Resenha do livro Autonomia e Desigualdades de Gênero - Flávia Biroli
Por: Luiza Nasciutti • 2/9/2016 • Resenha • 4.107 Palavras (17 Páginas) • 447 Visualizações
Autonomia e desigualdade de gênero – Flavia Biroli
Capitulo 1
“ainda que autodeterminação seja tomada como um ideal sempre imperfeitamente realizado, essa imperfeição varia em grau e intensidade segundo a posição social dos indivíduos” (pag 27)
Traduzindo (luiza): ainda que o direito à cidade seja restringido quando a lógica do capital neoliberal penetra e organiza a cidade, essa restrição, ou até mesmo ausência de uma experiência do direito à cidade se radicaliza em relação ao status sociais de gênero e classe. Portanto as mulheres da classe trabalhadora são as maiores afetadas das contradições capitalistas que se apresentam no urbano.
Trabalho: o trab domestico mal remunerado corresponde a comodidades importantes para as famílias de classe media alta.
A falta de creches publicas e de qualidade é menos impactante para a vida daquelas que podem contratar serviçoes privados (p 30)
...”vivencias distintas da dualidade entre o publico e o privado e das restrições que podem representar. A categoria mulheres, abstratamente, diz pouco sobre as formas concretas das desigualdades de gênero porque elas não afetam do mesmo modo, e na mesma medida, todas as mulheres.” (36)
“Mas isso não sinifica que o enero deixe de ser um eixo importante na definição da posição dos indivíduos nas relações de poder ou que a categoria mulheres seja esvaziada de relevância politica.”(36)
Efeito doxa - Bourdieu
Direito:
“A universalização dos direitos convive com formas de dominação, exploração e opressão que tem impacto na definição do horizonte de possibilidades e das ambições, assim como das escolhas efetivamente disponíveis para os indivíduos. O âmbito da individualidade e as possibilidades de autodeterminação são diferentemente delimitados, dependendo da posição social desses indivíduos” (49)
“Em um contexto em que o ponto de vista masculino constitui a perpectiva “universal” do Estado, das leis e da indústria cultural, a mulher seria privada dos referenciais que possibilitariam que se construísse como um self” (pag 50)
“(mesmo em Mackinnon) a ressignificação das experiências e indentidades das mulheres aparece como uma possibilidade, e uma alternativa historicamente viabilizada pelas próprias mulheres e pelo feminismo. O compartilhamento das experiências entre as mulheres lhes daria acesso a um “conhecimento vivido da realidade social de ser mulher” (51)
“O reconhecimento da privação do self em beneficio de outros, no caso, dos homens, que a condição da mulher envolveria (...), seria fundamental para a agencia, para a construção autônoma de si.” (51)
ideia de experiencia compartilhada – pag 52
“A consideração sistemática dos efeitos dos padrões de socialização, dos esteriotipos e das formas d internalização das hierarquias convive, conflituosamente, com a busca pelo reconhecimento da voz, das perspectivas e dos interesses que seriam próprios as mulheres, silenciados pela dominação masculina” (53)
Capitulo 2
“O processo de produção das preferencias não é individual. Ele remete às posições em uma coletividade, em redes desiguais que se estabelecem em contextos sociais concretos.” (57) – padroes de socialização e acosso a recursos materiais e simbólicos, incluem contexto social, variáveis institucionais, culturais e materiais que delimitam a expressão de autonomia.
A autonomia individual e produção social da individualidade não podem ser vistos como opostos. (57)
A agencia moral das mulheres é ao mesmo tempo socialmente enraizada (1) e individualizada (2). 1. O contexto como as relações de poder que o perpassam é constitutivo das possibilidades e da capacidade para a autonomia. 2. A singularidade da trajetória dos indivíduos e seu investimento criativo na sua própria vida, não estão em contradição com o reconhecimento dos contrangimentos estruturaus à agencia. (p.60-61)
Não se desconsidera os padrões socialmente estruturados que delimitam a autonomia nem que eles incidem diferentemente em gupos sociais distintos – implicam constrangimentos em tipos e graus diferentes de acordo com a posição social desses grupos. (61)
Portanto a criatividade individual para lidar com esses contrangimentos deve ser valorizada! – como as mulheres disputam o direito a cidade e sua autonomia de vivenciar e ocupar o urbano???? (mono)
Relação direta entre: como se constituem as preferencias e identidades para o grau de legitimidade atribuído as preferencias e interesses expressos pelos indivíduos. (57)
Contrariamente ao liberalismo que pretende levar a autoderterminação como valor fundamental, e que as preferencias e escolhas dos indivíduos são legitimas pois são por eles validadas (foco no individuo como fonte de legitimidade); deve-se reconhecer que não há igual reconhecimento dos indivíduos como agentes morais capazes , mas essa condiçãose aplica apenas a parte desses indivíduos. (57-58)
“ é interação emtre diferentes aspectos que caracterizam os indivíduos socialmente, diferentes “traços” e diferentes elementos das suas trajetórias e pertencimentos, que define suas identidades , com as vantagens e constrangimentos que poderão estar a elas associados em contextos específicos.” – vulnerabilidade socialmente causada (Okin) – p 61
Desafios: (61)
- “como conciliar a analise critica dos limites efetivos ao exercício da autonomia que correspondem entre outras coisas ao “treinamento” social (ainda que difuso) de determinados indivíduos para a subordinação, com a manutenção do igual respeito pelos indivíduos, como agentes capazes de decidir sobre sua própria vida?”
- “como conciliar a defesa filosófica e politica da autonomia como valor fundamental para a democracia com a manutenção do respeito pelas identidades já constituídas – pelo respeito que confere valor, segundo os próprios indivíduos, a sua vida?”
- “como conciliar a defesa da vocalização das perspectivas, interesses e vivencias dos indivíduos, na contramão de um dos aspectos da dopminação que é justamente o seu silenciamento, sem abrir mao do escrutínio critico das preferencias e interesses já constituídos, da critica as escolhas e formas de vida que colaboram para reproduzir a dominação e para corroer as bases necessárias a construção da scondições para a agencia autônoma?”
Questão da maternidade:
a valorização da maternidade: “a sobreposição entre mulher e maternidade colaborou, historicamente, para limitar a autonomia das mulheres. .... restrição a determinadas atividades e formas de vida que foram consideradas conflitivas com a divisão sexual do trabalho, assim como o controle da sexualidade, e da capacidade reprodutiva das mulheres. Mas tão importante quanto as restrições, é a construção da maternidade como valor positivo em um quadro que promove identidade de gênero convencionais, (Badinter, 1985) naturalizando a divisão sexual do trabalho dentro e fora de casa e afirmando uma posição especial e mesmo exclusiva para as mulheres no cuidado com as crianças e na gestão da vida domestica” (63)
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