A Influência Indígena Na Cultura Brasileira
Ensaios: A Influência Indígena Na Cultura Brasileira. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: dardania • 2/11/2014 • 1.246 Palavras (5 Páginas) • 455 Visualizações
A influência indígena na cultura brasileira
A herança dos povos indígenas foi decisiva para que o Brasil se tornasse o país multicultural dos dias de hoje.
A contribuição dos povos indígenas à formação da nação brasileira vai além de um conjunto de palavras, objetos, espécies domesticadas e técnicas de manejo do ambiente. A constituição do Brasil como um país multicultural se deve, sobretudo, à presença de centenas de grupos indígenas que habitam seu território e, ainda hoje, são parte constitutiva e atuante da sociedade brasileira. Atores fundamentais no início da colonização, os índios lutaram ao lado dos europeus ajudando a definir os limites do território nacional.
A diversidade cultural e linguística dos povos indígenas influenciaria os modos de ser da população mestiça que, a partir da mistura de diferentes matrizes, caracterizaria a população brasileira atual.
A Língua Brasílica
No Brasil, existem hoje cerca de 180 línguas indígenas diferentes. Desde o século XVI, o contato entre as línguas nativas e as europeias, sobretudo o português, fomentou processos de transformação linguística por todo o território. Cerca de metade das línguas indígenas existentes na época foi extinta pelo violento processo colonial.
As principais línguas tupi-guarani faladas pelos habitantes do litoral (o tupinambá e o guarani) foram sistematizadas já no início da colonização. Seu uso por missionários jesuítas não se limitava apenas à comunicação com os indígenas, como comprovam as mais de 30 composições líricas e dramáticas escritas em tupinambá por José de Anchieta. Essa língua era chamada de língua brasílica no século XVII e, nos pontos mais longínquos da administração colonial, era usada como língua corrente entre portugueses e seus descendentes (predominantemente mestiços) e escravos africanos.
A língua tupi de São Vicente e do Alto Tietê deu origem à chamada língua geral paulista, falada pelos bandeirantes que, no século XVII, saíram para explorar Minas Gerais, Gioás, Mato Grosso e a Região Sul do país, até ser suplantada pelo português, já no século XVIII.
O tupinambá também deu origem à língua geral amazônica que, a partir do Maranhão, espraiou-se pela calha do rio Amazonas. A língua geral amazônica, atualmente conhecida como nheengatu, ainda hoje é falada na região da bacia do rio Negro.
Na boca do povo
Algumas palavras de origem indígena absorvidas pela língua portuguesa:
Biboca (do guarani yvyoca) = casa de barro;
Canoa (do caribe canuaua) = embarcação;
Pereba (do guarani peré) = cicatriz, vestígio, mancha;
Pipoca (do guarani popó) = saltar, brincar;
Pitar (do guarani pitá) = fumar;
A Geografia Tupinambá
Diversas palavras em tupinambá tornaram-se nomes de cidades e até de Estados, como nos exemplos abaixo:
Araraquara - formigueiro de arará;
Aratuípe - no rio dos caranguejos;
Boraceia - dança;
Butantã - chão duro;
Caraguatatuba - gravatazal;
Comandatuba - feijoal
Ipanema - rio sem vida, sem sorte;
Ipiranga - rio vermelho;
Itaim - pedrinhas;
Itaquaquecetuba - lugar onde há muita taquara-faca;
Jabaquara - esconderijo de fugitivos;
Jacareí - rio dos jacarés;
Jaguariúna - rio preto das onças;
Jundiaí - rio dos bagres;
Moji-Mirim - rio pequeno das cobras;
Paranapiacaba - mirante do mar, lugar onde se vê o mar;
Paraíba - rio ruim;
Pavuna - lagoa escura;
Piracicaba - lugar aonde chegam os peixes;
Sergipe - no rio dos sirirs;
Ubatuba - lugar onde há muita cana para flechas;
Agricultura de Coivara
As técnicas de plantio desenvolvidas pelas populações indígenas são até hoje utilizadas por pequenos agricultores por todo o país. Conhecida como coivara, a agricultura de corte e queima, quando feita de maneira controlada, produz baixo impacto ambiental. Primeiramente, um pequeno trecho de mata é derrubado. Após secar, o mato derrubado é queimado para que, no começo das chuvas, inicie-se, de maneira combinada, o plantio de diversas espécies. As roças plantadas com essa técnica têm duração de dois a três anos, sendo abandonadas em seguida para a abertura de novos espaços. Esse processo garante a recuperação da área desmatada e a manutenção da fertilidade do solo.
Plantas Domesticadas
O conhecimento das populações indígenas sobre as espécies nativas é fruto de milhares de anos de experimentações no manejo e domesticação de plantas. Entre as centenas de espécies cultivadas pelos índios,
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