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Segio Buarque e Gilberto Freyre, Sintese

Por:   •  24/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.174 Palavras (9 Páginas)  •  199 Visualizações

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Essa síntese tem como objetivo explicitar as diferentes intepretações do Brasil com base nos autores estudados em sala de aula, em especial Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Padro Jr. Para atingir tal objetivo, explicitarei cada autor separadamente, para depois refletir a respeito das possíveis diferenças e semelhanças que eles podem ter.

Em primeiro lugar, analisarei o livro Casa-grande & Senzala de Gilberto Freyre. É um livro esclarecedor sobre a formação do povo brasileiro, e foi de suma importância na consagração da importância do indígena e do negro no desenvolvimento racial e cultural do Brasil. O livro não defende a tese de que o Brasil vivia desde o início da colonização uma espécie de “democracia racial”. Ele defende, de certa maneira, a especificidade de nossa escravidão por não ter sido tão brutal como a da colonização espanhola, e muito menos como a da colonização inglesa na América do Norte, mas não tenta esconder nossas mazelas de uma sociedade patriarcal, analfabeta e violenta desde a infância.

Freyre defende a colonização portuguesa por não ter o fanatismo religioso típico da colonização espanhola e nem o racismo da colonização protestante na América do Norte. Porém, o pouco fervor do clero e seus preconceitos o levaram a negligenciar até a educação dos “brancos”, e a excluir dos seminários “gente de cor”.

Outro ponto digno de nota é o enfoque na sexualidade do Brasil Colonial. Freyre destaca que a fama de promiscuidade sexual do brasileiro não vem nem dos indígenas e nem dos negros vindos da África e sim da promiscuidade do sistema escravocrata e patriarcal da colonização portuguesa, que criou um ambiente de precocidade da sexualidade e de propagação de doenças venéreas. Negros e índios eram povos pouco sexualizados, principalmente em comparação com os europeus. Isso foi fundamental para barrar um crescente racismo “científico” que vinha se propagando desde o século XIX, e que servia de arma para apontar no indígena e no africano as origens de nossas mazelas sociais. Estas mazelas têm origem desde antes do Brasil ser descoberto. Por exemplo, Portugal sempre esteve em contato com o islã e seu sistema escravocrata. A cada batalha contra os mouros eram feitos escravos, o que criou um desprezo pelo trabalho, especialmente o manual. Para eles, trabalho era coisa de mouro. Outro ponto que Freyre defende é que os africanos não “corromperam” o homem branco com suas “mandingas”, e sim Portugal que trouxe a feitiçaria da Europa.

A respeito da miscigenação, ele diz que se deu pelo fato de existirem poucas mulheres brancas disponíveis para os colonizadores. A Igreja incentivou o casamento com as mulheres indígenas, mas não com as negras de África. Aos negros e mestiços seriam vetados o acesso ao sacerdócio. A Igreja pouco iria preocupar-se com a educação do negro. Quanto aos índios e ao sistema de missões criado pelos jesuítas, Freyre julga que o sistema só poderia ter terminado em fracasso como acabou acontecendo, pois dava pouca autonomia aos índios e, ao invés de ensiná-los trabalhos manuais, os jesuítas tentavam ensina-los Latim e monogamia.

Crianças brancas, mestiças e negras eram criadas no mato, pois quase não havia escolas e pouca educação religiosa. Nessa questão, Freyre aponta uma das raízes da nossa sociedade violenta. O menino branco da Casa-Grande aprendia desde a infância a ser cruel com os animais e com seus “inferiores”, ou seja, os mulatos e negros. Esse “moleque” negro ou mulato, que acompanha sempre o menino branco em sua infância, serve mais como um “saco de pancadas” e como um experimento para a violência patriarcal futura a ser exercida contra outras pessoas na vida adulta, principalmente contra as mulheres. O homem patriarcal brasileiro herdou o costume do sentimento de posse em relação à sua mulher de Portugal, que por sua vez sabia muito bem do costume muçulmano nessa área. A violência, o sistema patriarcal opressor da mulher, o ridículo costume do título de “vossa excelência” ou do “doutor”, que o brasileiro dá a qualquer desqualificado que tenha um mínimo de autoridade ou dinheiro, são heranças malditas da colonização. Não que o brasileiro não pudesse ser alegre também. Esta característica Freyre atribui ao negro africano, povo alegre e adaptado ao nosso clima tropical, que ele contrasta à melancolia do índio e ao mau-humor do português.

O que Gilberto Freyre fez foi exaltar a contribuição das três raças que formaram nosso caráter. Portugal criou um Império que estava isento dos excessos de outras civilizações mais poderosas da época. Povo português bem pouco “branco” para os padrões europeus, miscigenado graças às relações com árabes e judeus ao longo de séculos, não trouxe para cá maiores preconceitos. Não foi a miscigenação brasileira que nos deixou de legado muito de nossos problemas atuais, e sim a escravidão e sua mentalidade, que ainda está presente em boa parte do Brasil do século XXI.

No primeiro capítulo da obra Raízes do Brasil, intitulado Fronteiras da Europa, Sérgio Buarque mostrou que os países Ibéricos eram os que faziam fronteiras entre a Europa e o mundo através do mar. Ficavam um pouco à margem do resto da Europa, inclusive no que se refere às navegações, das quais foram pioneiros. Eles eram diferentes das outras culturas europeias onde havia uma hierarquia feudal enraizada, com ascendência quase impossível. Para os países Ibéricos cada homem tinha que depender de si próprio, por isso a burguesia mercantil se desenvolveu primeiro nesses países. Somado a isso, havia o relaxamento organizacional que estava muito presente na história de Portugal e, conseqüentemente, no Brasil. Para Sérgio Buarque, a aparente anarquia ibérica era muito mais correta, muito mais justa que a hierarquia feudal, pois não tinha muitos privilégios a ser dados. A nobreza portuguesa era muito flexível, ao que o autor chamou de mentalidade moderna. Havia uma igualdade entre os homens. Os ibéricos não gostavam do trabalho manual, queriam ser senhores. Por fim o autor nos falou que o Brasil teve muitas características ibéricas e sua construção cultural veio daí.

No quinto capítulo, intitulado O Homem Cordial, Sérgio Buarque diz que houve muita dificuldade na transição para o trabalho industrial no Brasil, onde muitos valores rurais e coloniais persistiram. Para o autor, as relações familiares (da família patriarcal, rural e colonial), eram ruins para a formação de homens responsáveis. Até hoje vemos a dificuldade entre os homens detentores de posições públicas conseguirem distinguir entre o público e o privado. "Falta ordenamento impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático”.

A contribuição brasileira para a civilização

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