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A Atuação Das FARC´S No Cenário Internacional

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Por:   •  19/11/2013  •  9.518 Palavras (39 Páginas)  •  487 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Tão antiga quanto a política, é a violência praticada na própria política. Desde o surgimento do Estado, a sociedade se utilizou da violência quando era de seu interesse a alteração de situações, promovendo as revoluções que culminaram no advento do Estado de Direito.

É uma tarefa complexa a compreensão do mundo contemporâneo nesse período que se iniciou no século XIX até os dias atuais, devido ao intenso fluxo de acontecimentos que talvez seja o mais grave da história da humanidade. Esta aceleração dos acontecimentos gera reflexões acerca de toda a violência que ainda existe em pleno século XXI, mais especificamente em relação aos movimentos paramilitares existentes.

O foco deste estudo é a guerra civil que ocorre na Colômbia. Apesar de pouco conhecida para o povo brasileiro, esta guerra tem trazido trágicas consequências para a população colombiana nos últimos cinquenta anos.

O conflito é mantido pela imprensa nacional e internacional como uma questão de ordem policial, descrevendo a luta como uma batalha entre o Estado colombiano e um grupo de guerrilheiros participantes e mantenedores do narcotráfico. Com esta versão corriqueira do conflito, elementos históricos relevantes são deixados de lado pela mídia, impedindo que tais fatos sejam analisados para poder se entender o problema.

Os exércitos independentes, sem se preocupar aqui com a justiça ou não praticada por seus componentes, mostra um passado da história que se reflete nesta fase contemporânea, fundando outras possibilidades de compreender a formação de sociedades e, ao mesmo tempo, o modo de olhar o mundo.

Na análise realizada nesta pesquisa, levanta-se o fato de que, cingida entre os partido Liberal e Conservador, a oligarquia colombiana esteve na disputa pelo poder por mais de um século, de 1830 a 1954.

Também restou evidente nas pesquisas que bem antes da Colômbia despontar como produtora de pasta de coca, gerando o narcotráfico, as guerrilhas já existiam. Este tipo de crime surgiu mais tarde, no momento em que as forças policiais e militares colombianas, sob o poder da oligarquia, não possuíam mais competência para vencer a guerrilha. Percebendo no narcotráfico uma forma de levantar financeiramente os exércitos privados, a elite colombiana formou estes grupos, conhecidos como paramilitares, sendo a violência com que tratam a população a sua marca registrada.

O objetivo deste estudo é apresentar a história da ocupação da região colombiana, partindo dos primeiros movimentos até chegar à consolidação das guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC, passando pelos interesses externos e internos que contribuem para a expansão e difusão da narco-economia até os impactos daí decorrentes.

Para tanto, o primeiro capítulo traz uma análise da situação mundial após a Segunda Guerra Mundial, que trouxe uma mudança em todo o rumo da sociedade global.

Em seguida, no segundo capítulo, se discorre acerca das guerrilhas na América Latina, momento em que se leva à compreensão de motivos que também contribuíram para a realidade atual em toda a região.

No terceiro capítulo se expõe a história da Colômbia, analisando o contexto histórico das guerrilhas, foco desta pesquisa.

O quarto capítulo conclui, realizando uma apreciação das relações das FARCS com a política internacional, com o narcotráfico e com o terrorismo.

1 O MUNDO PÓS-SEGUNDA GUERRA

A Sociedade Das Nações (SDN) falhou em seu objetivo central, que era o de evitar uma nova guerra com dimensão mundial. Afirma Xavier que, as décadas de 20 e de 30 já demonstravam este colapso da instituição que buscava a paz mundial. Mas, em 1939, confirmaram-se os sinais da proximidade da nova guerra (XAVIER, 2007, p. 24).

Findando a Segunda Guerra Mundial surgiam duas grandes potências bélicas: de um lado os Estados Unidos da América, com sua economia baseada no capitalismo e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, representando um Estado formado por diversas repúblicas aliadas por uma força centralizadora, o governo stalinista, com base econômica socialista e estabelecida pela Revolução Bolchevique de 1917 (MORE, 2007, p. 01).

Discorre ainda o autor contando que a instabilidade das relações entre estas duas superpotências levava ao temor constante de uma guerra nuclear, com a sociedade mundial sempre à espera de um conflito com proporção tal que haveria a destruição da vida pelas armas nucleares. O mundo se encontrava atemorizado, pois havia presenciado em agosto de 1945 o experimento de uma arma nuclear sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

Durante a Guerra Fria, se tornou relevante dominar a energia nuclear e as técnicas para produção de armamentos nucleares, pois os Estados Unidos demonstraram o poder do uso desta alternativa de energia. Isto ocorreu com a destruição de milhares de vidas pelas armas nucleares, “[...] cujo potencial destrutivo fora testado e apresentado ao mundo em agosto de 1945 sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki”. Paralelamente à corrida nuclear iniciou-se a corrida armamentista, num contexto de sérios conflitos armados nos Estados considerados à época como de Terceiro Mundo (MORE, 2007, p. 02).

Segundo o autor, quando acabou a guerra, dois sistemas econômicos se confrontavam, o capitalismo e socialismo. O mundo se dividiu em três categorias econômicas diferentes, denominadas, à época em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundos. Neste contexto, os Estados do Terceiro Mundo e os pós-coloniais, mesmo não tendo afinidades com a política externa dos Estados Unidos, “[...] eram em sua maioria anticomunistas na ordem interna e não alinhados em assuntos internacionais” (MORE, 2007, p. 02).

1.1 América Latina: fim da Guerra Fria e nova ordem mundial

A função das Forças Armadas na América Latina foi estabelecida, com o término da Segunda Guerra Mundial, pela supremacia ocidental representada pelo seu bloco militar aliado, a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte. A filosofia disseminada pelos Estados Unidos, durante a Guerra Fria instaurada, foi a de que deveria ocorrer uma luta dos países latino-americanos contra o comunismo praticado dentro de suas fronteiras. Por outro lado, os Estados Unidos possuiriam a função de defesa do hemisfério ocidental “[...] contra possíveis agressões externas do bloco soviético” (SANTOS, 2004, p. 03).

Segundo este autor, esta orientação foi absorvida e transformada em bandeira ideológica pelos militares da América Latina,

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