenciados nas literaturas das Américas (OLIVEIRA; NERIS, 2022).
As bases teóricas estão assentadas sobre dois conjuntos conceituais interligados: por um lado, a literatura de testemunho na América Latina, notadamente aquela que explora as intersecções entre representação, violência e formas literárias (MARCO, 2004, BOSI, 1995), noutro, as perspectivas abertas pelos estudos culturais e as teorias pós-coloniais, que tanto problematizaram os cânones academicos e literários, quanto abrem espaço para pensarmos a literatura nos trópicos a partir do próprio contexto pós-colonial e em uma perspectiva comparada (SANTIAGO, 2000)
JUSTIFICATIVA
Com efeito, não são poucos os estudos que atestam a importância e reconhecimento simbólico das obras analisadas. Uma rápida consulta a respeito de artigos e livros disponíveis na internet, mostra que a atenção sobre a questão racial, a marginalização, e as inovações em termos de composição e linguagem já despertaram atenção em meios acadêmicos (QUITÉRIO, 2012; FITZGIBBON, 2009). O desafio, pois, não é novo, visto que a questão das falas sobre os subalternos, marginalizados e esquecidos remete a uma problemática já levantada no texto já clássico de Spivak (2010), Pode o subalterno falar?
A começar pela compreensão a respeito da chegada desses novos escritores que animaram os espaços literários nacionais pela introdução de temas e modos de representação ficcional a partir de um olhar de dentro, de perto. Em segundo lugar, pela própria questão ressaltada pela autora a respeito da quase impossibilidade desses sujeitos falarem, vez que seus discursos podem não apenas ser apropriados pela episteme dominante, como contribuir para reproduzi-la.
Seja como for, tratam-se de autores que colocam a questão inelutável da relação entre objeto e tema de enunciação, de onde haveria a própria pertinência por refletir sobre denúncia, testemunho e marginalidade. É que as obras parecem não ser adequadamente lidas em sua contribuição e composição sem que levemos em conta a própria história pessoal dos seus escritores e os lugares sociais a partir dos quais esses elementos se cruzam, nas periferias, nas margens.
A literatura de testemunho, surgida na America Latina e expandida para vários lugares do mundo, se caracterizou principalmente pelo cunho em traçar nas narrativas literárias mémorias narradas por aqueles que viveram sobre o domínio de um sistema autoritário. Marginais e Cidade de Deus, obras escritas em países diferentes, mas transpassadas por contextos semelhantes, marcam esse processo pós-colocinal, pois ambas as obras foram redigidas em paises que por muito tempo foram colonias europeias de um mesmo país. Com isso, pensar a subalternidade nessas duas narrativas que representam o Sul Global, é discorrer a reflexão que traz os estudos pós-colonais de que a mais imporante mudança a assinalar é a atenção à analise das relações de poder, nas diversas áreas da atividade social descrita pela diferença: étcnia, de raça, de classe, de gênero, de orientação sexual. Desse modo, os estudos culturias de Hoggart (1957) traz um foco sobre os materiais culturais, muitas das vezes desprezados, da cultura popular.
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