Resenha Linhas de Pensamento Brasileiro
Por: Pedro Henrique Soares da Silva • 10/11/2024 • Resenha • 2.049 Palavras (9 Páginas) • 32 Visualizações
Revista Brasileira de Ciências Sociais ISSN: 0102-6909[pic 1][pic 2]
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Brasil
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pressuposto que ele atribui a Faoro: a cisão entre Estado e sociedade.
De qualquer modo, Visconde do Uruguai: centrali- zação e federalismo no Brasil é uma referência impor- tante para quem quiser fazer um mergulho profun- do nesse debate fundamental do século XIX no Brasil, envolvendo centralizadores e federalistas: um debate, ainda em aberto, sobre a própria forma- ção do Estado-nação brasileiro.
Bibliografia
CARVALHO, José Murilo de. (1998), “Federalis- mo e centralização no Império brasileiro: his- tória e argumento, in , Pontos e bor- dados: escritos de história e política, Belo Horizonte, Editora da UFMG.
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FAORO, Raymundo. (2001), Os donos do poder: for- mação do patronato político brasileiro.São Paulo, Glo- bo.[pic 15]
MELLO, Evaldo Cabral de. (2001), “Frei Caneca ou a outra independência”, in (org.), Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, São Paulo, Editora 34.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. (1978), Or- dem burguesa e liberalismo político. São Paulo, Duas Cidades.
VIANNA, Luiz Werneck & CARVALHO, Maria Alice Rezende de. (2002). “República e civiliza- ção brasileira”, in Newton Bignotto (org.), Pen- sar a República, Belo Horizonte, Editora da UFMG.
GABRIELA NUNES FERREIRA
é professora de Ciência Política do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo – Campus Guarulhos e pesquisadora do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec).
Email: gabinf@uol.com.br.
As muitas famílias do pensamento político brasileiro
BRANDÃO, Gildo Marçal. Linhagens do pensamento político brasileiro. São Paulo, Hucitec, 2007. 220 páginas.
Fabio Gentile
No debate brasileiro dos últimos anos, Linha- gens do pensamento político brasileiro ocupa espaço in- questionavelmente importante. Por sua originalidade e novidade, bem como pela sofisticada construção analítica e metodológica em que se apóia, trata-se de um livro que estabelece um novo parâmetro para que se compreendam aqueles que têm pensado o Brasil.
Um de seus principais pressupostos é de que a partir dos anos de 1970 a ciência política brasileira, ao se propor a revisitar as principais etapas da his- tória intelectual do país desde 1930, produziu boa quantidade de estudos respeitáveis, seja em termos de inovação científica, seja em termos dos resulta- dos obtidos. Apesar disso, afirma Brandão, o pro- blema atual da ciência política brasileira é encontrar um terreno comum de diálogo e de confronto en- tre essas novas interpretações, assim como o de pro- piciar um confronto geracional entre elas e os “clás- sicos” do pensamento brasileiro, com o objetivo de analisar numa perspectiva de longa duração o rápido e contraditório desenvolvimento de um país late comer do capitalismo, como o Brasil, dando aten- ção específica às relações criadas ao longo do tem- po entre a ampla e variada produção cultural e a formação da “identidade nacional brasileira”.
Posta a questão dessa maneira, Linhagens do pen- samento político brasileiro mostra-se à altura do desa- fio. Sustentado por um profundo conhecimento da produção das principais correntes teóricas e políti- cas, é um livro aberto e instigante, que não se desti- na a formular teorias indiscutíveis em termos teóri- cos, nem tem soluções definitivas ou propostas de fácil leitura do pensamento político no Brasil.
Consciente de que a matéria é complexa, pro- blemática e exige uma abordagem multidiscipli- nar, o pesquisador propõe uma original hipótese de investigação para articular dialeticamente as prin- cipais famílias do pensamento brasileiro e, ao mesmo
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180 REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - VOL. 24 No 71
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[pic 18]tempo, traduzir – é importante sublinhar esse as- pecto – a reflexão teórica numa proposta política capaz de ler criticamente as complexas transforma- ções econômicas e sociopolíticas do Brasil contem- porâneo. A inspiração, aqui, vem do marxismo de Antonio Gramsci.
Nas primeiras páginas, fica desde logo claro que o autor não se dirige exclusivamente a um pú- blico acadêmico de especialistas eruditos. Sua inten- ção deliberada é ser um work in progress, que, de um lado, conclui longo processo de reflexão teórica sobre o pensamento brasileiro, mas, de outro, pre- tende ser o ponto de partida de um projeto de in- vestigação aberto sobretudo às novas gerações de estudiosos e sensível às exigências teóricas e meto- dológicas provenientes dos múltiplos campos do conhecimento filosófico, teórico-político, histórico- literário e sociológico. Pretende construir um qua- dro orgânico para inserir as múltiplas famílias que compõem a cultura política brasileira ao longo do tempo, sem descurar do diálogo fecundo com a cultura européia e norte-americana, o que, de resto, sempre foi um ponto de referência importante no trabalho intelectual de Brandão.[pic 19]
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