A Sociologia da Religião

Resumo: “A sociologia da religião”, Raymond Aron.

No capítulo “A sociologia da religião” do livro “As etapas do pensamento sociológico” de Raymond Aron, o autor faz um analise do pensamento de Max Weber na obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”.

Segundo Raymond, no pensamento Weberiano a análise da moral da convicção do cristão se faz presente na sociologia da religião. O ponto de partido deste estudo se dá a partir da tentativa de entender como as concepções religiosas influenciam o comportamento econômico das diferentes sociedades.

Weber buscou demonstrar que a conduta dos homens nas diversas sociedades só podem ser compreendidas dentro do quadro da concepção geral que esses homens têm da existência, sendo assim os dogmas religiosos são integrantes dessa visão de mundo, a ponto de influenciar até mesmo o comportamento econômico desse homens e sociedades. Weber afirma que não existe um capitalismo, como afirmava Marx, mas há vários capitalismos, que se expressam em diversas organizações sociais, como nos orientais, nos moradores da India,etc. Porém, somente o capitalismo, que é expresso no ocidente, desenvolveu-se de uma maneira diversificada, na qual ele encontrou, através de seus estudos características semelhantes das atitudes de uma religião específica com as práticas capitalistas.

Diante da consolidação do capitalismo (caracterizado por Weber como a  existência de empresas trabalhando para acumulação), como compreender a existência de diretrizes religiosas?

A principal hipótese para Weber é de que certa interpretação do protestantismo criou algumas das motivações que favorecem  a formação do regime capitalista. A tese de Weber é a adequação significativa do espirito do capitalismo e do espirito do protestantismo: “Ajusta-se ao espírito de um certo portestantismo a adoção de uma certa atitude em relação à atividade econômica, que é ela própria adequada ao espírito do capitalismo. Há uma afinidade espiritual entre uma certa visão do mundo determinado estilo de atividade economica.”

Principalmente nas seitas calvinista, que vêem no exito econômico uma prova da escolha de uma salvação por Deus, que no plano religioso protestante, não garante-se, pelo segmento da fé a segurança de que haverá algo gratificante por parte de uma divindade que possui a imagem de propagação do bem. O que pregava uma determinada visão protestante é a de que, devido a insegurança da salvação, e que Deus escolheria aqueles que via como justo, não havia como prever quem iria ou não. Em troca, a prática do trabalho asseguraria uma possibilidade de uma escolha pela divindade. Assim existe uma ligação da lógica teológica e calvinista e determinadas exigências da lógica capitalista.

Em seu estudo “Max Weber quis demonstrar principalmente a afinidade intelectual e existencial entre uma interpretação do protestantismo e determinada conduta econômica”. Seu estudo possibilitou uma compreensão da influencia dos valores e das crenças nas condutas humanas, e assim nas escolhas econômicas.

Dessa lógica provêm o desencantamento do mundo; uma oposição entre um mundo mágico dos primitivos e o mundo não-mágico dos modernos. Um duplo conflito entre o universo da religião e o da ciência. A religião dando respostas as questões mais profundas e essenciais dos homens e a ciência com um saber demonstrados mas incompleto. Segundo Weber, os homens só encontram resposta a tais questões através de uma decisão individual, arbitraria e incondicional. “Cada um de nós deve escolher seu Deus, ou seu demônio”.