Aprendizagem Na Fronteira
Exames: Aprendizagem Na Fronteira. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Elisvasc • 30/4/2014 • 2.139 Palavras (9 Páginas) • 174 Visualizações
Resenha -
‘Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo’
Analisando o livro ‘Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo’, constata-se que o autor classifica as teorias sobre currículo escolar em tradicionais, críticas e pós-críticas. Enfocando, principalmente, as duas últimas, registrando as conexões existentes entre saber, identidade e poder.
A questão fundamental é o que cada currículo pretende. Que tipo de cidadão ele pretende formar, sendo, portanto, uma questão de identidade. Para Tomaz Tadeu, o currículo vai além de uma seleção de conhecimento, envolvendo uma questão de poder. Torna-se, assim, um documento de identidade. O currículo não deve se limitar mais a perguntar ‘o quê?’, mas sim ‘por quê?’.
O marco inicial de estudos sobre o Currículo escolar, segundo o autor, foi a obra de Bobbit. Sua proposta era de que a escola funcionasse com eficiência, como uma empresa, baseando-se na administração científica de Taylor. Esse, segundo Tomaz Tadeu, é o currículo tradicional. A questão fundamental era quais resultados o sistema educacional pretendia obter e se eles foram realmente alcançados. Essa visão tecnicista, foi consolidada por Tyler, em livro publicado em 1949.
Surgem, então, as teorias críticas centrando-se na questão do que o currículo faz e não na questão de como fazer o currículo. Criticavam principalmente o não questionamento dos currículos tradicionais aos arranjos educacionais existentes. São citados autores como Althusser, Bowles e Gintis, Bourdieu e Passeron, que modificaram substancialmente a teoria curricular, a partir da década de 1960.
Para Althusser a escola atua ideologicamente através de seu currículo, ensinando a classe subordinada a ser submissa e obediente, e a classe dominante a controlar e comandar. Por essa análise marxista, o currículo reproduz a estrutura social capitalista. Já Bordieu e Passeron defendem uma escola e um currículo que não estejam somente centrados na cultura dominante, ou seja, que a cultura das classes dominadas tenha o seu devido espaço. Para Apple, o currículo não é um corpo neutro, inocente e desinteressado de conhecimentos. Ele é, isto sim, uma questão de poder. Henry Giroux defende que o currículo é um local onde se produzem e se criam significados sociais, estando em jogo uma política cultural. Ou seja, o currículo tradicional, ao valorizar a cultura dominante e desprezar as outras culturas, contribui para a reprodução das desigualdades e injustiças sociais. O mesmo autor argumenta que a escola e o currículo devem ser espaços onde os estudantes tenham a oportunidade de exercer as habilidades democráticas da discussão e da participação, de questionamentos dos pressupostos do senso comum. Ao almejar essa formação da cidadania, demonstra, ao meu ver, é o primeiro autor a demonstrar um certo otimismo, sendo o defensor de uma pedagogia das ‘possibilidades’. Paulo Freire, embora não tendo desenvolvido uma teorização específica do currículo, acabou influenciando muitos autores, ao ser precursor de uma perspectiva pós-colonialista, salientando a importância da participação das pessoas envolvidas no ato pedagógico na construção de sés próprios significados, de sua própria cultura. A crítica do currículo existente está sintetizada no conceito de ‘educação bancária’. Freire não se limita a querer saber ‘como são’ a educação e a pedagogia, mas sim ‘como elas devem ser’.
Na Inglaterra surge a Nova Sociologia da Educação (NSE). Para ela não é importante saber qual conhecimento é verdadeiro ou falso, mas saber o que conta como conhecimento e se seu programa está centrado na crítica sociológica e histórica dos currículos existentes. Buscava construir um currículo que refletisse as tradições culturais e epistemológicas dos grupos subordinados e não apenas dos grupos dominantes. Nesse sentido, merece uma especial relevância o trabalho de Basil Berstein. Esse Autor defende que o conhecimento educacional formal seja realizado através de três mensagens: o currículo define o que conta como conhecimento válido; a pedagogia define o que conta como transmissão válida do conhecimento e a avaliação define o que conta como realização válida desse conhecimento por parte de quem é ensinado. Quanto à estrutura, Berstein dividia o currículo em dois tipos: o currículo tipo coleção, onde as áreas e campos de conhecimento são mantidos fortemente separados e o currículo integrado, onde as diferentes áreas de conhecimento são muito menos nítidas e marcadas.
Relevante, também. é a questão que se relaciona ao currículo oculto. Este é constituído por todos aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazerem parte do currículo oficial, contribuem de forma implícita para aprendizagens sociais relevantes. Nele se ensina, em geral, o conformismo, a obediência, o individualismo, onde a classe operária aprende as atitudes próprias ao seu papel de subordinação, enquanto as classes sociais dominantes aprendem os traços sociais apropriados ao seu papel de dominação.
Surgem , então as teorias pós-críticas, defendendo que o currículo é função também de outras dinâmicas. Como as de gênero, raça e sexualidade.
Uma dessas teorias, o multiculturalismo, surge como um movimento de reivindicação dos grupos culturais dominados para terem suas formas culturais reconhecidas e representadas nas culturas nacionais. Não quer a igualdade de acesso ao currículo hegemônico como objetivo, e sim, a modificação desse currículo. As teorias críticas se concentraram inicialmente em questões de acesso à educação e ao currículo dos grupos étnicos e raciais minoritários. Já as teorias pós-críticas atacam o próprio currículo como algo racialmente enviesado.
Quanto às questões de gênero, a pedagogia feminista aponta que há uma profunda desigualdade dividindo homens e mulheres na educação, com os homens ficando com a maioria dos recursos da sociedade. Ou seja, a sociedade está feita de acordo com as características do gênero dominante até então, isto é, o masculino.
Quanto à questão racial, as teorias pós-críticas apontam que o currículo, através de mitos, datas históricas, etc., confirma o privilégio das identidades dominantes, tratando as identidades dominadas como exóticas ou folclóricas tendo, portanto, um forte conteúdo racial. Segundo Tomaz Tadeu, a questão da raça não é apenas um tema transversal, ela é uma questão central no que se refere ao conhecimento, poder e identidade.
Já a teoria ‘Queer’ procura causar estranheza no que é aparentemente ‘normal’. Busca assim que a questão da sexualidade
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