AS DIMENSÕES DA GLOBALIZAÇÃO GIOVANNI ALVES
Pesquisas Acadêmicas: AS DIMENSÕES DA GLOBALIZAÇÃO GIOVANNI ALVES. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Laribls • 15/10/2014 • 879 Palavras (4 Páginas) • 318 Visualizações
AS DIMENSÕES DA GLOBALIZAÇÃO
GIOVANNI ALVES
A Globalização Na Perspectiva dos
Clássicos da Sociologia
Em sua obra Teorias da Globalização, publicada
em 1995, Octávio Ianni procurou recuperar, de
certo modo, a perspectiva dos clássicos da sociologia
para tratar da globalização. Não apenas isso, é claro, pois a obra
contém impressões de outras vertentes teóricas da sociologia
moderna.
A trilogia sociológica e ensaística, de Octávio Ianni, publicadas
na década de 1990 - A Sociedade Global, Teorias da
Globalização e A Era do Globalismo - é uma provocação
interessante, pois contém um potencial heurístico capaz de capturar,
em seus múltiplos aspectos, o que ele denominou de era do
globalismo (em 2001, Ianni acabou de publicar Enigmas da
Modernidade-Mundo). Além, é claro, de procurar instaurar
uma problemática sociológica no limite do próprio estatuto
sociológico clássico, que surgiu vinculado a uma perspectiva
nacional, principalmente em Durkheim e Weber.
É do nosso intuito, a partir da leitura de Ianni, demonstrar
como algumas idéias sociológicas presentes nas obras de Max
Weber, Karl Marx e Émile Durkheim podem ser utilizadas para
uma interpretação da globalização. Cabe salientar que, nesse
caso, a idéia de globalização adquire o sentido essencial e mais
geral de desenvolvimento do capitalismo moderno, não
significando, portanto, a rigor, o que temos tratado até agora, ou
seja, globalização como mundialização do capital, isto é, uma
etapa sócio-histórica concreta do desenvolvimento do capitalismo
mundial caracterizada pela predominância do capital financeiro.
Numa perspectiva dialética, pode-se dizer que a globalização,
em seu sentido mais geral, tende a significar desenvolvimento
do capitalismo moderno, tal como tratado pelos clássicos da
sociologia; e em seu sentido mais particular, mundialização do
capital, um momento tardio desse desenvolvimento do capitalismo
moderno. Cabe salientar que a idéia de globalização como
processo civilizatório humano-genérico vincula-se às
determinações mais gerais da globalização como desenvolvimento
do capitalismo moderno.
Na seção intitulada Sociologia da Globalização, nos
utilizamos amplamente, inclusive com longas transcrições, do livro
Teorias da Globalização, de Octávio Ianni, para constituir uma
síntese do potencial heurística contido nas obras de Weber e
Marx para interpretar e compreender a globalização.
De certo modo, corremos o risco de incorporar alguns vieses
analíticos de Ianni, ou modos peculiares de apreender as obras
de Marx e principalmente de Weber. É o caso da sua peculiar
apreensão da contribuição sociológica de Max Weber, claramente
imbuída de um olhar marxista de cariz frankfurtiano. Por exemplo,
Ianni utiliza as categorias de valor de uso e valor de troca para
apresenta-las como algo que é intrínseca à própria lógica da
racionalização do mundo, tratada por Weber. O que demonstra,
portanto, que a leitura de Weber, realizada por Ianni, incorpora
um marxismo de linhagem ocidental, próximo de um Lukács de
História e Consciência de Classe. Mais do que uma mera
contaminação marxista da leitura de Weber, o que Ianni nos
apresenta é a demonstração de que existem pontos de contato
complementares na obra de Marx e Weber, com Marx servindo,
de certo modo, para interpretar Weber.
Por outro lado, o ensaio sobre Durkheim que apresentamos,
é independente dos demais (os que tratam de Weber e o de Marx),
apesar de prosseguir a mesma problemática: a globalização na
perspectiva dos clássicos da sociologia.
É curioso que em sua reflexões sociológicas sobre a
globalização, utilizando os clássicos da sociologia, Ianni não tenha
desenvolvido, com maior amplitude, a contribuição durkheiminiana.
Na verdade, a presença de Durkheim numa diagnóstico da
globalização apresentada por Ianni é bastante tímida. Através
do ensaio que apresentamos, procuramos mostrar que Durkheim
é mais atual que possamos imaginar.
Os ensaios sobre Marx e Weber, que ora apresentamos, são
anotações de um curso de extensão universitária intitulado O Que
é Globalização, ministrado na UNESP/Campus
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