RESENHA CRÍTICA DO FILME "ZEITGEIST: MOVING FOWARD"
Por: tulio.cesar • 16/10/2015 • Resenha • 862 Palavras (4 Páginas) • 4.035 Visualizações
RESENHA CRÍTICA DO FILME “ZEITGEIST: MOVING FORWARD”
A CRISE DO MUNDO ATUAL
O tema tratado no filme “Zeitgeist: moving forward”, do diretor Peter Joseph, é a crise por que passa o mundo atual decorrente de uma série de problemas sócio-econômicos, morais e ambientais característicos de um modelo de civilização humana baseado na economia de mercado, que define o capitalismo como sistema econômico. O objetivo central do tema é a defesa da necessidade de uma transição do atual paradigma sócio-econômico monetário, que rege as sociedades do mundo inteiro, para um novo modelo ideal de sustentabilidade social chamado de “economia baseada em recursos”.
A economia de mercado, como se sabe, é regida pela livre interação entre a oferta e a demanda de bens e serviços (as leis naturais endógenas do mercado), fundada na propriedade privada dos meios de produção e na acumulação de capital e inteiramente voltada para a obtenção de lucro. Os problemas sócio-econômicos verificados no sistema capitalista são a divergência de interesses entre os capitalistas (detentores do capital e dos meios de produção) e os trabalhadores (detentores da força de trabalho), a concentração das riquezas por uma parcela minoritária da população mundial, a proliferação da pobreza e do desemprego e a estratificação das sociedades em classes com diferentes graus de poder aquisitivo. Os problemas morais são a busca da prioridade aos interesses individuais em detrimento dos sociais, a supressão da solidariedade pela disputa competitiva das empresas por maiores fatias do mercado e dos trabalhadores por vagas de emprego, maiores salários e melhores condições de trabalho e a formação de uma cultura hedonista de comportamento voltada para o intenso consumo de mercadorias. Finalmente, os problemas ambientais são a exploração predatória dos recursos naturais finitos, o desmatamento e a poluição do ar, da água e da terra, provocando mudanças climáticas e pondo em risco o ecossistema e a vida da humanidade.
No início do filme, é feita uma abordagem antropológica do indivíduo fundamentada na análise do comportamento humano em diversas comunidades ao longo do tempo. Constata-se que a personalidade é formada pela interação conjunta dos fatores biológicos, psicológicos e sociais. Na história, as sociedades primitivas mais gregárias e igualitárias tinham um índice de violência quase inexistente, pois elas produziam apenas para a sua subsistência básica e partilhavam o que era produzido entre os seus indivíduos. Nas sociedades atuais fortemente caracterizadas pelo individualismo e pela competitividade, em que passou a haver maior desigualdade entre os indivíduos, o índice de violência teve um aumento sem precedentes. A “patologia social” está relacionada, contudo, ao pensamento de que cada ser humano deve cuidar de si sem precisar da ajuda de outro, o que faz com que haja menos reciprocidade e altruísmo nas relações interpessoais.
No sistema capitalista, a vida de uma sociedade fica submetida às regras do capital financeiro, em que o dinheiro se tornou a principal mercadoria para gerar mais dinheiro (mediante empréstimos bancários e financiamentos de dívidas com cobrança de juros) e não apenas um meio de compra de bens. O que mantém o sistema funcionando é justamente o consumo contínuo de bens e serviços ofertados no mercado, pois é isso que alimenta o ciclo de reprodução do capital e das relações capitalistas de produção e trabalho. É necessário, portanto, que os bens sejam produzidos pelo menor custo e com durabilidade mais curta para acelerar a sua substituição através do consumo de novos bens e, assim, fazer continuar esse ciclo. O consumismo é maciçamente incentivado e difundido pelas empresas através dos diferentes meios de comunicação, sob a forma de estratégias de marketing.
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