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A Cura pela Psicanálise

Por:   •  1/1/2022  •  Artigo  •  1.391 Palavras (6 Páginas)  •  154 Visualizações

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INSTITUTO ROSELI D MORAIS

A PSICANÁLISE CURA?

Trabalho realizado em cumprimento à exigência do professor, Doutor Aloisio Said Bacelar, com abordagem pessoal do aluno a partir das tratativas abordadas no primeiro modulo “Eixos Temáticos” do Curso de Didata.

Aluno: Edvar de Oliveira Ferreira

A PSICANÁLISE CURA?

INTRODUÇÃO

Várias abordagens foram propostas e discutidas no módulo “Eixos Temáticos”. Uma delas foi sobre a cura dentro do processo psicanalítico, dentro do aspecto se ela acontece mesmo e até onde podemos ter o retorno ou aparecimento de novas neuroses, mesmo sob análise. Por isso nossa indagação é A PSICANÁLISE CURA?

DESENVOLVIMENTO

        Freud definiu a psicanálise como um caminho de cura para o homem sob angústia, sendo esta, originada principalmente de conteúdos emocionais recalcados sem elaboração. Embora o termo cura seja utilizado de forma ampla nos mais variados círculos psicanalíticos, todo profissional que milita no solo psicanalítico, seja como teórico, didata ou no set deve compreender muito bem sua definição.

        Uma das grandes constatações que podemos observar na prática psicanalítica é que o homem vive todo tempo transitando entre conteúdos neurotizantes, e que estes conteúdos por muitas vezes, apesar de revisitados durante o processo de terapia, nem sempre são ressignificados, e que ainda que o sejam, isso, não quer dizer que não podem em algum momento encontrar novos caminhos para se manifestarem.

        Sob esta premissa, podemos entender que, ainda que alguém elabore e ressignifique um conteúdo específico através do processo terapêutico, este pode ser apenas o sintoma de uma estrutura neurotizante. Como exemplo, citamos a ansiedade – esta, diferente do que parece gravitar no senso comum, não é um sintoma, mas sim, uma estrutura neurotizante que se desdobra em vários sintomas. Sendo assim, uma pessoa que esteja submetida a esta estrutura, pode ter a elaboração/ressignificação, por exemplo,  do sintoma de irritabilidade como expressão da estrutura da ansiedade, e se sentir curada neste sintoma, mas, em um momento futuro, pode por exemplo, apresentar tensão muscular, como outra expressão desta estrutura.

A partir destas observações, podemos propor a seguinte pergunta:

Podemos dizer que a cura só poderá ser alcançada como um efeito secundário de uma psicanálise e se assim for, não poderia ser um conceito fechado?

"Apesar de tudo, a cura sempre tem um caráter de benefício por acréscimo — como afirmei, para escândalo de alguns — mas o mecanismo (da análise) não é orientado para a cura como finalidade. Não digo nada do que Freud já não tenha formulado poderosamente: toda inflexão em direção à cura como finalidade — fazendo da análise um meio puro e simples para um fim preciso — dá algo que estaria ligado ao meio mais curto e que só pode falsear a análise"  Jacques Lacan.

        Por entendermos como indiscutível que o processo de análise busque produzir efeitos curativos, isso significa também entendermos que a análise pode produzir efeitos de diminuição ou até o total desaparecimento do "sofrimento" do paciente.

        Porém, torna-se importante perceber que "sofrimento" e "cura" precisam ser bem entendidos.

        Quando falamos em sofrimento, estamos nos referindo a uma plêiade de sintomas trazidos pelo paciente, os quais nos são referidos como angústia, ou ainda como aqueles que são denominados em psicanálise, os equivalentes somáticos da angústia.

        Também quando referenciamos o termo cura, ela não deve incorrer no modelo médico da cura, onde cura pressupõe doença e, esta também deve ser relativizada em se tratando de psicanálise. Não estamos com isso querendo dizer que a doença psíquica não existe, apenas que é estruturada em outras bases ou em outro código.

        Nunca é demais lembrar que em psicanálise, não se faz "diagnóstico" através da sintomatologia, mas sim pelas linhas de conflito envolvidas. Enfim a cura não parece ser um conceito psicanalítico fechado.

        Quando alguém decide procurar um psicanalista, entendemos que o pré-conceito de cura, entendido como a supressão dos sintomas, está no campo central dessa busca. Segundo Lacan, "a cura é uma demanda que faz parte da voz do sofredor, de alguém que sofre pelo seu próprio corpo ou por seu pensamento ".

        Como estudiosos do campo psicanalítico, não é difícil observarmos que a cura, já se encontra sob a demanda do paciente que se dispõe à análise e por isso, mesmo com possíveis resistências, esta demanda tornaria a transferência como possível. Dessa forma, entendemos que esse seria então o primeiro passo em direção ao que denominamos, na terminologia lacaniana, do analista como o sujeito suposto saber. Ainda tomando por base a mesma terminologia, encontramos o conceito de "retificação subjetiva", o que significaria uma limpeza da demanda, ou em outros termos, seria poder instaurar uma modificação do paciente com relação à sua demanda.

Assim, a transferência supõe que comecemos pouco a pouco a interferir, a nos introduzir no sofrimento do outro. Dessa maneira, a demanda de cura feita no início da análise, acaba sendo substituída progressivamente por manifestações transferenciais. Retomando a colocação de Freud: "Essa relação, que por brevidade se chama transferência, logo toma o lugar, no paciente, do desejo de cura".

        A concepção psicanalítica dos sintomas, é uma concepção positiva, no sentido de que eles exprimem um movimento positivo do Eu, para livrar-se de um sofrimento intolerável.

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