A ética, O Indivíduo E A Empresa
Exames: A ética, O Indivíduo E A Empresa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: eltoncaetano • 26/6/2013 • 1.088 Palavras (5 Páginas) • 470 Visualizações
A ética, o indivíduo e a empresa
- Afirmamos que são as pessoas que são éticas e, nesse sentido, as empresas
ganham o seu carácter ético através das pessoas que as compõem e
representam.
- Reconhecemos que a ética profissional é a mesma ética da vida privada. Não
existem várias éticas na actuação de cada um de nós, mas apenas uma, que não
depende de políticas, países ou momentos, mas é caminho para o fim último a que
aspiramos para a nossa Vida e para a Humanidade.
Código de Ética dos Empresários e Gestores, ACEGE - Associação Cristã de
Empresários e Gestores
Esta passagem, integrada no quarto princípio (Ética pessoal e profissional) do
referido código de ética, constitui um dos maiores desafios da ética empresarial.
De facto, as correntes de origem marxista atacam-na por considerarem-na um
oxímoro, e as correntes de libertárias de direita atacam-na por considerarem que
coloca pressões inaceitáveis sobre a empresa (e eventualmente uma pretensão
moralista despida de sentido). O primeiro parágrafo desta passagem, ainda que
não intencionalmente, não se limita a pôr em causa o conceito de ética
empresarial. Ela põe em causa o conceito de empresa ou, mais propriamente,
o conceito de organização. Já o segundo parágrafo apresenta-se bastante
menos problemático, mas como decorrência da questão precedente (o
conceito de organização) teremos também de frisar que há uma distinção a
fazer entre a ética de cada indivíduo e a ética no contexto organizacional.
Há um questionamento que deve ser realizado antes de nos debruçamos sobre a
perspectiva da ética poder aplicar-se a mais que aos indivíduos. Quantas pessoas
não se sentiram já indignadas com a forma de funcionamento da organização na
qual trabalham ou de uma organização com qual tenham entrado em contacto (por
hipótese, como consumidoras)? E quantas não se aperceberam que esse mau
funcionamento estava institucionalizado (e não era apenas resultado da má
vontade de determinada chefia ou de determinado funcionário)? Mais importante
ainda, ao mudar de local de trabalho, de organização, quantas pessoas não
adaptam o seu comportamento ao meio envolvente?
As empresas são organizações (a menos que tenha apenas um trabalhador). Isto
parece claro. Mas então, o que é uma organização? Podemos defini-la numa
primeira fase como o somatório de múltiplos recursos – humanos, financeiros,
objectos, maquinaria – que se articulam, se estruturam de uma forma peculiar
com vista a atingir um fim comum. Entre esses recursos é óbvio que o
determinante só pode ser o humano. Para que a organização tenha sentido e
legitimidade, é necessário que esse fim seja inatingível ou dificilmente
concretizável se apenas uma pessoa o tentasse atingir. De facto, uma pessoa
sozinha poderia até conseguir fabricar um carro, mas seria isso razoável? Assim,
numa segunda fase podemos definir a organização como uma soma maior que
as partes, ou seja, os múltiplos elementos que compõem a organização têm,
através da sua articulação, efeitos sinérgicos: a organização no seu todo
consegue atingir melhor o fim a que se propõe que a soma dos indivíduos que a
compõem se trabalhassem separadamente. Compreensivelmente, esta
apresentação da organização como um todo maior que as partes levanta muitas
justas preocupações a respeito da defesa do indivíduo e da sua liberdade. Mas,
precisamente, muitos códigos éticos abrem um dilema com o conceito de ética, ao
promoverem a sua juridificação (nomeadamente, a utilização dos códigos éticos
como mais um instrumento de controlo sobre os trabalhadores, ao invés de os
utilizarem como forma de controlo colectivo contra a propagação de uma cultura de
desonestidade), conflito que em boa medida pode ser considerado uma
decorrência deste conceito individualizador de ética empresarial.
Ora, se a empresa é uma organização, e se como organização é um todo maior
que as partes nos resultados da sua acção (nos fins que se propõe alcançar), a
pergunta emerge obrigatoriamente: não será a empresa também um todo maior
que as partes no decurso da acção, ou seja, não serão os actos de cada
indivíduo em contexto organizacional um misto das características do seu eu
e das influências do nós? Esta questão – nós somos só nós ou somos nós e o
nosso contexto – transcende a ética empresarial mas tem efeitos determinantes
sobre ela. Defendo que a identidade individual é um compósito de múltiplos
elementos. Por consequência, o indivíduo em contexto organizacional recebe
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