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ATIVIDADE ECONÔMICA

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Por:   •  10/12/2014  •  Projeto de pesquisa  •  5.334 Palavras (22 Páginas)  •  109 Visualizações

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1 ATIVIDADE ECONÔMICA

SUMÁRIO

O nível de atividade da economia brasileira tem sido caracterizado por uma trajetória bastante volátil no decorrer dos últimos trimestres. Na série dessazonalizada, o produto interno bruto (PIB) teve variação zero no primeiro trimestre, cresceu 1,8% no segundo, caiu 0,5% no terceiro e voltou a crescer no quarto, à taxa de 0,7%. Um dos determinantes desta dinâmica foi a evolução da formação bruta de capital fixo (FBCF), que cresceu rapidamente nos dois primeiros trimestres, caiu no terceiro e ficou virtualmente estável no quarto. Um segundo determinante foi o consumo das famílias, que teve fraco desempenho nos dois primeiros trimestres (inclusive com queda de 0,1% no primeiro trimestre), mas recuperou-se no terceiro e no quarto, ajudando a sustentar a atividade no momento em que os investimentos perdiam fôlego. O consumo do governo também caiu no primeiro trimestre, mas retomou uma trajetória de expansão moderada do segundo em diante.

Ao fim das contas, o crescimento do PIB no ano fechou em 2,3% e o carregamento estatístico (carry-over) para 2014 ficou em 0,7%. Em relação ao que havia ocorrido em 2012, a expansão dos investimentos ajudou a compensar a desaceleração do consumo das famílias e do governo. A FBCF encerrou 2013 acumulando um crescimento de 6,3%, tendo sido responsável por 50% da expansão do PIB no período. O consumo das famílias teve alta de 2,3%, o menor crescimento em dez anos. De acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), a perda de ímpeto do consumo também pode ser notada no comportamento do comércio varejista, que reduziu sua taxa de expansão de 8,0% em 2012 para 3,6% em 2013. O consumo do governo também perdeu força ao longo do ano passado, registrando crescimento anual de 1,9%, o mais baixo dos últimos dez anos (e igual ao registrado em 2011).

Do lado da oferta, o grande destaque no ano foi o setor agropecuário, com alta de 7,0%, o maior em toda a série histórica, iniciada em 1996. O setor de serviços, por sua vez, obteve o segundo melhor resultado em 2013, registrando crescimento de 2,0%, e o setor industrial apresentou expansão de 1,3%, recuperando-se da queda de 0,8% exibida no ano anterior. Entretanto, a análise da Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física (PIM-PF) revela um crescimento anual baixo (1,2%) e fortemente concentrado em bens de capital, que registrou alta de 13,3%. Enquanto isso, a produção de intermediários, que possui o maior peso entre as categorias de uso, permaneceu estagnada. Na prática, o desempenho da indústria também apresenta grande volatilidade e sem tendência clara de crescimento, com o nível de produção atual ainda um pouco abaixo daquele alcançado às vésperas da crise internacional, em 2008. Os últimos dados confirmam esse comportamento. Em janeiro, a indústria cresceu 2,9% ante dezembro, recuperando-se parcialmente da queda de 3,9% sofrida no último mês do ano. Em fevereiro, o Indicador Ipea aponta crescimento bem mais modesto, de apenas 0,4%, mantendo a produção ainda abaixo da média do ano de 2013.

O forte crescimento exibido pela FBCF em 2013 não foi suficiente para provocar uma melhora substantiva na taxa de investimentos a preços correntes, que ficou apenas 0,2 ponto percentual (p.p.) acima do resultado do ano anterior, passando de 18,2% para 18,4%. Vale destacar que parte da explicação para isto se encontra na dinâmica dos seus preços relativos. Enquanto o deflator implícito do PIB acumulou um crescimento médio de 7,7% em 2013, o deflator da FBCF registrou alta de 4,8%, o que significa que, se medida a preços constantes, o aumento da taxa de investimento foi mais significativo no ano. Isso implicou um aumento da dependência da economia em relação à poupança externa – leia-se, maior deficit em transações correntes – visto que a taxa de poupança recuou de 14,6% em 2012 para 13,9% em 2013.Outra forma de ver esta questão é verificando que a absorção doméstica (composta pelo consumo total e pela FBC) cresceu mais rapidamente do que o PIB em 2013 (3,1%), retomando uma tendência que tem sido dominante na economia brasileira há cerca de uma década. Este cenário aponta para a manutenção de um descompasso entre as atividades manufatureiras e aquelas ligadas ao comércio varejista. Reforçando esta visão, o comportamento dos indicadores de consumo aparente da indústria continua sinalizando que uma parte considerável da demanda por bens tem sido atendida via aumento do vazamento.

Dentro desse contexto, as perspectivas para o ano de 2014 ainda apresentam um nível elevado de incerteza, associada não só ao caráter volátil apresentado pela atividade econômica ao longo do último ano, como também à presença de uma série de fatores que podem restringir o crescimento da economia nos próximos trimestres, tanto do lado da demanda quanto da oferta. Em relação à demanda por bens e serviços, embora o mercado de trabalho continue apresentando bons fundamentos, a trajetória de desaceleração dos rendimentos e dos níveis de ocupação sugere um desempenho mais modesto este ano. Além de um reajuste menor do salário mínimo (SM) em 2014, alguns dos incentivos setoriais concedidos pelo governo para incrementar o consumo vêm sendo reduzidos. O atual ciclo de aperto da política monetária tem provocado uma piora nas condições de financiamento, tendendo a inibir a demanda por bens duráveis. Finalmente, os níveis de confiança dos agentes econômicos (famílias e empresários) permanecem em trajetória de queda, em alguns casos atingindo os menores níveis em muitos anos.

Já a produção continua enfrentando restrições pelo lado da oferta, que impactam negativamente a sua competitividade, como o aumento do custo unitário do trabalho e as conhecidas deficiências de infraestrutura. Além disso, alguns dos fatores que impulsionaram a produção de bens de capital no ano passado não estarão presentes em 2014, como o excepcional desempenho da agroindústria em 2013 e os estímulos do governo para a aquisição de máquinas e equipamentos. A expansão dos investimentos – notadamente os públicos e os privados ligados aos programas de infraestrutura do governo federal, inclusive o Minha Casa Minha Vida (MCMV) – será de vital importância, tendo em vista que este ano, mais uma vez, a dinâmica do PIB estará diretamente ligada ao comportamento da FBCF. Isso porque o ritmo de crescimento do consumo das famílias está convergindo para taxas da ordem de 2% a 2,5%, o consumo do governo encontra limitações de categoria fiscal para crescer mais rapidamente, e a situação da economia mundial ainda não permite grande otimismo quanto a um desempenho mais robusto das exportações, a despeito da desvalorização cambial.

2 MERCADO

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