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ARTIGO - O NOME DA ROSA

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Por:   •  22/11/2013  •  2.979 Palavras (12 Páginas)  •  525 Visualizações

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UMA ANÁLISE DO FILME: “O NOME DA ROSA”

Célia Alcântara Rodrigues1

Marcivânia Conceição da Silva2

Sandra Célia da Costa Souza3

RESUMO

O estudo aborda a contextualização do Filme o Nome da Rosa, cujos acontecimentos passam-se num mosteiro beneditino localizado na Itália durante a baixa idade média, onde as vítimas aparecem sempre com os dedos e a língua roxos. O mosteiro guarda uma imensa biblioteca, onde poucos monges tem acesso às publicações sacras e profanas. Na época destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV. No filme, o monge franciscano representa o intelectual renascentista, que com uma postura humanista e racional, consegue desvendar a verdade por trás dos crimes cometidos no mosteiro.

1. INTRODUÇÃO

O Nome da Rosa, (no original “The name of the Rose”, 1986), trata-se de uma adaptação da obra literária para o cinema.

O filme trata da ação da Igreja Medieval e sua influência cultural, política, econômica e social na Europa Ocidental, assim como o predomínio intelectual dos monges da época. Aborda de forma crítica, as violências sexuais, os conflitos no seio dos movimentos heréticos do século XIV, a luta contra a mistificação, o poder e o esvaziamento dos valores pela demagogia.

Assim o estudo busca como objetivos: fazer uma leitura cuidadosa da obra cinematográfica; analisar os diferentes discursos que atravessam o filme; identificar o contexto histórico e a época em que ocorre a obra.

O referencial teórico que discorrerá o trabalho baseia-se no filme (da produtora Globo Filmes e Produções) e no livro do autor Umberto Eco, bem como, referencias bibliográficas das principais temáticas que envolve a obra, tais como: inquisição, religião, política, cultura.

Em suma, o estudo enfatizará o cristianismo da época, mostrando todas as suas crenças, cultura, religião, política de vida, respeito ao próximo e conduta moral. Mostra os representantes da Ordem Franciscana e a delegação Papal que se reúnem num mosteiro Beneditino, no norte da Itália, para uma conferência.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO DOS DICURSOS

A Baixa Idade Média (século XI ao XV) é marcada pela desintegração do feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período, transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.

Culturalmente, destaca-se o movimento renascentista que surgiu em Florença no século XIV e se propagou pela Itália e Europa, entre os séculos XV e XVI. O renascimento, enquanto movimento cultural, resgatou da antiguidade greco-romana os valores antropocêntricos e racionais, que adaptados ao período, entraram em choque com o teocentrismo e dogmatismo medievais sustentados pela Igreja.

Discussão dos elementos formadores da cultura moderna, o surgimento do pensamento moderno, no período da transição da Idade Média para a Modernidade.

O Nome da Rosa pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico, já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um novo método de investigação. E Guilherme de Bascerville, o frade franciscano detetive, é também o filósofo, que investiga, examina, interroga, duvida, questiona e, por fim, com seu método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso seja pago um alto preço.

Trata-se do ano 1327, ou seja, a Alta Idade Média. Lá se retoma o pensamento de Santo Agostinho (354-430), um dos últimos filósofos antigos e o primeiro dos medievais, que fará a mediação da filosofia grega e do pensamento do início do cristianismo com a cultura ocidental que dará origem à filosofia medieval, a partir da interpretação de Platão e o neoplatonismo do cristianismo. As teses de Agostinho nos ajudarão a entender o que se passa na biblioteca secreta do mosteiro em que se situa o filme.

2.1 Religião

Neste tratado, Santo Agostinho estabelece precisamente que os cristãos podem e devem tomar da filosofia grega pagã tudo aquilo que for importante e útil para o desenvolvimento da doutrina cristã, desde que seja compatível com a fé (Livro II, B, Cap. 41). Isto vai constituir o critério para a relação entre o cristianismo (teologia e doutrina cristã) e a filosofia e a ciência dos antigos. Por isso é que a biblioteca tem que ser secreta, porque ela inclui obras que não estão devidamente interpretadas no contexto do cristianismo medieval. O acesso à biblioteca é restrito, porque há ali um saber que é ainda estritamente pagão (especialmente os textos de Aristóteles), e que pode ameaçar a doutrina cristã. Como diz ao final Jorge de Burgos, o velho bibliotecário, acerca do texto de Aristóteles – a comédia pode fazer com que as pessoas percam o temor a Deus e, portanto, faz desmoronar todo esse mundo.

2.2 A influência dos pensamentos: filosofia e política

Entre os séculos XII e XIII temos o surgimento da escolástica, que constitui o contexto filosófico teológico das disputas que se dão na abadia em que se situa O Nome da Rosa. A escolástica significa literalmente "o saber da escola", ou seja, um saber que se estrutura em torno de teses básicas e de um método básico que é compartilhado pelos principais pensadores da época.

A influência de esse saber corresponde ao pensamento de Aristóteles, trazido pelos árabes (mulçumanos), que traduziram muitas de suas obras para o latim. Essas obras continham saberes filosóficos e científicos da Antiguidade que despertariam imediatamente interesses pelas inovações científicas decorrentes.

A consolidação política e econômica do mundo europeu fazia com que houvesse uma maior necessidade de desenvolvimento científico e tecnológico: na arquitetura e construção civil, com o crescimento das cidades e fortificações; nas técnicas empregadas nas manufaturas e atividades artesanais, que começam a se desenvolver; e na medicina e ciências correlatas.

O saber técnico-científico do mundo europeu era nesta época extremamente restrito e a contribuição dos árabes será fundamental para este desenvolvimento pelos conhecimentos

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