Os diversos sentidos presentes no medicamento: Elementos para uma reflexão em torno de sua utilização

O artigo em questão tem por finalidade, trazer conclusões de alguns estudos e pensamentos de alguns autores sobre os diversos valores associados ao medicamento, especialmente para o seu consumidor final instigando diversas reflexões. Sendo assim, o primeiro ponto abordado é as formas de comercialização dos medicamentos nos diversos países que acabam por refletir o caráter mercantil do produto, onde um grande número de habitantes não tem acesso aos medicamentos enquanto alguns consomem abusivamente.

Dessa forma, entra em questão o uso racional de medicamentos que, segundo a Organização Mundial de Saúde esse uso é “[...] uma sequência de ações que envolvem uma prescrição adequada, a disponibilidade do medicamento e que este tenha a qualidade exigida, a dispensação em condições adequadas acompanhada das informações necessárias, e que a aplicação das medicações se realize conforme as orientações prescritas”. Portanto, os medicamentos têm sido consumidos como mercadoria ao invés de um instrumento técnico de intervenção médica sobre processos fisiopatológicos.

Outra perspectiva é a de que o medicamento tem significado de saúde, no qual traduz também, toda uma história cultural da sociedade. Assim, o medicamento é entendido não apenas como um meio de satisfação de necessidades naturais, mas também, na satisfação de necessidades culturais determinadas pelo modelo social capitalista. Logo, o medicamento está associado à estética, ao desejo, aos problemas psicológicos, sociais e afetivos. Ademais, o medicamento também pode ser associado à doença, já que muitas pessoas têm medo dos efeitos colaterais além de ter sua condição descoberta por outros, o que pode levar à recusa ou dissimulação do uso, o que colaboram para o desenvolvimento do símbolo de doença do medicamento.

Destarte, o uso de medicamentos na sociedade está, portanto, se distanciando do uso “racional”, já que esse é um objeto plural com diversos significados. Sendo assim, seu uso tem sido para tanto de saúde quanto de doenças. Por isso, é importante que critérios sejam estabelecidos para o seu bom uso, como práticas educativas de saúde e políticas públicas condizentes com a complexidade do medicamento.

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