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A Eficácia Simbólica

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Por:   •  19/4/2014  •  638 Palavras (3 Páginas)  •  608 Visualizações

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LÉVI-STRAUSS, Claude (1975) – Antropologia Estrutural. A Eficácia Simbólica (página.215-232). Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.

O primeiro grande texto mágico-religioso conhecido, proveniente de cultura sul-americana lança uma nova luz sobre certos aspectos da cultura xamanística.

Trata-se de um longo encantamento, cuja versão indígena tem 18 páginas. O objecto do canto é ajudar num parto difícil. Não deveria ser utilizado muitas vezes. A intervenção do xamã é rara e só se realiza a pedido da parteira. O canto começa com a visita desta última ao xamã, a partida deste, a sua chegada e os preparativos (fumigações de favas de cacau queimadas, invocação e confecção de imagens sagradas ou muchu). As imagens dos muchu representam os espíritos protectores (encarnam nas figuras esculpidas pelo xamã), que o xamã torna seus assistentes, e dos quais toma a direcção para os conduzir a Muu, potência responsável pela formação do feto. O parto difícil explica-se porque Muuu ultrapassou as suas atribuições e se apoderou do purba ou “alma” da futura mãe. O canto consiste inteiramente numa busca: a busca do purba perdido.

Depois de uma luta e de vencer Muu, esta deixa descobrir e libertar o purba da doente; o parto dá-se e o canto termina com as precauções tomadas.

O termo xamã pode parecer inapropriado,

já que a cura não parece exigir, um êxtase ou uma passagem a um segundo estado. Contudo, a fumaça do cacau tem por primeiro objectivo “fortificar as suas roupas” e de “o fortificar”, “de o tornar mais forte para enfrentar Muu”.

O canto parece ser um modelo bastante banal: o doente sofre porque perdeu o seu duplo espiritual; o xamã empreende uma viagem ao mundo sobrenatural para arrancar o duplo do espírito maligno que o capturou.

Mu-Igala, isto é “o caminho de Muu” e a morada de Muu não são um itinerário e uma morada míticos, representam literalmente a vagina e o útero da mulher grávida. Para atingir Muu, o xamã e os seus assistentes devem seguir uma rota.

O parto difícil explica-se como um desvio, pela “alma” do útero, de todas as outras “almas” das diferentes partes do corpo. Uma vez estas libertadas, a outra pode e deve retomar a colaboração.

As curas xamanísticas são de três tipos: manipulação, combate simulado e pronunciamento de encantamentos e prescrição de operações. O canto constitui uma manipulação psicológica do órgão doente e a cura é esperada dessa manipulação. Quer a manipulação de ideias, quer a manipulação de órgãos têm como condição comum que isso se faça com a ajuda de símbolos.

Os preliminares são muito desenvolvidos e a descrição dos preparativos contém muito detalhes.

A cura começa por um histórico dos acontecimentos que a precederam. A técnica da narrativa visa reconstituir uma experiência real, onde o mito se limita a substituir os protagonistas. Que a mitologia do xamã não corresponda a uma realidade objectiva, isto não importa: a doente acredita nela, e ela é membro de uma sociedade que acredita.

Mas a doente, tendo compreendido, não se resigna apenas: ela sara. E nada disto se produz nos doentes modernos, quando lhes explicam a causa das suas desordens. O xamã fornece à sua doente uma

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