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A «triangulação» Rumo à Sustentabilidade Nas Escolas…

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Por:   •  6/1/2013  •  7.955 Palavras (32 Páginas)  •  1.393 Visualizações

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Doutoranda: Helena Cristina Dias Carrega Aleluia

Contato: helena.aleluia@gmail.com

Trabalho realizado no âmbito do Seminário de Investigação-Ação e problemática de investigação em liderança educacional

Doutoramento em Educação, especialidade em Liderança educacional

Julho de 2012

Título: A «triangulação» rumo à sustentabilidade nas escolas…

RESUMO

Pretendemos, neste artigo, fundamentar, com a revisão da literatura, a nossa assunção de que são três as forças (daí o termo utilizado com alargamento do campo semântico – triangulação) que têm de estar em equilíbrio para navegar rumo à sustentabilidade das escolas: a liderança, a investigação-ação e a eficácia. Se as forças estiverem em equilíbrio aumenta a capacidade de resistência a qualquer força oponente externa, sendo possível manter o que deve ser o ethos das escolas: o ensino e a aprendizagem de qualidade.

Opinamos que as escolas, a educação, atravessam numa transformação tão extensa e profunda a todos os níveis motivada, sobretudo, por razões economicistas, mas também pela normal evolução da sociedade da informação e da tecnologia, que para se manterem as instituições, tal como as conhecemos hoje, é preciso que os professores adotem não só como modus operandi, mas também como modus vivendi, o serem líderes-investigadores-atores em rede e… eficazes. Tudo isto implica aplicar a reengenharia da educação.

Palavras-chave: liderança; investigação-ação; eficácia; sustentabilidade, reengenharia da educação.

1. Introdução ao tema

Neste artigo, procuraremos tecer uma rede concetual entre três forças que consideramos imprescindíveis para a sustentabilidade educacional: a liderança, a Investigação-Ação (I-A) e a eficácia. Esta rede está intimamente relacionada, na nossa opinião, com o construto de reengenharia educacional, termo oriundo da gestão que, transposto para o contexto educacional, envolve o repensar da educação e a reestruturação dos processos.

Efetivamente, para mantermos a qualidade do ethos da educação, o ensino / aprendizagem, é necessário rompermos com a atitude de professor-espetador (infelizmente, não é uma realidade retrógada) e afirmar a hegemonia do professor-ator em rede. É preciso uma nova maneira de pensar a educação, as escolas, criar novos paradigmas, acompanhando a evolução dos tempos. É esta a função da reengenharia da educação que só se concretizará se a liderança, a investigação-ação e a eficácia formarem uma triangulação (1).

Se uma dessas forças fraquejar, está em risco a organização e a sua sustentabilidade. Assumimos, pois, a indissociabilidade destas forças. Sendo assim, é insuficiente falar somente de liderança, se não falarmos de comunidades de aprendizagem, que pode envolver I-A, e sem estas não haverá, certamente, eficácia.

Ao longo do artigo, explicitaremos algumas ideias, argumentos, relativos à tese defendida, nesta breve introdução, procurando ainda, mostrar em que medida a I-A já está (ou não) no quotidiano das escolas portuguesas, uma vez que se trata de uma metodologia essencialmente utilizada em ciências sociais e da educação. Finalizaremos com uma síntese (na conclusão) em que faremos o ponto da situação em relação à nossa ideia inicial: reafirmaremos, infirmaremos, ampliaremos?

(1) O termo «triangulação» não tem origem nas ciências sociais e humanas. Advém da navegação e da topografia como um método para fixar uma posição, isto é, servindo para determinar a posição de um ponto C, através da observação de dois pontos, A e B (Cox & Hassard, 2005). Nas ciências sociais e humanas, o termo é utilizado de uma forma menos formal, como acrescentam Kelle & Erzberger (2005, p. 174): “Here the ‘calculation of the location of a place by measuring from different points’ may mean that: 1. the same social phenomenon is treated by different methods, or 2. it is used to treat different aspects of the same phenomenon or even different phenomena, the representations of which may add up to a unified picture”.

2. A liderança em contexto educativo

“A liderança não tem a ver com poder ou autoridade organizacional. Não tem a ver com fama ou fortuna. Não tem a ver com o nome da família. Não tem a ver com ser-se diretor geral, presidente, general ou primeiro-ministro. A liderança tem a ver com relacionamentos, com credibilidade e com aquilo que se faz” (Kouzes & Posner, 2009, pp. 369-370).

Mudam-se os tempos… mudam-se as políticas educativas… mudam-se os recursos educativos, muda-se a sociedade, mudam-se as direcções executivas, mas o mal-estar docente e discente acentua-se… A desmotivação é uma realidade… Assistimos a uma classe profissional dividida… A escola está a um “clique” de se desmoronar…

Algo continua a faltar nas escolas… Defendemos que a liderança (uma das forças da triangulação) é um dos aspetos que faltam e que esta, como refere Bento (2008, p. 31), “tem um papel importantíssimo no estudo e implementação da mudança em todas as organizações”. Contudo, “denota-se uma resistência à mudança por parte das organizações escolares”. Quando falamos de mudança, é uma mudança profunda, como referimos na introdução, a começar pela aplicação do construto de liderança que, infelizmente, quase sempre é, in locu, mal visto, mal interpretado e utilizado como sinónimo de gestão ou de «os que (des)mandam» e que é preciso contestar.

A liderança tem sido alvo de análises e estudos por parte de investigadores e especialistas em todas as áreas organizacionais, nomeadamente na educação, pois, como refere Chiavenato (2005), é a liderança que impulsiona a organização para o sucesso e para a eficácia. Logo, liderança e sucesso são duas palavras-chave, num sistema educativo, às quais se junta a gestão. Aliás, um dos princípios para tornar os sistemas educativos mais eficazes é, segundo Perrenoud (2003, p. 105), que as “chefias… exerçam uma liderança profissional mais do que um controlo burocrático”.

Sendo assim, desta frase, inferimos que a chefia, a direção, da escola deve ter a capacidade de liderança (profissional), o que nem sempre acontece, estando mais relacionada com o controlo burocrático e com a gestão.

Desde já está implícita a diferença entre os conceitos de liderança e gestão,

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